Ethan Saragov

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_Não, já disse ela não vai trabalhar lá! - Já faz uns dez minutos que meu tio diz a mesma coisas e não quer me deixar falar meus argumentos.

_Pai, me ouve que o senhor vai entender! - quando ele abre a boca para dizer que não novamente eu o corto apertando minhas têmporas com as duas mãos e olhando em volta para me acalmar. Me lembro que estou no escritório que fica na casa dele, e aqui é bem aconchegante, tem uma lareira de frente para a mesa de mogno, um globo terrestre em cima da mesa, estantes embutidas cheias de livros e um carpete indiano com cores quentes.

Respiro fundo e olho para meu tio novamente encarando aqueles olhos pretos.

_O senhor quer se aproximar dela e essa é a oportunidade perfeita, lá tem um escritório no segundo andar perfeito para o senhor, e ela precisa de um trabalho, é melhor ela ficar perto da gente, se acostumar com a gente do que se enfiar em lugares duvidosos por ai.

_Ethan, eu não gostaria de vê-la trabalhar atrás de um balcão. - Ele suspira cansado enquanto escora na poltrona de couro e fita o teto.

_Acredite pai eu entendo - e agora sou em quem suspiro e me sento em uma das duas poltronas em frente a mesa -  Mas veja só, assim estaremos a protegendo e fazendo ela começar a se acostumar conosco, por que olha só a Aurora é desconfiada, se eu oferecer um trabalho para ela em um cargo ao qual ela ainda não está acostumada ela vai achar que nós estamos querendo "algo a mais" dela e vai se afastar de vez.

_Entendo, realmente já notei que ela é observadora e não aceita nada tão facilmente. - Meu tio fala pela primeira vez entendendo meu ponto.

_Pelo que eu entendi dela, ela esta acostumada a batalhar muito, e por mais que o senhor queira ver ela em um patamar alto esse não é o momento. E se tudo der certo ela vai se afeiçoar a nós e aceitará a verdade de forma mais fácil. - pelo menos é o que eu espero, por que eu realmente não quero nem ver como meu tio vai ficar se ela nos rejeitar.

_Espero que esteja certo e que ela possa me perdoar. - Meu tio fala com um pesar na voz.

_Pelo que vejo dela, ela vai te perdoar sim pai , só que não vai ser fácil. - comento e pisco pra ele.

_Realmente, ela não nega o sangue Saragov em suas veias e eu to louco pra poder dizer a ela que eu sou o seu pai. - meu tio diz com um sorriso que não chega aos olhos.

Aceno em positivo com a cabeça e me levanto me retirando do escritório e subindo a escada que fica do lado esquerdo na sala na mansão do meu tio, sigo indo rumo ao meu quarto, adentro e fecho a porta me jogo na cama de casal que eu tenho mergulhando nos lençóis brancos e macios pensando na Aurora. 

_É priminha, espero que você nos aceite e que me perdoe por estar mentindo para você agora.


Three ConsciounessesOnde histórias criam vida. Descubra agora