Cap 3 🦂

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O início do ano letivo ocorreu exatamente como eu esperava. Zulema me ignorava sempre que estávamos na mesma aula ou na cantina. Ela estava sempre cercada por garotas por onde quer que fosse, e de cara tornou-se popular sem mal precisar dizer uma palavra. Provavelmente, a coisa menos surpreendente foi a reação cobiçosa de Helena em relação a ela.

— Você acha que tenho chances?

— De quê?

— De pegar a Zulema.

— Não me envolva nessa, por favor.

— Por que não? Eu sei que você não se dá bem com ela, mas é a única pessoa que pode me ajudar com isso.

— Ela me odeia. Como vou poder te ajudar? — Você poderia me convidar para ir à sua casa, armar um jeito de ficarmos todas no mesmo cômodo e, depois, nos deixar a sós.

— Não sei. Você não entende como ela é.

— Olha, eu sei que vocês duas não se dão bem, mas vai mesmo te incomodar tanto se eu tentar algo com ela? Talvez eu até ajude a melhorar o relacionamento entre vocês, se acabar namorando ela.

— Não acho que Zulema seja do tipo que namora rs.

— Não… ela é do tipo que fode, e por mim, tudo bem também. Posso aceitar isso.

Meu coração acelerou, e me odiei por isso. Toda vez que Helena tocava nesse assunto, eu ficava cheia de ciúmes. Era uma luta secreta que eu estava constantemente travando. Eu nunca poderia admitir isso para ninguém. Mas não estava claro para mim qual parte me incomodava mais. Era a ideia da minha amiga transar com Zulema, poder tocá-la e viver a minha fantasia mais sombria? Isso me incomodava, claro, mas acho que o que mais me chateava era a ideia de Zulema se conectar em um nível mais profundo com outra pessoa, enquanto continuava a aparentemente me desprezar. Eu odiava me importar tanto assim.

— Você é louca. Podemos mudar de assunto, por favor?

— Ok. Fiquei sabendo que o Fábio quer te chamar para sair. Bati a porta do armário diante da notícia.

— Ficou sabendo como?

— Ele falou com o meu irmão sobre isso. Ele quer te chamar para ir ao cinema.
Fabio era um dos caras certinhos e populares. Eu não entendia por que se interessaria por mim, já que ele costumava sair somente com garotas de seu próprio círculo. Eu não pertencia ao grupo dele, nem a grupo nenhum, na verdade. Em um deles, estavam pessoas como Fabio, do lado rico da cidade. Em outro, estavam as pessoas artísticas e teatrais. Em outro, havia os estudantes de intercâmbio. E em outro, havia aqueles que só eram populares porque eram bonitos, intrigantes ou rebeldes como Zulema.

Helena e eu éramos nosso próprio grupo. Nos dávamos bem com todo mundo, tirávamos boas notas e evitávamos encrencas. Contudo, diferente da minha melhor amiga, eu era virgem. Eu só tive um namorado na vida, que acabou terminando comigo porque não deixei que ele fizesse nada além de tocar meus seios.

O fato de que eu ainda era virgem se espalhou por aí e certas pessoas pela escola faziam piadas sobre isso pelas minhas costas. Mesmo que eu ainda visse meu ex pelos corredores vez ou outra, sempre tentava evitá-lo. Helena fez uma bola com o chiclete e a estourou.

— Então, se ele te chamar para sair, a gente devia chamar a Zulema também. Ela poderia ir comigo, e você, com o Fabio. Poderíamos ir assistir a um filme de terror todos juntos. O que acha?. Helena sugeriu dando pulos de alegria.

— Não, obrigada. Morar com Zulema já é todo o terror de que preciso. Minhas palavras voltaram para me assombrar na manhã seguinte. Estava me vestindo para ir para a escola, e quando abri minha gaveta de calcinhas, estava vazia. Vesti uma calça de yoga sem calcinha mesmo e marchei até o quarto de Zulema, que estava vestindo uma camisa.

Minha Meia-irmã Zulema Zahir 🦂Onde histórias criam vida. Descubra agora