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Lovely - Billie Eilish e Khalid

ANGELINE KEENAN

— O que caralhos aconteceu?? — digo ao sair do carro, após estacioná-lo na entrada da casa. A raiva estava tanta que quase atravesso a casa com o veículo. — Vocês são um bando de profissionais ou o quê? Porra, como deixaram o garoto fugir?

— Oh, Angeline, abaixa a bola, que nem aqui você tá vindo direito — um ser que não olhei nos olhos diz, com uma arrogância que me irrita ainda mais. Eu apenas fecho os olhos, respiro fundo, tentando conter a explosão que se aproxima, e saio dali em direção à cabana, dando a volta na casa. Sinto alguns deles vindo atrás de mim, os passos pesados refletindo a tensão no ar.

— Cadê o Ryan? — pergunto ao parar em frente à cabana, olhando para a porta de madeira envelhecida, como se ela pudesse me dar as respostas que preciso.

— Tô aqui — responde uma voz, e eu me viro.

— Quem ficou responsável por acompanhar o novato? — pergunto, minha voz carregada de desdém, virando-me para ele. Ele chama os dois homens com um gesto apressado, como se isso fosse suficiente para resolver a situação. — Tinha que ser o linguarudo. Quero vocês atrás do garoto vinte e quatro horas por dia. Achem-no, se virem.

— Espera, eu não tenho culpa de isso ter acontecido! — Bryan se defende, mas eu olho para eles com cara de tédio, já prevendo a discussão que se inicia.

— Calem a merda da boca! — O silêncio se instala como um peso no ar, e me aproximo dos dois, as mãos na cintura, meu olhar fulminante. — Não quero saber de quem é a culpa, não quero saber quem fez seu trabalho e quem deixou de fazer. Só tragam o garoto de volta, vivo ou morto... mas de preferência vivo.

As palavras saem como um sussurro ameaçador, e posso ver a apreensão nos rostos deles. — Não confio nele, e sei que vocês também não. Não me parece uma boa ideia esse menino solto perto do casarão.

A noite começa a cair, e a escuridão parece intensificar meu desespero. Olhando para o horizonte, me pergunto se vamos conseguir resolver isso antes que seja tarde demais.

— Já pedi o Alan pra olhar as câmeras e ver se acha alguma coisa — Lian diz, se aproximando, antes de ir para a cabana. Ele entra, sai rapidamente e me chama. — Line, chega aqui.

Deixo as duas crianças birrentas de lado e sigo para a cabana, passando pela porta e olhando ao redor. Um arrepio percorre minha espinha ao ver fotos e arquivos espalhados pelo chão, como se o caos tivesse tomado conta do lugar.

— Sai daqui, Kilian. Chame o Adam.

— O que? Por que?

— Não me questiona, sai daqui!

Ele fica sem entender, mas acaba saindo da cabana. Logo, Adam entra, e seus olhos imediatamente se fixam nas fotos e nos documentos jogados ao chão. Sinto a pressão nos olhos aumentar e, quando olho para ele, as lágrimas estão prestes a transbordar.

Adam se aproxima e me abraça. Me agarro a ele enquanto choro, tentando não olhar para as fotos dos meus pais mortos. Um flashback da noite em que tudo aconteceu invade minha mente, trazendo à tona memórias que eu tentei enterrar. Sinto meu corpo fraquejar, e por um instante, sou transportada de volta àquela época em que era apenas uma garota fraca e frágil, incapaz de proteger a própria família.

A dor aperta meu coração, e a sensação de impotência me envolve como um manto pesado. Tento me recompor, mas a imagem dos rostos sorridentes dos meus pais persiste, misturando-se à escuridão do passado.

Angel | Blood LineageOnde histórias criam vida. Descubra agora