Quando Dois Olhares se Encontram

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Na manhã seguinte, após mais uma aula cativante do excêntrico Sr. Keating, os rapazes se reuniram na mesa para almoçar. Neil apareceu com um livro de capa vermelha, um velho anuário. Com entusiasmo, ele mostrou a foto do antigo professor.

— Capitão do time de futebol; Editor do anuário; Futuro aluno de Cambridge;  Apreciador de coxas – os meninos se entreolharam, com malicia nos sorrisos – Membro da Sociedade dos Poetas Mortos – leu Neil com um brilho nos olhos.

— Homem capaz de fazer tudo –  Cameron adiciona, apontando para o livro e olhando para os rapazes

— Apreciador de coxas? O Sr.K era um provocador –  Dalton disse. Meeks pensou o mesmo, achando ousado colocar algo assim em um anuário escolar, mas considerando que estavam falando do homem que deseja ser chamado de "O Captain, my captain" não há surpresa, era típico de Keating provocar as formalidades repressoras de Welton.

– O que é a Sociedade dos Poetas Mortos? – Knox questiona a todos.

— Não diz aí? – o ruivo pergunta a Cameron que ainda segurava livro.

— Vejo vocês depois do almoço, rapazes! – O Sr. McAllister os interrompeu, assustando a todos e fazendo o ruivo mais alto guardar o livro entre as coxas de forma apressada. Meeks e os outros se comportaram roboticamente para não levantar suspeitas. Estavam acostumados a isso, sempre temendo represálias, pois qualquer coisa fora dos estudos era desaprovada em 'Hellton'. Steven, embora preparado para essas situações, fazia isso mais para evitar perguntas desnecessárias que ele teria preguiça de responder do que por medo real.

Após o almoço, os garotos foram ao campus procurar por Keating. Neil o chamou formalmente, sem sucesso, já que não causou nenhuma alteração na rota dele, nem mesmo o incentivou a parar, até que honrosamente disse "O Captain, my captain!" Imediatamente, Keating se virou.

— Senhores – respondeu com educação. Meeks achava graça na maneira despreocupada de Keating, parecia não se importava com a opinião alheia sobre si mesmo, desejara ser assim, mas estava preso ao papel de filho e aluno perfeito, seu futuro e o orgulho de seus pais dependiam disso. Steven, tem uma mente brilhante, e é aberta a coisas novas, mas sair do plano de vida de seu pai seria um mundo completamente novo, e uma aventura que não teria coragem de embarcar.

O ruivo observava o professor analisar o anuário, vendo nostalgia em suas feições, provavelmente estava lembrando dos bons e velhos momentos, era exatamente o que via em Keating. Achava doce como as pessoas reagiam ao ver fotos antigas de si mesmas. Neil então perguntou sobre a Sociedade dos Poetas Mortos, e Keating, com seu habitual lirismo, respondeu:

— Senhores, são capazes de guardar um segredo? –  Abaixou-se na grama, gesto imitado pelos garotos, e continuou – Os Poetas Mortos dedicavam-se a sugar o tutano da vida. É uma frase de Thoreau, que citavamos no início das reuniões. Reuníamos na velha gruta indigena e líamos Thoreau, Whitman, Shelly. Os "grandes" – Os olhos dos meninos se encheram de encanto, imaginando Keating e seus amigos lendo poesias na velha gruta indígena, cena até cômica.

— E alguns poemas de nossa própria autoria. Deixávamos a poesia exercer sua magia.

— Eram só um bando de caras sentando em volta lendo poesia? – Knox o interrompe com a voz baixa, no mesmo tom do capitão .

— Não era só um "bando de caras". Não éramos uma associação, éramos românticos.
Não líamos só poesia, a deixávamos gotejar das nossas línguas, como mel – ele corrigiu, colocando os dedos perto dos lábios, como se salivasse de prazer a cada palavra dita.
Os olhos dos meninos se enchiam de maravilha, imaginando eles mesmos nessa gruta, sendo poetas por uma noite

Steven Meeks- LoverboyOnde histórias criam vida. Descubra agora