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Capítulo II

𝓒 omeçou com o que Louis não conseguia chamar de flerte, mas que se parecia com algo parecido com isso — havia tensão e insinuações, o olhar aquecido de Lestat o seguindo pelo escritório

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𝓒 omeçou com o que Louis não conseguia chamar de flerte, mas que se parecia com algo parecido com isso — havia tensão e insinuações, o olhar aquecido de Lestat o seguindo pelo escritório. Daniel chamava isso de assédio sexual. A princípio, parecia relativamente inofensivo. Seus dedos se roçavam quando Lestat lhe entregava um arquivo. Lestat passava por ele na cozinha muito apertada quando ele poderia ter esperado que ele saísse primeiro. Então ele deixou cair uma caneta em sua mesa quando Louis entrou para ler seu calendário diário e pediu a Louis para pegá-la. Louis se abaixou sem pensar. Quando ele se levantou, ele percebeu que Lestat estava olhando para ele, um leve sorriso no rosto, e que ele provavelmente estava olhando para sua bunda quando ele se abaixou.

A percepção fez as bochechas de Louis ficarem rosadas, mas ele ignorou. Um pouco de flerte era normal de vez em quando, certo? Só que na próxima vez que eles interagiram, Lestat parou na mesa de Louis para ler um documento por cima de seu ombro, mesmo que ele nunca parasse na mesa de ninguém. Ele apoiou uma mão nas costas da cadeira e outra na mesa e se inclinou tão perto que Louis conseguia sentir sua respiração fazer cócegas em sua nuca. Isso dificultou seu foco, e ele tropeçou nas palavras ao responder à pergunta de Lestat. 

— Você está bem? — Lestat disse, a voz baixa muito perto do ouvido de Louis. Ele precisou de toda a sua força para não estremecer. 

— Tudo bem. — murmurou Louis, olhando fixamente para a tela do computador, desejando que Lestat se afastasse.

— Você parece tenso.

Então as mãos (grandes e fortes) de Lestat estavam nos ombros de Louis, massageando seus músculos, e a mente de Louis ficou em branco. Foi só por um segundo. Ele soltou, já voltando para seu próprio escritório, radiante e despreocupado como sempre.

— Você deveria descansar! — ele gritou por cima do ombro. Louis saiu com um zumbido estranho nos ouvidos.

Para aquilo ele também não deu muita importância. Afinal, foi só por um segundo — Lestat mal o tocou. Mas quando o incidente do elevador aconteceu, até Louis teve que admitir que Lestat estava ultrapassando os limites chefe-funcionário.

Louis entrou no elevador uma manhã como sempre fazia, um pouco sem fôlego por andar rápido para não se atrasar. Ele ficou surpreso ao encontrar Lestat esperando o elevador também, vestido com esmero como sempre em um terno esmeralda que parecia mais festivo do que profissional. Louis o cumprimentou educadamente enquanto eles entravam juntos, se perguntando por que Lestat pegaria o elevador com os funcionários quando ele tinha um que ia direto para seu escritório. Lestat lhe deu um aceno e um olhar de soslaio, com as mãos nos bolsos.

Pouco antes das portas do elevador se fecharem, uma leva de funcionários entrou, todos chegados de última hora e exaustos como Louis. A multidão repentina empurrou Louis para um canto com Lestat até que eles estivessem quase pressionados juntos, Louis ligeiramente inclinado na frente dele. Ele conseguia sentir o calor do seu corpo e ficou perfeitamente parado para que eles não se tocassem mais do que o necessário. A distância de um andar para o outro parecia uma eternidade.

E então eles pararam no quinto andar para outra pessoa entrar.

— Desculpe, desculpe! — ela gritou enquanto se empurrava para dentro, mesmo que não houvesse mais espaço para ela. — Estou atrasada!

Louis foi pressionado novamente em Lestat. Ele podia sentir sua coxa contra sua bunda, seu peito contra seu ombro. Então havia mãos (grandes, fortes) em sua cintura, segurando-o firme, e Louis sentiu vergonha da maneira como ele reconheceu a sensação delas tão facilmente. Sua respiração ficou presa na garganta.

— Desculpe. — Louis murmurou, sem ousar olhar para trás.

As mãos de Lestat apertaram sua cintura. Seus dedos quase se encontraram, suas mãos o envolveram, e o coração de Louis gaguejou. Ele engoliu em seco.

— Sua cintura é tão fina. — Lestat disse pensativamente perto de sua orelha, apertando novamente, como se para avaliar seu tamanho. — Qual é o tamanho?

— Com licença? — Louis disse, e dessa vez ele olhou para trás, porque aquilo era quase inapropriado. Ele encontrou o rosto de Lestat a centímetros do seu, um sorriso brincalhão nos lábios.

Ele foi salvo de mais interação quando o elevador finalmente chegou ao andar deles. A multidão se moveu e Louis se afastou de Lestat, apertando sua bolsa sobre o ombro e indo direto para sua mesa sem olhar para trás. Ele se sentou rapidamente e se escondeu atrás de suas duas telas, a cabeça abaixada como se estivesse debruçado sobre seu bloco de notas, até que Lestat misericordiosamente entrou em seu próprio escritório sem dizer nada.

Quando ele contou isso a Daniel, ele fez um discurso sobre assédio sexual.

— Denuncie-o ao RH! Que canalha de merda.

— Ele é o CEO. — Louis disse ironicamente. — Não acho que denunciá-lo ao RH iria funcionar.

— Então se demita! — Daniel insistiu, mas é claro que Louis não iria fazer isso. Ele tinha uma sorte ridícula de ter conseguido um cargo tão alto quanto o dele. Se foi apenas porque o CEO o achava gostoso, bem. Ele teria que usar isso a seu favor. Ele não iria jogar fora um emprego como esse por causa de alguns incidentes pequenos.

Claro que a situação só piorou.

Claro que a situação só piorou

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