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Take Me to Church - Hozier

PIETRO NUSMAIF

Eu vejo a hesitação nos olhos de Angeline. Ela segura o bilhete em suas mãos, os dedos se contraindo levemente, como se estivesse pesando cada palavra. Por um breve momento, acredito que ela vai ceder à realidade, perceber que está tão envolvida quanto eu nessa trama. Mas então, vejo algo mudar em sua expressão.

Ela ergue o olhar, o brilho determinado que conheço tão bem de volta.

— Isso não é problema meu — sua voz sai firme, sem hesitação. — Você entrou nessa sozinho, Pietro. Não vou me envolver nos seus jogos de poder com Mont.

Sinto um frio correr pela minha espinha. Não esperava essa resposta. Angeline sempre foi inteligente, capaz de ler as entrelinhas e entender o que estava em jogo. Mas, agora, ela me vira as costas, me descartando como se tudo o que construímos juntos não tivesse mais valor.

— Angeline, você não entende. Mont não vai parar. Eles me querem morto, mas isso não vai acabar só comigo. Eles vão atrás de todos que estiverem ao meu redor. Isso inclui você — digo, tentando controlar o pânico que ameaça transparecer em minha voz.

Ela cruza os braços, o olhar frio, sem traços da compaixão que eu esperava.

— Esse é o seu problema, Pietro. Você sempre acha que o mundo gira ao seu redor. Mas não vou me deixar ser arrastada para isso. Não dessa vez.

Respiro fundo, lutando para não perder o controle. Eu não posso fazer isso sozinho. Não contra Mont. Eu preciso dela.

— Escuta — digo, dando um passo em sua direção, medindo cada palavra. — Eu sei que cometi erros. Sei que você tem todas as razões para me odiar. Mas se você não me ajudar agora, vai se arrepender. Porque quando Mont atacar, não vai sobrar ninguém para contar a história.

Ela fica em silêncio, os olhos me estudando, avaliando cada palavra. O salão ao nosso redor parece sufocante, o peso da situação esmagando o ar entre nós. Tento manter a postura, mostrar que estou no controle, mas a verdade é que estou à beira do abismo. E só ela pode me puxar de volta.

— Não estou pedindo por mim, Angeline. Estou pedindo pela sua própria sobrevivência — continuo, minha voz ficando um pouco mais baixa, quase suplicante.

Por um momento, acho que ela vai responder. Que vai reconsiderar e, talvez, se aliar a mim. Mas ao invés disso, ela apenas dá um passo para trás, me deixando sozinho no caos que eu mesmo criei.

— Eu não vou me envolver nisso, Pietro. Se você quer sobreviver, vai ter que fazer isso sozinho.

— Temos que sair daqui, agora — um homem de cabelos castanhos diz a ela, com a mão estendida.

Ela se vira para sair, e a cada passo que ela dá em direção à porta, sinto o chão desmoronar sob meus pés.

— Angeline! — chamo, desesperado. — Eles vão destruir tudo, você sabe disso!

Mas ela não olha para trás.

E então, me vejo sozinho. O bilhete de Mont ainda em minha mão, uma lembrança amarga de que o que está por vir será muito pior do que qualquer coisa que já enfrentamos. E, pela primeira vez, percebo que talvez eu realmente não saia dessa vivo.

Angel | Blood LineageOnde histórias criam vida. Descubra agora