Eu não devia ter ligado, mas uma vez que fiz, não dava para desligar.
— Oi.
Ouvir a voz dela… Porra, é como respirar depois de me afogar. São dois meses distantes, dois meses em que a gente se afastou.
— Desculpe de novo, Flor. Tentei ser cuidadoso, eu nem imaginava que as pessoas sabiam do meu paradeiro.
— Tudo bem. Não era um segredo. Nós viajamos juntos, eu fui até você… Era questão de tempo até alguém ligar as coisas.
— Minha mãe está preocupada. Ela acha que assumir o namoro agora fez o foco ficar na gente.
— Não, diz para ela que está tudo bem. Ela não precisa se preocupar.
— Vou dizer, obrigado.
— Bernardo te contou sobre o sequestro?
— Sim.
— Esse é um dos motivos que eu não quero falar sobre isso. Não quero correr riscos.
— Eu concordo. Conversei com ele e ele me garantiu que estamos bem e sem riscos, mas eu também acho que devemos deixar esse assunto morrer.
— Obrigada, Erik.
Ela diz e o tom de alívio em sua voz, me faz querer ir até ela. Eu ainda não estou fazendo longas viagens, mas meu jatinho me levaria até ela facilmente. Depois de dois meses, eu precisei dar o braço a torcer de que nós dois nos precipitamos e que eu não devia ter forçado uma conversa.
— Erik?
— Aqui. Desculpe.
— Você… você está bem?
A preocupação dela me deixa um pouco culpado, se fosse o contrário… Se ela tivesse quase morrido e a gente se afastasse, eu estaria louco. Eu sei que ela pediu para não trocarmos mensagens, mas eu também sei que Flora se preocupa comigo e que ela deve ter tido alguns momentos de angústia por não saber como eu estava.
— Eu estou. Ainda não estou podendo dirigir, mas fora isso, saudável.
— E o trabalho?
— Voltei semana passada.
— Que bom, Erik! Eu fico feliz.
— E você, Flor? Como você está?
Eu devia morder a língua por ainda usar esse apelido. Ela solta um suspiro e isso faz meu coração doer. Eu queria tanto que fosse diferente, que nossas escolhas tivessem sido outras.
— Bem… A pousada está indo bem, a obra está andando e Alane topou ser responsável pela bomboniere da sala de cinema.
Eu sei sobre isso porque Flora estava com Alane no dia que Bernardo foi buscar meu Porsche, eu ainda não sei se foi proposital ou uma coincidência, mas algo me diz que foi a primeira opção.
— Isso é bom.
— Vamos abrir em janeiro para aproveitar as férias escolares.
Eu queria dizer a ela que pesquisei algumas redes de cinema que têm salas em cidades pequenas e que isso possibilitaria a transmissão de filmes novos. Flora poderia transformar a Lago Encantado em um hotel fazenda ou até o resort. Nós poderíamos ser felizes lá.
— Fico feliz.
Ela agradece e eu não digo mais nada, mas também não quero me despedir. Uma parte egoísta de mim quer que ela pergunte sobre Morgana.
— Eu preciso dormir. - Ela diz.
— Certo, boa noite. Escuta, de verdade… Se essa história tomar proporções que você não consiga lidar, apenas fale comigo.
— Tudo bem, Erik. Pode deixar. Obrigada.
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O Lago Encantado
Любовные романыATENÇÃO: ESSA OBRA É +18 🔞 E CONTÉM TEMAS SENSÍVEIS (VIOLÊNCIA E SEQUESTRO) QUE PODEM DESPERTAR GATILHOS. OS CAPÍTULOS SERÃO SINALIZADOS. CUIDE SEMPRE DE SUA SAÚDE MENTAL Ana Flora Albuquerque, agora apenas Ana, deixou sua vida para trás e chegou n...