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Daniel encosta no muro de tijolos, ele respira fundo, recuperando o fôlego. Os ouvidos atentos para qualquer barulho suspeito. O mais velho abaixa a arma, a adrenalina correndo em suas veias. 'Temos um x9...como a ROTA sabia que os olheiros não estavam em seus pontos? Com certeza alguém está passando dicas para eles, que droga!' Daniel pensa colocando a mão no peito, os batimentos cardíacos voltando ao normal.

— Daniel! — O forte sotaque carioca chama seu nome. Daniel olha para o lado, vendo Bruno descer a rampa de moto. — Você viu?! A ROTA está aqui no Sul e no Norte. Eu consegui levar o Ratão para a Dondoca, ele está escondido na casa dele. Mermão, o que está acontecendo?! Filipe e eu só tivemos tempo de pegar as armas e as motos, nem conseguimos ordenar as mulas para saírem com as drogas no corpo. — Bruno fala parando a moto na frente de Daniel, ele apoia o pé direito no chão e olha por cima do ombro, atento para caso alguém apareça.

— Mano, eu acho que temos um x9, como a ROTA sabia que Filipe e eu não estávamos nos nossos pontos? Alguém está colocando a língua entre os dentes. Precisamos conversar com Filipe sobre isso, aposto que ele conseguirá fazer um plano para descobrir quem está nos traindo. — Daniel explica, ele coloca a mão no bolso e procura o cartucho de balas. Bruno levanta a cabeça, as nuvens formando-se no céu da manhã.

— Já é, vou voltar na zona norte e tentar expulsar os tira de lá. Cadê o x9? Fugiu de medo? — Bruno pergunta colocando o pé no pedal, preparado para dirigir. Daniel zomba tirando o cartucho do bolso.

— Ele está na casa do Filipe...o cachorrinho da ROTA está por lá, menos um não vai fazer diferença. — Daniel dá de ombros colocando as balas dentro da arma, algumas caem no chão pelo nervosismo do momento.

— Não vai voltar para buscá-lo?

— Quem você pensa que sou, meu? Babá dele?

— Namorado, Biscoito. — Bruno provoca rindo alto, ele aperta no acelerador, a moto volta a andar, deixando Daniel atordoado com a brincadeira. O mais velho passa a mão no cabelo curto, as bochechas ganham uma tonalidade rosada.

— Namorado, ‘Bixcoito’ — Daniel resmunga baixo imitando o sotaque carioca. Ele segura a arma com força. Ele havia prometido para Rafael que voltaria, e era isso que ele ia fazer. Não porque ele gostava do moreno, mas pelo fato da promessa. Bem, era isso que Daniel pensava, empurrando seus sentimentos para o fundo da mente, ignorando a existência deles.

Daniel se afasta do muro e corre pela rua estreita. Ele podia ter subido a rampa, mas algo em sua mente dizia que era melhor dar a volta no quarteirão ao invés de cortar caminho pela rampa. A adrenalina volta a aparecer, deixando o estômago revirado de ansiedade. Os olhos focavam em qualquer lugar que se moviam, o medo de encontrar novamente com os policiais fazia isso com ele.

Além de lidar com a polícia, ele teria que tomar cuidado com suas falas. Todos naquele momento eram suspeitos.

A casa aparece no campo de visão de Daniel, ele para de correr, voltando a caminhar. Os olhos analisam o perímetro, o dedo já no gatilho, preparado para atirar. Daniel caminha para a casa, ele passa pela porta aberta, a janela aberta iluminando o quarto. O coração do mais velho afunda ao ver a cena no quarto.

O homem mascarado segura o corpo desmaiado de Rafael no colo, o lençol verde cobrindo o corpo nu, a pistola apontada para a garganta do moreno. — Você voltou para levar seu companheiro? — O policial pergunta com uma voz firme. Seu sorriso cresce por baixo da touca balaclava, os olhos vidrados em Daniel.

Daniel levanta a arma, apontando o cano para a cabeça do policial. Os dois se encaram durante alguns minutos esperando um deles iniciar a conversa. Daniel permanece fora do quarto, parado perto da porta do cômodo. O homem coloca o dedo no gatilho, empurrando o cano mais perto da garganta de Rafael.

[+18] Códigos do CrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora