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Don't blame me - Taylor Swift

ANGELINE KEENAN

— Que tipo de convite? — perguntei, confusa, desligando a tela do celular.

— Meu pai vai dar uma festa "beneficente". Tá mais pra uma comemoração pela sua volta e por mais um trabalho bem-sucedido e tudo mais — ele diz, concentrado na estrada à nossa frente. Engulo seco e abro mais a janela, sentindo o ar fresco aliviar um pouco a tensão que subiu em meu peito. — E, claro, você vai ser minha acompanhante. Dessa vez, você também vai ser anfitriã da festa.

Ele fala com animação. Embora eu já tenha ido a algumas dessas festas da família de Bernardo, o peso da responsabilidade de ser anfitriã dessa vez, com o pai dele presente, me faz sentir um pequeno nó no estômago.

— Qual o tema dessa vez? — pergunto, tentando parecer despreocupada, com um leve sorriso. As festas beneficentes sempre têm um tema específico. A que Melissa deu no ano passado foi com o tema "tapete vermelho", todos vestidos com os trajes mais caros e elegantes. Foi belíssimo.

— Baile de máscaras, acredita? Meu pai quis esse tema este ano. Achei uma ideia legal. Já fizemos tantas festas beneficentes, mas nunca nesse tema, um dos mais clássicos — ele diz, empolgado e sorrindo. Dou um leve sorriso ao ver sua felicidade e estico minha mão para acariciar seus cabelos, tentando me convencer de que posso lidar com isso. Fecho os olhos, relaxando no banco. — Eu te amo, sabia?

Ele pega minha mão, a tirando de sua nuca, e dá um beijo nela. Sorrio com o gesto, sentindo o calor do seu carinho me acalmar. Ainda de olhos fechados, respondo:

— Eu também te amo.

DEZ ANOS ATRÁS.

— MÃE?! — caminho pela casa, ouvindo
os tiros ecoarem e os gritos dos meus
pais. Me engatinho até a escadaria
principal e vejo minha mãe no andar de
baixo, amarrada, amordaçada, chorando
de joelhos. — Michel...

Um desespero toma conta de mim.
Corro até a janela do quarto mais
próximo, abro-a e me penduro no
parapeito, tentando encostar o pé na
beiradinha do detalhe da casa. Quando
consigo, me arrasto até alcançar um
ponto minimamente mais baixo e pulo
de lá. Mordo meu braço com força ao
cair no chão, sentindo minhas costelas
doerem e meus pulmões falharem de
dor. Me arrasto, vendo a entrada da casa
repleta de carros e alguns homens
armados, provavelmente da pessoa que
invadiu.

Me levanto e corro, para os fundos da casa, rezando para não encontrar ninguém que pudesse me
machucar. Quando corro em direção à
floresta atrás da casa, um disparo ecoa
e sinto uma ardência no ombro — um
tiro de raspão. O medo se transforma
em pânico, mas não posso desistir.
Sou colocada de joelhos ao lado da
minha mãe. Olho para ela, que fica
apavorada ao me ver. Em situações
assim, ela sempre dizia: "Corra, corra o
mais longe que puder, Angeline, e não
olhe para trás". Eu tentei correr, mesmo
que meu coração doesse ao saber que
estava deixando meus pais para trás,
mesmo que cada passo me parecesse
um golpe de traição.

— Angeline, não é? — um homem diz,
abaixando-se na minha frente e me
analisando com um olhar malicioso. —
Ela é uma graça...

Angel | Blood LineageOnde histórias criam vida. Descubra agora