Viva La Escrita : O que te inspirou a criar a história de "Préludio do Bispo" e seus personagens complexos como o padre Lucca e padre Camillo?
PH : Acho que minha principal inspiração foram histórias de terror que trazem essa atmosfera da individualidade dos personagens. O texto é curto e se trata justamente de ser um prelúdio, um prenúncio de algo maior. A ideia era trazer isso de forma clara para mexer com o imaginário do leitor logo de início.
Viva La Escrita : Como você desenvolveu a psicologia do padre Lucca, que parece estar em constante conflito interno entre fé e culpa?
PH : Lucca é a personificação daquele que tem boas intenções mas se perde em seu caminho. A figura do religioso que mergulha de cabeça na fé e esquece que existe o mundo real.
Viva La Escrita : A chuva e o ambiente sombrio da capela são muito presentes na narrativa. Qual é o papel do ambiente na construção da atmosfera da história?
PH : A atmosfera é essencialmente triste. Em dias chuvosos, nublados e frios, quando pego uma xícara de chá ou café e me sento diante da janela, minha mente tende a imaginar as gotas como se fossem lágrimas. Quis trazer um pouco disso para a ambientação.
Viva La Escrita : A Liturgia das Horas e os elementos religiosos desempenham um papel importante na trama. Como você integrou esses elementos simbólicos na narrativa?
PH : Creio que a ficção tende a ser mais verossímil e a transmitir algo às pessoas na medida que a realidade entremeia a fantasia. A Liturgia das Horas é elemento deveras importante na vida dos religiosos e religiosas da Igreja e um aspecto muito difícil é levar aquilo que se reza para o campo prático da vida. A oração é mais do que mera oração. A pessoa precisa entender o porquê de estar praticando aquele rito. Trarei isso com ainda mais força na publicação do bispo e, espero, que as pessoas que seguem alguma religião, no exemplo do catolicismo, questionem-se: "eu sou católico porque conheço minha fé e me identifico com ela ou apenas sou católico porque meus pais eram católicos?".
Viva La Escrita : Padre Camillo questiona sua fé e considera abandonar o sacerdócio. O que você espera que os leitores tirem dessas reflexões sobre fé e dúvida?
PH : Quis trazer um lado que as pessoas não costumam ver nos padres, que é o lado humano. Quero que as pessoas entendam isso.
Viva La Escrita : A história aborda temas como assassinato, manipulação e redenção. Como foi o processo de tecer esses elementos na trama?
PH: Agora que estou na reta final da revisão do livro, importante destacar que o "Prelúdio do Bispo" é um conto de aquecimento para o lançamento desta obra, posso dizer que o processo de escrita destes elementos é uma teia que vai se construindo entre aquilo que aquilo que a gente lê, aquilo que conhecemos e aquilo que vivenciamos.
Viva La Escrita : Como os segredos mantidos pelos personagens, especialmente o de Lucca, afetam o desenrolar da história e suas relações?
PH : Posso dizer que da mesma forma que nossos segredos afetam nossa convivência com os outros.
Viva La Escrita : Quais são as motivações mais profundas dos personagens como o bispo e Suzane, e como essas motivações impactam suas ações na trama?
PH : Neste conto, há apenas uma pitada do que são cada um deles. Mas, antecipando um pouco do que virá no livro, Suzane terá que fazer escolhas e assumir verdades que, para ela, são muito caras. Algumas de suas ações serão impetuosas e meu objetivo é fazer com que o leitor entenda o lado da personagem. O bispo Joaquim, por outro lado, deseja o poder. Parece clichê dizer isso, mas é o resumo de sua motivação: eliminar a única criatura que ele de fato teme e estabelecer uma hierarquia entre as demais, na qual ele estará no topo. Se ele conseguirá, ou não, saberemos logo.
Viva La Escrita : Quais serão os frutos de ''Prelúdio do Bispo'' para o futuro?
PH: Eu havia planejado que fosse apenas um conto de aquecimento para um livro único, no entanto, enquanto "O Bispo: Vampiro de Pinhal" está sendo revisado, já comecei a escrever o segundo volume. Então, os frutos estão se multiplicando mais do que eu esperava.
Viva La Escrita : Falando em futuro, teremos mais obras mais para frente?
PH : Estou trabalhando em uma história de detetives e em uma distopia. Mas são projetos que ainda estão muito longe de estarem acabados.
Viva La Escrita : Deixe seu recado para seus leitores e seguidores do Viva La Escrita.
PH: Aos meus leitores, eu sei que prometi o livro para fevereiro, mas, acreditem, o atraso valerá a pena. A todos, continuem acompanhando o Viva La Escrita. Diante de algumas mudanças que ocorreram em uma certa plataforma, projetos como este são um incentivo muito grande para leitores e escritores.
