Arthur me falou onde mora e alguns atalhos para chegar até sua casa no Queens.
— Você tem quantos anos, Arthur? - pergunto parando no semáforo.
— Vinte e sete, e você?
— Vinte e oito... Agora me explica como você parou naquele bar? - vejo ele rir baixo.
— Primeiro você me responde, seu namorado não vai ficar brabo de estar emprestando as roupas dele e com um desconhecido no carro? - ele me olha sério e eu gargalho enquanto volto a dirigir. — Qual a graça?
— Eu não tenho namorado! - mostro minhas mãos sem aliança.
— Mas e essas roupas? - sua expressão é de confusão e alívio ao mesmo tempo.
— Uma amiga minha tem uma loja de roupas e hoje ela me pediu para pegar as roupas na distribuidora. - volto a atenção para a rua escorando meu braço na janela e o olhando de canto de olho enquanto dirijo. — Ficou com medo de apanhar?
— Até parece! - vejo ele cruzar os braços e fazer uma cara de indignação. — Eu sei lutar, só fui pego desprevenido.
— Ta bom, mas me fala, o que estava fazendo la?
— Primeiro, que dia é hoje? - ele olha no meu celular que estava no painel o dia e arregala os olhos, hoje é sexta 23:45. — Eu briguei com meu pai no serviço faz uns três dias, meus irmãos quiseram se intrometer e acabei brigando com eles também. - ele encosta a cabeça no banco suspirando. — Então eu fiquei rodando a cidade toda bem dizer sem vontade de voltar para casa, fiquei na casa de um amigo, depois fui na praia e por último eu parei no bar só para comer alguma coisa e acabei daquele jeito.
— Você não deu notícias para eles desde terça? - virei na rua da casa dele e ja pude ver dois carros da polícia. — Eu te mato agora ou depois?
— Pode ser agora! - ele se encolhe no banco.
Estacionei o carro na frente da casa chamando a atenção dos dois oficiais e dos outros três homens, desci do carro e logo em seguida Arthur desceu também.
— Arthur! - vejo o homem mais velho vir rapidamente até ele e o abraçar. — Onde você estava? - a expressão de preocupação transformou-se em raiva.
Me encostei no capô deixando que ele explicasse o que aconteceu nesses três dias. Eu ja briguei em casa, mas de ficar três dias sem dar notícias, não! Até porque minha mãe me mataria se eu fizesse isso. Vejo os dois policiais me encarando, os encarei de volta e vi eles falarem alguma coisa com os outros dois rapazes ali junto.
— E quem seria você? - o mais alto dos policiais se aproxima enquanto o outro faz a volta no carro.
— A pessoa que salvou a vida dele. - o olho nos olhos.
— Vocês conhecem essa mulher? - vejo os dois negarem, enquanto Arthur era bombardeado de perguntas pelo homem grisalho. — Documentos! - suspiro e vejo o outro passando a mão no meu carro.
— Da pra tirar a patinha, eu lavei hoje! - minha vontade era de arrancar os dedos dele.
— Olha como fala garota, é melhor baixar a bola! - ele faz a volta e me encara segurando o punho da pistola no coldre. — Documentos!
Puxei meu distintivo de dentro da blusa vendo a expressão de confiança e superioridade deles mudar para uma de medo e vergonha. — FBI: Divisão especial! Deviam conhecer melhor os colegas de serviço.
Percebo que os olhares dos quatro atrás dos policiais voltaram-se para mim, guardei meu distintivo e me levantei do capô do carro. — Bom, já está em segurança, eu vou indo.