Runaway - AURORA
ANGELINE KEENAN
Nick subiu comigo para o quarto. Ele me colocou na cama e disse que ia preparar a banheira para eu tomar um banho. Eu estava exausta. Meu corpo inteiro doía por causa dos hematomas e ferimentos; meu ombro direito latejava com o tiro de raspão, e os pontos me incomodavam. Sabia quem eles eram — meu pai tinha me dito que eu poderia confiar neles se algum dia precisasse. Agora, era confiar ou nada, afinal, eu já tinha perdido tudo.
— Pronto, vem, vou te ajudar — ele me ajudou a levantar, e eu caminhei devagar até o banheiro com sua ajuda. — Olha, eu vou me virar... ok?
Ele não terminou a frase ao ver que eu já tinha tirado os panos que cobriam meu corpo. Tentando evitar me olhar, ele me ajudou a entrar na banheira com cuidado. Senti os curativos serem inundados pela água, e meus machucados arderam um pouco. Travei o maxilar, ignorando a dor, e entrei por completo na banheira. Quando olhei para Nick, suas bochechas estavam vermelhas. Sorri levemente ao notar. Era fofo.
— Fica tranquilo, já sei que todo mundo
me viu pelada, foi preciso.— Desculpa, não tinha muito o que fazer
— ele disse, mexendo na prateleira do
banheiro. — O sabão vai acabar entrando
pelos curativos, vai arder um pouco.— Prefiro a ardência do que ficar suja.
Meu cabelo tá horrível.Ele se agachou no chão e começou a
passar a bucha com sabão pelo meu
corpo, cuidando dos braços, ombros, e
sendo especialmente cuidadoso com o
ombro ferido. Passou pelas costas e,
depois, pediu para que eu ensaboasse o
restante, se conseguisse. Eu fiz o que
pude, e ele jogou a água suja, manchada
de sangue, fora. Encheu a banheira de
novo e, com jeito meio desajeitado —
claramente não acostumado a lidar com
cabelos longos — começou a lavar meu
cabelo, mas com todo o cuidado que
podia. Enquanto ele fazia isso,
aproveitei para tirar os curativos
molhados do corpo, exceto o do ombro.Quando terminei o banho, me enrolei em
um roupão e me sentei na cama. Ele
começou a secar meu cabelo,
preocupado que eu dormisse com ele
molhado e acabasse doente. Naquele
momento, tudo o que me veio à mente
foi a minha mãe. Lembrei de como ela
cuidava de mim, do carinho em cada
gesto, de como estávamos sempre
juntas. E então, a realidade me atingiu
com força: eu nunca mais a veria. Nunca
mais sentiria seu toque, e nunca mais
teríamos momentos assim.As lágrimas começaram a cair, e eu já
não conseguia mais parar de chorar.
Minha respiração ficou presa, a garganta
travada. A vontade de arrancar minha
própria pele com as unhas me tomou,
enquanto mais um ataque de pânico me
dominava. Algo que eu tinha conseguido
controlar por meses, mas que agora
voltava com toda a intensidade.ADAM HASEA
Ouço Nick gritar com Angeline e corro até onde eles estavam. Entro no quarto e o vejo tentando segurar os braços dela. Alguns dos ferimentos haviam reaberto, e ela estava suja de sangue. Corro para pegar seu outro braço, evitando que ela se machucasse mais, e percebo que ela não conseguia respirar.
— Angeline, olha pra mim — ela me olha, ainda lutando para respirar em meio ao choro. — Respira comigo.
Ela balançava a cabeça, negando, sem conseguir falar, mas aos poucos tentava se acalmar, sincronizando sua respiração com a minha. Com o tempo, sua respiração foi se normalizando, e as lágrimas começaram a cessar. Levei-a de volta ao banheiro, enquanto Nick saía para buscar um kit de primeiros socorros para cuidar dos ferimentos dela.
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Angel | Blood Lineage
Novela JuvenilDynasty, livro 1 Angel | Blood Lineage Angeline Keenan, chefe de uma máfia, vive em um mundo de sombras e segredos. Com um passado marcado por traumas e relacionamentos tumultuados, ela se envolve em uma intriga perigosa, onde segredos vêm à tona e...