Quando as Flores Contam Histórias

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Na terça feira, na aula de inglês com Keating, o professor deu uma atividade aos alunos, em que teriam por conta própria, e com suas próprias palavras, produzir um poema original, sobre qualquer temática.

Em seu quarto, pela tarde, Meeks lampejava essa ideia, sem saber sobre o que escreveria, ou como faria isso. Ele se sentou e começou a rabiscar palavras, enquanto isso, Gerard brincava com o rádio, trocando as sintonias e descobrindo novas estações.
De repente, eles escutam Neil gritando do corredor.

— CONSEGUI!! EU SOU O PUCK!! – batia na porta dos quartos – Charlie, eu consegui!! – bateu na porta de seu quarto, fazendo ele e o amigo saírem.

— O que ele disse? – Pitts perguntou olhando para o ruivo mais baixo.

Knox sorria animado na porta, e os outros rapazes o parabenizavam pelo feito, até o mesmo entrar em seu quarto e os outros o imitarem.

Gerard e Meeks entraram novamente, rindo, felizes pelo amigo.

— Ele conseguiu. Esse maluco, quero só ver como vai ser quando aquele velho do pai dele descobrir – Isso fez Meeks rir.

— Se ele descobrir, não é? Ele conseguiu fazer o teste e ele ainda não sabe, mas quem sabe até a estreia não é? –  Meeks defendeu.

— Ele é um maluco – Pitts continuou rindo.

— Oh se é. Mas pelo menos fez alguma coisa, ele agiu – O comentário fez o quarto se calar, os dois se mantiveram fechados com seus pensamentos. Mas era a verdade, Neil era o único que realmente absorvia tudo o que Keating dizia, ele não deixava o medo nem o receio o impedir.

Ele se sentou, com esses pensamentos se deixando dominar. Pegou o lápis e escreveu.

Ah, de rotinas, regras, contento-me,
Na ordem firme, minha senda traço
Floresço sonhos, mas pertencem a quem?

Com a flor dos sonhos, contento-me
A flor que de cima vem e a mim é delegada
Eu rego
rego
rego
Mas ela nunca cresce,
Eu cuido
cuido
cuido
Mas ela nunca me pertence
Esta flor por eles plantada foi,
Por mim cuidada é,
Que de mil sonhos cultiva
Nenhum meu será

Me consome da cabeça aos pés,
Me controla e me manda
Me regue e me cuide
Te sufoco e te engulo
Sem ar e sem lar
Sem sair e sem fugir
Aceitar e se calar
Devo eu, resistir?
Quando me vejo, como alma no céu
Vivi pela planta, mas não por mim.

Parou, leu e releu o que escrevera. Queria mostrar a Pitts para saber o que achava, mas ficou envergonhado, achando que seria estúpido, então fechou o caderno e foi estudar outras matérias.

— Sabe Pitts –  ele se virou na cadeira, olhando para o amigo –  eu vou agir. Não quero esperar até a sexta para vê-la novamente, vou mandar uma carta, escrever um poema ou sei lá, mandar flores a ela.

— É disso que eu estou falando garotão –  O amigo sorriu – o que vai fazer primeiro?

— Acho que vou escrever primeiro a ela, e mando junto as flores, mas não posso mandar para a casa dela, aparentemente o pai é muito bravo, vai que ele briga com ela. Melhor não arriscar não é? – o amigo concordou calado – Posso mandar para a escola dela. Mas será que ela não vai ficar constrangida? Talvez carregar um buquê por aí seja ruim, talvez chame muito a atenção. O que acha? –  O ruivo queria fazer tudo certo, e isso lhe deixava bem ansioso, "Será que ela gostaria disso?", "Será que ela vai achar muito?", esses pensamentos passaram pela sua cabeça. Queria que ela gostasse, e ficasse pensando nele depois disso, mas não de uma forma ruim, como "o garoto que me mandou flores na escola depois de uma quase encontro", e sim que visse como um gesto romântico, não desesperado.

Steven Meeks- LoverboyOnde histórias criam vida. Descubra agora