Capítulo 01.

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Pov: Lisa Manoban.

Um profundo chiado escapou da mandíbula do felino, quando se agachou entre as rochas e os espessos arbustos. Emitiu um som grave que ressoou em toda a paragem coberta de névoa, o
ser humano dentro da besta era consciente de que a chamada soava assustada.
Ofegou, sua respiração lançando fortes baforadas no ar da fria manhã. A explosão de velocidade que tinha necessitado para escapar de seus perseguidores a tinha esgotado. Precisava de energia para ir muito mais longe, mas era imperativo que encontrasse um lugar seguro.

Seu olhar se centrou em um poderoso pinheiro a vários metros de distância. Os guepardos estão mal equipados para subir às árvores, mas havia suficientes ramos baixos sobre os que podia
pular para ir para cima e esconder-se na densa folhagem.
Saiu de seu esconderijo e correu para a árvore com suas sigilosas patas. A fadiga fazia que ardessem todos os músculos, mas não podia sucumbir à necessidade de descansar. Ainda não.

Eles vinham atrás dela e a matariam.
Apenas sem energia, saltou ao ramo mais baixo. Suas garras se cravaram na casca enquanto lutava por manter o equilíbrio. Suas orelhas se moveram e ficaram rígidas quando um som na
distância captou sua atenção. Escalou mais alto, o desespero manifestando-se em todos seus movimentos.
Quando ganhou suficiente altura para não ser vista facilmente do chão, tombou-se sobre o ramo e aplanou seu flexível corpo tanto como foi possível.
Enquanto engolia seco para evitar os involuntários gemidos de medo, sentiu a mudança irradiando através de seu corpo. A dor, a bem-vinda dor, bloqueou seus ossos, apoderou-se de seus músculos, e se disparou como o fogo através de seus membros.

Agarrou-se ao ramo, desesperada por não despencar no chão. Suas patas se converteram em dedos humanos. A pele com manchas ondulou e foi substituída por uma pele pálida e nua. A mecha de cabelo suave em sua nuca se transformou em compridas mechas de cabelo de cor ouro mel.
Pela primeira vez em meses, era um ser humano de novo.
Fechou os olhos e se abraçou ao ramo da forte árvore. Tempo era algo que não tinha, mas necessitava a renovação que sua forma humana podia proporcionar, embora só fosse por uns minutos. O guepardo estava exausto.

Talvez tenha adormecido. Não tinha uma ideia clara de quanto tempo tinha passado, mas despertou ao ouvir um ruído na distância. Vozes. As familiares vozes.
Eles vinham atrás dela.
O medo cresceu em sua garganta, bloqueando sua respiração. O pânico correu por suas veias e cortante como lâminas sobre a pele. Não a fariam prisioneira nesta ocasião. Matariam-na.

Reunindo cada fresta de força em seu interior, concentrou-se em transformar-se no guepardo. Correria uma vez mais.
Seu lado humano gritou em sinal de protesto, mas deixou sair à besta, permitindo-a tomar o controle enquanto seu corpo se ajustava às mudanças definidas por sua mente.
Piscou para adaptar-se à diferença de acuidade visual. Observou a abrupta paragem, e se concentrou na rota mais conveniente para se afastar do perigo.
Pouco a pouco, moveu-se pelo ramo com a intenção de saltar à árvore vizinha. Deslizou-se sobre seu estômago, suas garras segurando-se à madeira enquanto se preparava para saltar.

Um leve som alertou seus instintos e saiu disparada para diante. A dor atravessou seu quadril e se encontrou tentando agarrar o ar. Segundos mais tarde, chocou-se contra o chão com
um contundente golpe.
— Merda! Saltou do ramo. Não pude fazer um bom tiro.
A voz estava muito perto. A agonia atormentou seu corpo. Levantou a cabeça e olhou seu corpo para ver uma flecha que sobressaía de seu quadril. Ofegava pesadamente, tentando
espremer o oxigênio de uns pulmões que tinham sido severamente sacudidos pela queda.

Se não tivesse saltado, a flecha teria atravessado o coração e os pulmões. Estaria no chão sangrando.
Lutou para ficar direita, para levantar seu dolorido corpo do duro terreno. Depois olhou para cima para ver o caçador, de pé, a só uns trinta metros. Sons de outra flecha. O terror a
encheu de adrenalina, e disparou afastando-se, as maldições dos caçadores ressoando em seus
ouvidos.

Golden eyes. Jenlisa G!P  (Shifter)Onde histórias criam vida. Descubra agora