Primeiro Jogo do Ano

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— Xeque-mate.

Enid olha para cima e vê os olhos azuis de Louis brilhando, seus lábios franzidos em seu sorriso típico que nunca é largo e nunca mostra os dentes. Ele sempre a lembrou de um pássaro noturno, quieto e vigilante. Ela sorri de volta.

— Bem, parabéns. — Ela derruba seu próprio rei. — Pelo menos eu aguentei mais de meia hora dessa vez.

— Você está melhorando, — ele diz, colocando cuidadosamente as peças brancas dentro de uma bolsa de veludo azul. — Você era desastre quando me pediu para te ensinar a jogar.

Ela começa a jogar as peças pretas na bolsa verde. — Eu deveria ter praticado no verão. Nesse ritmo, vamos nos formar antes que eu ganhe um jogo contra você.

— Não acho que você possa me vencer —, ele diz, colocando tudo na caixa com gestos metódicos. Enid balança a cabeça, sem se ofender. Louis raramente é convencido, apenas sincero. — Eu acredito que você pode melhorar o suficiente para se tornar um desafio.

Ela sorri para ele, movendo-se ao redor da mesa de piquenique para ajudá-lo a se levantar. O garoto manca e Enid ainda não sabe a história por trás disso. Eles não conversam muito.

— Mesmo horário na semana que vem? —, ele pergunta, ajeitando seus óculos antigos, a caixa de xadrez bem encaixada debaixo do braço.

— Mesmo lugar. — Ela aperta o cotovelo dele. — Tchau, Louis. Obrigada.

Enid começa a atravessar o parquinho em direção ao prédio da escola, mas é interceptada no meio do caminho.

— Você se sente tão ameaçado por mim que agora está passando tempo com os oprimidos?

Enid pula, apertando o coração. Sem surpresa, Wednesday está rindo dela.

— Que diabos, Addams?! — Ela cola as duas mãos na alça da bolsa para não empurrar a outra garota. Ela não quer tocá-la. — Você está me seguindo? Não posso passar um dia tranquilo nesta escola sem ter que te ver?

— Eu me faço a mesma pergunta todos os dias. — ela confidencia, seu tom seco demais para Enid entender como algo além de uma provocação. — Não esperava ver você tentando comprar os votos das pessoas, Sinclair. Estou lisonjeada.

— Não preciso comprar votos das pessoas. — Ela vasculha o conteúdo da bolsa e tira um panfleto de sua campanha. — Aqui, eduque-se.

— Eu já li isso. Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda, certo? — Enid tosse com isso, envergonhada, mas Wednesday apenas anda ao lado dela, concentrada no panfleto. — É uma pena que você seja uma pessoa tão desprezível, fica difícil acreditar que você tem 'os interesses dos alunos no coração'.

Enid revira os olhos. — Você não me conhece nem um pouco...

— Nem eu quero. — Wednesday interrompe.

—...e para responder à sua pergunta inicial — Enid continua, olhando para ela, — Louis tem me ensinado a jogar xadrez desde o ano passado. Em quem ele vota não importa para mim.

— Por que você quer aprender a jogar xadrez?

— Por quê você se importa?

— Eu não. — Wednesday responde, rápido demais. Enid a encara, uma sobrancelha arqueada. — Eu só estava curiosa. Meu pai me ensinou a jogar quando eu era criança.

— Que história de infância edificante. — Enid zomba, arrancando o panfleto de suas mãos para não desperdiçar recursos. — Você consegue rastejar de volta para o inferno hipster de onde você saiu? Tenho coisas para fazer, pessoas para ver.

Girl's WickedOnde histórias criam vida. Descubra agora