Three Consciounesses

Sentimento estranho

Okay, tudo que aconteceu aqui nesse refeitório foi novo pra mim, não to acostumada a ter tanta atenção assim e muito menos as pessoas agindo como se eu já fizesse parte da vida delas. Não vou repudiar a Audrey é claro mas vou manter meus olhos abertos, até porque não nasci ontem.

Terminamos de lanchar e voltamos para nossas aulas e descubro que todas as minhas aulas da grade de horário desse semestre eu terei junto do Ethan e agradeço mentalmente por isso, pois está sendo muito mais fácil com ele ao meu lado.

E não, não to afim dele, ele é lindo e tudo mais, porém não sei por que é mais um carinho fraterno e sinto que posso esperar o mesmo dele. Mesmo que eu tenha consciência que só conheço ele a um único dia, é estranho e vai por mim, não sou nada emocionada, porém algo me diz que posso confiar nele.

Diferente daqueles três, eles são lindos, parecem três divindades do Egito, ainda mais com aqueles sorrisos de molhar qualquer calcinha, mas sou brasileira amor, não vou me derreter por qualquer palavrinha meia boca e muito menos me distrair do que preciso fazer. 

Decido que vou me dar essa semana para me acostumar com o fuso e também com o ritmo das aulas, semana que vem vou começar a procurar por um emprego meio período.

Finalmente a ultima aula, olho pro lado e vejo o Ethan meio tenso.

_O que foi? - digo tentando não ser muito inconveniente, mas pra minhas paz interior ele sorri.

_Sabe você é muito observadora senhorita Oliveira, isso é bom! - Ethan diz sorrindo. - Tem coisas que estão fora do meu controle e indo depressa demais. Enfim. - deu de ombros.

_Se não quiser me falar não precisa Ethan, serio eu não vou ficar chateada.

_Não se preocupe ta tudo bem, mas já que a aula acabou quero te apresentar uma pessoa.

Olho pra ele desconfiada e estreito os olhos, ele entende e levanta as mãos em sinal de rendição.

_Calma, é o meu tio! Ele veio me buscar hoje na faculdade, e foi ele quem me criou por que meu pai faleceu e eu nunca conheci a minha mãe. E não, isso não é nada demais, eu só quero te apresentar por que sei lá, não pense coisas estranhas, mas eu quero mesmo ser seu amigo.

_Ethan, não sei e se ele pensar algo errado sobre nós, até por que nos conhecemos hoje.

_Acredite ele não vai pensar, eu não sou assim e nem ele é, só confia em mim. E pra te deixar mais confortável, vamos buscar a Audrey no pátio e chamamos ela pra ir com a gente, o que acha? Ele já está me aguardando no estacionamento.

_Tudo bem, se é assim eu aceito conhecer seu tio. - respondo sorrindo.

Organizamos nossa coisas, pegamos nossas mochilas e fomos em direção ao pátio aguardar Audrey, assim que ela chega eu observo o sorriso do Ethan se abrir mais, e vejo Audrey corar um pouco e desviar o olhar enquanto vem em nossa direção e sinceramente "não sei não em", dou uma risadinha mas guardo esse pensamento pra mim.

_Vem vou apresentar meu tio, para vocês. - Ethan diz já seguindo o caminho pro estacionamento.

_O que? Por que? - Audrey indaga com os olhos meio arregalados.

_Bom, ele disse que é a pessoa que criou ele, me chamou pra ir e depois falou para levarmos você também. - Respondo sincera.

_Mas acabamos de conhece-lo. - Audrey reflete.

_Sim, mas não é assim que amizades funcionam? Temos que conhecer os parentes. - Lembro-a de suas palavras no refeitório e ela sorri lindamente enquanto passa o braço no meu e acompanhamos Ethan.

A verdade é que eu poderia ter usado o questionamento de Audrey para fugir de conhecer o tal tio do Ethan, mas eu não quis faze-lo, tenho que me livrar das amarras do passado e  me lembrar que nem todo mundo é igual aquele demônio.

_Esse é meu tio meninas. - Ethan diz me tirando dos meus devaneios, aos quais eu estava tão imersa que nem percebi que já havíamos chegado ao estacionamento.

Vejo um homem alto, com tatuagens no antebraço, da cor de pele igual ao do Ethan, cabelo baixo ondulado, que deve ter entre os seus trinta e cinco a quarenta anos, e ele estende a mão em minha direção.

_Essa é Aurora pai, minha colega de turma. - O homem me inspeciona dos pés a cabeça, mas não noto malicia em seu olhar, enquanto o Ethan completa. - Ela é pequena não é?

_EI ! - Exclamo um pouco mais alto e finjo ir soca-lo enquanto todos nós sorrimos.

_Baixa, mas pelo jeito não leva desaforo pra casa. - O tio do Ethan fala e eu sorrio para ele.

_E essa garota linda aqui é Audrey, ela é nossa amiga pai - Ethan fala, enquanto seu tio estende a mão para Audrey que cora com a fala do Ethan, e eu olho para ele meio em duvida já que ouvi ele chamar o tio dele de pai duas vezes.

_Ele me criou Aurora, por isso eu chamo ele de pai. Ele me acolheu eu tinha só oito anos que foi quando meu pai veio a falecer. - Ethan fala me fazendo arquear uma sobrancelha como se perguntasse como ele sabe que eu estava pensando isso.

_O que? Não é só você que é observadora. - Deu uma piscadela para mim e se virou para o tio dele.

_Esse é Jackson Saragov, meu tio e pai para todos os efeitos. - Vejo ele olhar para Ethan todo orgulhoso e sorrio por que é a mesma forma que minha mãe me olha. Porém confesso que esse nome não me é estranho eu já ouvi só não sei onde.

_Prazer em conhece-las meninas, meu Ethan deve ter gostado mesmo de vocês, já que ele não é a pessoa mais sociável. - Ele coloca a mão na lateral da boca e se inclina um pouco como se fosse nos contar um segredo. - Ele não gosta de quase ninguém . - completa e pisca pra gente.

_Meu Deus pai! - Ethan olha para Jackson e fica vermelho enquanto Jackson da de ombros.

Audrey e eu nos entreolhamos, e começamos a gargalhar.

Foi nesse clima de descontração que nos despedimos, Ethan entrou no carro com Jackson e foi embora enquanto Audrey e eu nos direcionamos para nosso quarto.

Assim que chego vou tomar banho, quando saio é a vez da Audrey, hoje ela está menos falando e agradeço por isso, pego um livro e começo a ler quando noto ela sair do banheiro vestir uma roupa fresca e se deitar. Não demora muito e pego no sono também, até por que preciso mesmo descansar para regular meu sono.

Sorrio constatando que estou feliz com tudo que ocorreu hoje e como consegui me portar, finalmente eu posso me permitir relaxar um pouco sem medo real de que algo me aconteça.