Capítulo 04.

498 46 0
                                    

Pov: Lisa Manoban.

Lisa se sentia em desvantagem e não gostava disso a mulher que tinha em frente era intimidante, sua tranquilidade não a enganava nem um fio. Era o que sua gente chamaria uma
guerreira. Uma protetora. Se ela fosse um de sua gente só o mais feroz dos animais poderia ser escolhido pelo guia espiritual para acompanhá-la em sua viagem de vida.

— Não me disse seu nome — Disse Lisa tentando ganhar um pouco de tempo. Não se sentia bem revelando muito sobre si mesma a esta mulher, a sua era uma vida de secretismo e tinha que
ter muito cuidado em quem confiava. Não tinha tentado machucá-la mas não podia estar segura de suas intenções.
Ela se apoiou sobre um joelho diante dela.
— Meu nome é Jennie Kim, sou a xerife daqui. Só quero te ajudar, Lisa, mas para poder fazê-lo tem que me dizer que diabos aconteceu.
Uma agente da lei. Lisa sentiu uma espetada de medo invadir o peito e o guepardo em seu interior se agitou. Sua pele ganhou vida, picava, incômoda e teve que combater o desejo de trocar.
Engoliu e tentou acalmar seus nervos.

— Que demônios ocorreu? — Jennie perguntou.

Lisa olhou confusa.

— Seus olhos, trocaram, só por um momento, mas não estou louca.
Lisa os fechou automaticamente e girou a face. Jennie agarrou o queixo com a mão e puxou com força até que ela a olhou de novo.
— Abre os olhos — Disse.
Obedeceu a contra gosto. Acariciava-lhe a mandíbula com o polegar enquanto cravava seus olhos nela. O frio que levava combatendo tanto tempo minguou e não estava segura de se era por seu toque ou por seu olhar fixo. A áspera ponta de seu polegar raspava através de sua pele fazendo baixar um tremor pelo pescoço que contrastava com o calor florescendo em seu interior.

— Era o guepardo, não é? Estava a ponto de trocar.
Ouvia-se assombro em sua voz, como se ainda estivesse assumindo o que era. Ela assentiu lentamente com a cabeça.
— Quando me sinto assustada ou ameaçada o guepardo se move em meu interior. É um instinto protetor.
Jennie franziu a testa.
— O que te assustou?
— É policial — Disse em voz baixa.
— Quererá me prender e me entregar a alguma agência governamental para que façam experiências comigo.
Jennie lançou um olhar feroz.
— Isso não é certo. O único motivo pelo que te prenderia seria se tiver infringido a lei e até o momento a única coisa que sei é que estava sendo caçada por caçadores ilegais. Isso te converte
na vítima não na agressora. Há algo que queira me dizer?

Seus olhos estavam alerta, perspicazes, como se pudesse ver seu interior. Punham-na nervosa.
— Capturaram-me — Disse simplesmente. Conteve o fôlego e tremeu quando voltou a viver o terror desse dia.
— Capturaram-na? Como?
Lisa tremeu e Jennie deslizou a mão de seu queixo a seu ombro. Quente e confortável. Sem pensar ela se apoiou em seu toque, querendo estar mais perto mas assustada ao mesmo tempo.

— Não deixarei que lhe façam mal.
— Disse tranquilizadoramente.
Em seus quentes olhos café se via sinceridade. Os duros traços de sua face contrastavam com a suavidade de seu olhar. Era uma mulher acostumada à severidade, a fazer o que fosse
necessário para acabar o trabalho. Enquanto fazia todo o possível para tranquilizá-la, ela só podia imaginar quão rapidamente ela poderia mudar, quão implacável poderia ser com um criminoso.

Jennie passava a outra mão por seu cabelo em um gesto de frustração, estava perdendo a paciência com ela. De novo sentiu o comichão de consciência de seu guepardo levantando-se e
tratando de fazer cargo. Separou-se de seu toque esperando assim poder controlar o desejo de trocar. Tinha sido um guepardo por tanto tempo que sua forma humana se sentia estranha.
Jennie amaldiçoou e afastou as mãos dela as colocando na borda do sofá e olhando-a fixamente.

— Lisa, não te farei mal. Em seu lugar também estaria assustada e não confiaria em ninguém. Passou um inferno, só quero te ajudar. O que posso fazer para que acredite?
A só sinceridade de sua voz atravessou a pontada de medo estendendo-se por suas costas.
Aspirou profundamente e se dobrou. Estava dolorida. Comprovou sua ferida frustrada de ver que ainda não estava completamente curada. Permanecer em forma de guepardo durante tanto
tempo tinha exigido muito fisicamente.
— Dói — disse — Não estou acostumada a isso. Normalmente não me leva tanto tempo curar. Não estou segura do que fazer para me ajudar.
— Há algo que possa tomar para que te ajude? Os analgésicos fazem efeito?
— Perguntou preocupada.
Lisa encolheu os ombros.
— Não sei. Nunca tive que usá-los. Nos curamos de forma natural e muito mais rápido que os humanos.

Golden eyes. Jenlisa G!P  (Shifter)Onde histórias criam vida. Descubra agora