Cap 18 🦂

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O dia estava lindo, apesar do humor sombrio. Os pássaros estavam cantando, o sol estava brilhando, e eu até tinha conseguido dormir.

Mas aquela não era uma bela manhã de primavera comum em Madrid. Minha mãe teria que enterrar um marido pela segunda vez na vida, e Zulema teria que enterrar seu pai.

Eu não tinha percebido quanta ansiedade a presença de Laura tinha me causado até ela me dizer que ia embora na noite passada.

Mesmo que eu tivesse que enfrentar Zulema novamente, não ia ser mais tão horrível quanto o dia anterior.

Quando chegamos a igreja, minha mãe se sentou segurando uma foto de Zaid e ela no dia de seu casamento. Ela havia usado um terninho branco simples para a cerimônia. Eles pareciam estar muito felizes juntos naquele tempo.

— Ele tinha muitos demônios, mas me amava — ela disse. — Essa era provavelmente a única coisa sobre a qual eu tinha certeza em relação a ele.

Passei um braço em volta dela e peguei o porta retrato de sua mão.

— Eu me lembro desse dia como se tivesse sido ontem. — Esse casamento... foi como um novo começo para ele, mas ele nunca conseguiu resolver seu passado nem superar a raiva que tinha por isso. Ele nunca se abriu comigo sobre esse assunto, e eu nunca insisti. Soa familiar. — Acho que eu não queria realmente saber de tudo — ela continuou. — Depois da dor de perder o seu pai, eu só queria algo fácil. Foi um pouco egoísta da minha parte. — Ela começou a chorar. — Ultimamente, eu vinha tentando arrancar as coisas dele, e isso causou muita tensão. Me sentia envergonhada por nunca ter me envolvido na situação entre ele e Zulema. Eu estava vivendo em uma bolha.

— Bem, nenhum deles facilitava para que descobríssemos como ajudar. Ela enxugou os rosto e olhou para mim. — Sinto muito você ter passado por aquilo.

— Eu? Pelo quê?

— Ver Zulema com ela... com Laura.

— Como assim?

— Eu sei, Maca.

— O que você acha que sabe?

— Eu sei o que aconteceu entre você e ela na noite antes dela voltar ao Brasil. Coloquei a foto que eu estava segurando sobre a cama para evitar que acidentalmente se estilhaçasse no chão por causa do meu choque.

— O quê?

— Acordei cedo naquele dia. Zulema não percebeu que eu a vi saindo do seu quarto para voltar para o dela. Depois, naquele  final de semana, quando voltei para casa, fui ver como você estava, mas você tinha ido estudar na casa da Helena. Encontrei uma embalagem de camisinha no seu quarto, e havia um pouco de sangue nos seus lençóis. Você ficou tão deprimida na semana após a partida dela. Eu queria te contar que eu sabia. Queria te dar apoio, mas não queria te constranger ou arranjar problemas com Zaid. Ele teria enlouquecido. Fiquei dizendo a mim mesma que você tinha dezoito anos, e que se quisesse que eu soubesse, teria me contado.

— Nossa. Não acredito que você sabia esse tempo todo. Falei dando graças a Deus por ela ainda acreditar que eu realmente estava na casa de Helena durante o final de semana. 

— Foi com ela a sua primeira vez?

— Sim. Ela segurou minha mão.

— Me desculpe por não te dar suporte naquele tempo.

— Tudo bem. Como você disse, foi melhor você ter sido discreta.

— Foi... somente sexo... ou significou algo a mais?.

— Para mim, significou muito mais, mãe. Acho que ela se sentiu da mesma forma, na época. Mas isso não importa mais agora. — Ela parece estar namorando sério com aquela garota.

Minha Meia-irmã Zulema Zahir 🦂Onde histórias criam vida. Descubra agora