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⚠️ Tema sugestivo

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Rafael estava mais do que ansioso quando a noite chegou na comunidade, ele passou o dia ajudando a tia a limpar e arrumar a casa. O moreno estava cansado, mas feliz por descansar um pouco do dia agitado, no momento ele se encontrava sentado na calçada da porta de casa. Com o celular na mão enquanto observa, em segredo, as crianças chutando bola, se divertindo sendo crianças.

Rafael sorri fracamente se lembrando da época que brincava com os amigos na rua, sem se preocupar com a vida ou perceber o quão injusto era a realidade. Às vezes ele só queria ter a inocência de uma criança e a astúcia de uma adulto. Fugir da realidade.

O carro preto sobe a rua, tirando as crianças da sua paz. O veículo estaciona na frente de Rafael, assustando o moreno. Ele levanta batendo as mãos no short preto, tirando a poeira. A janela do carro abaixa-se, revelando Filipe com seu sorriso encantador. — Vai pro mandelão hoje? — O rapaz perguntou abaixando por completo a janela.

Rafael coloca as mãos nos joelhos e sorri para o rapaz animado. — Mandelão? Eu só estava descansando antes de ir assistir TV.

— Entra aí, vou levar você para os bailes. Traz seu currículo também, Shayene está precisando de alguém que fique no período noturno na adega do pai dela. E acho que é um bom trabalho para você. — Filipe aperta o botão, destravando a porta do carro. Rafael olha para o lado, mesmo tendo crescido no Rio de Janeiro, ele nunca havia saído para um baile funk. Talvez por nunca ter tido uma visão boa dos usuários de droga por conta da mãe.

— Só vou mandar o currículo...não estou afim de ir no baile. — Rafael tenta argumentar, implorando em silêncio para o rapaz deixá-lo ficar em casa.

— Eu não quero ir sozinho...é chato não ter ninguém que você conheça para conversar. E eu amo conversar. — Filipe ri baixo inclinando a cabeça para o lado, seus olhos como de um filhote implorando para ser levado para casa.

Rafael suspirou em derrota, ele endireita-se e vira, entrando na casa. O moreno se arrasta pela casa, insatisfeito por ter perdido a guerra interna. Ele entra no quarto e pega o papel em cima da cômoda e sai. — Vou sair, tia...Filipe me convidou para ir com ele no baile e eu vou de companhia. — Rafael grita olhando para a cozinha, onde sua tia está.

— Não cheguei tarde e me liga se algo acontecer. Vou ficar acordada até você chegar, eu te amo, saiba disso. — A senhora diz ainda ocupada na cozinha. Rafael sorri pegando a chave reserva do portão.

— Eu também te amo, tia. Até depois. — Rafael grita saindo pela porta da frente, ele passa pelo portão de ferro e fecha. O moreno se aproxima do carro, abre a porta e entra.

— RJ está com uma gripe e não pode vir, ele ama ir nos bailes comigo. Daniel e Gabriel estão no litoral, acho que eles chegam hoje. Você vai gostar de conhecê-los. — Filipe força um sorriso largo, observando o moreno colocar o cinto de segurança.

Rafael segura o papel perto do peitoral e suspira baixo, lançando um olhar divertido para o rapaz. — Eu espero… — O moreno sussurrou voltando sua atenção à rua. Filipe segura no volante, descendo a rua de ré. As crianças sorriem, voltando a brincar na rua iluminada. Rafael olha pela janela, vendo algumas casas com os portões abertos.

A viagem para a região leste de Paraisópolis foi rápida, a música alta tremia as janelas das casas abertas. A rua principal fechada pelas motos e vários jovens e adultos bebendo e cantando. Rafael se encolheu no banco do passageiro, ele observa Filipe virar a esquina, entrando no beco. O rapaz percebeu o desconforto do jovem. Ele vira novamente o carro entrando em uma rua vazia com uma adega iluminada, apenas alguns jovens comprando cerveja.

[+18] Códigos do CrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora