10. Tirei de um filme

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Charlotte Austin

Eu vou matar essa peituda antes da noite terminar.

Fiquei paralisada ao perceber que ela estava falando comigo. Falando comigo na frente de todas essas pessoas. Falando comigo na frente da família dela. Olhei pelo canto do olho a saída mais próxima que tinha à minha direita cogitando fugir dali sem olhar para trás e só não o fiz porque ao olhar de volta para Engfa fiquei completamente desarmada. Ela me encarava em expectativa e foi então que me dei conta de todo o trabalho que ela teve para me fazer aprender essa música sem que eu percebesse na esperança de que eu aceitasse cantar com ela.

- Prometo que não vai durar mais que quatro minutos. - Ela teve a audácia de piscar para mim e sorrir mostrando todos aqueles dentes imensos.

Duas pessoas da equipe apareceram na minha frente e me acompanharam até a parte de trás do palco, então andei até o centro do palco onde Engfa me esperava e minhas pernas tremiam tanto que estava difícil até para andar. Uma mulher apareceu prendendo alguma coisa na minha roupa e eu não fazia ideia do que era, meu foco estava todo nos olhos da mulher de frente para mim.

- Respira. - Engfa falou longe do microfone, apenas para mim. - Esse vai ser o melhor presente da minha vida.

- Eu vou te matar assim que colocarmos os pés fora desse palco. - Tentei controlar minha respiração.

E num passe de mágica Engfa levantou um microfone para mim, provavelmente alguém entregou para ela e eu estava tão nervosa que nem percebi. Minha mão estava tremendo tanto quando peguei o microfone que achei que fosse deixá-lo cair, então senti a mão da peituda traidora segurando o microfone por cima da minha tentando me acalmar.

- Vai ser rápido, prometo que você vai gostar. - Ela piscou para mim e então se virou para a mulher que ainda prendia alguma coisa em mim. - Eu cuido disso.

Tentei não focar no grito dos fãs enquanto Engfa com toda paciência e cuidado do mundo colocava o que parecia ser o retorno em meus ouvidos e então segurou em minha mão para me virar de frente para as pessoas na arena.

- Antes de cantarmos essa música eu preciso esclarecer algo. - Engfa começou a falar no microfone. - Na primeira vez que escutei essa música eu me senti completamente rendida por ela e no momento em que decidi fazer esse show para comemorar meu aniversário eu sabia que teria que fechar o show com ela. - Ela então se virou e piscou para mim. - Acontece que eu já tinha escolhido meu presente de aniversário também e queria Charlotte cantando comigo a última música do show.

Mais uma onda de gritos nos atingiu e dessa vez eu estava mais relaxada, estava decidida a deixar a ansiedade de lado e aproveitar esse momento.

- Estou dizendo isso para que vocês saibam que é apenas uma música que eu gosto muito com alguém muito especial para mim. - Engfa segurou minha mão, chamando minha atenção. - Pronta?

- Não. - Pude ouvir a risada das pessoas. - Mas vamos logo antes que eu desista e saia correndo.

- O nome dessa música é Stupid in Love e espero que vocês gostem.

Engfa fez um sinal para sua banda e eles começaram a tocar, então respirei fundo e apenas deixei acontecer. Iria dar certo? Eu não tinha ideia, mas de uma coisa eu sabia... não havíamos sequer ensaiado, então as chances de dar errado eram grandes. Ela começou a cantar enquanto eu lutava para não esquecer a letra da música e assim que ela terminou o primeiro verso fez sinal para que eu continuasse, então respirando fundo e tentando não perder o ritmo eu continuei.

No final das contas acabou sendo menos assustador do que eu estava esperando e consegui cantar sem errar a letra. Quanto ao ritmo e afinação eu já não posso garantir muita coisa, mas perceber a vibração das pessoas e a felicidade da Engfa ao ter conseguido seu presente me deixou mais aliviada. Agora eu estava conseguindo me soltar um pouco mais e quando chegamos ao refrão da música puxei a mão da Engfa - sim, desde o começo da música ela não havia me soltado - fazendo com que ela se virasse de frente para mim.

Stupid in LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora