Capítulo 36 - Parte I

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Pela primeira vez, desde que cheguei naquele mundo, estava vendo um treinamento de guerra , comandado por Hollen para seus soldados. A forma como voavam e lançavam seus poderes era um espetáculo, mais se parecia um show de teatro que assistíamos nas praças reais, do que uma batalha. Entretanto, eles eram ferozes e o príncipe herdeiro também não parecia deixá-los relaxarem.

— Formação em fileiras! Preparem-se para a inspeção. — Sua voz autoritária ecoou pelo lugar.

Os soldados obedeceram a ordem com rapidez, se colocando em fileiras e formando linhas perfeitas.  Hollen caminhou entre eles, avaliando com os olhos esmeralda a cada um, de maneira critica. Satisfeito com a prontidão que encontrou, ele se colocou em frente ao grande grupo.

Era incrível como mesmo cansados, não via o suor ou o cheiro fedido que um campo de treinamento humano continha neles. Na verdade, ali estavam homens impecáveis e belíssimos, cujo nem mesmo os pássaros deixavam de admira-los.

— Hoje, focaremos em coordenação e sinergia dos nossos poderes. Cada um de vocês possui habilidades únicas, mas devem controla-las, para que possamos agir como um só. Agora que o aquecimento já foi feito, partiremos para os confrontos oficiais.

O príncipe dividiu os soldados em pequenos grupos, cada um focado em combinar seus poderes de forma eficaz.

— Concentrem-se! A luz precisa ser forte e precisa! As alucinações devem ser convincentes! — O príncipe gritava para determinado grupos, que parecia invocar bolas douradas e cheias de energia.

Com um certo tempo, percebi que dentre todos os grupos, um em específico possuía somente três soldados. Não entendi o que faziam, porque atacavam com espadas uns aos outros mas não havia faíscas ou luzes coloridas, nada como os demais. Era até que parecido com o treinamento humano.

— O que estão fazendo? — Perguntei quando Hollen se aproximou o bastante para me ouvir. Ele se virou, surpreso em me ver ali, o que mostrava sua concentração no treino.

— Olá, cavaleira Sana.

— Olá, vossa alteza. — Retribuí o sorriso e dei alguns passos para mais perto dele. — Pensei que veria algo mais...mágico? — Procurei as palavras certas, observando o pequeno grupo.

— Eu compreendo. — Ele riu. — Não é muito atrativo visualmente, devo admitir.

— Não comparado aos outros. — Apontei para uma fada que usava o ar para jogar folhas simples como dardos em uma árvore.

— Porém, não deixe que seus olhos a enganem. Estes três treinam uma magia que é incomum em nosso meio. Ela é chamada de fogo de vidro. Tão transparente quanto o vidro e tão destrutiva quanto o fogo.

— Não sei se consegui compreender. Para mim eles estão se enfrentando como qualquer soldado em um campo de batalha. São realmente rápidos e habilidosos, mas ainda é um confronto de armas comum.

— Observe a segunda fada, que recebe os golpes. — Observei o soldado que parecia defender-se dos ataques com excelencia de seu colega. Depois de um tempo, percebi que ele mais se mantinha afastado do que perto. — Se aquela espada encostar nele ou em sua armadura, mesmo que se defenda, nada poderá impedir o corte. A magia funciona como uma lamina certeira e onde quer que ela toque, será cortado.

— Como ácido?

— Essa é uma boa colocação. Porém, ainda o ácido se é possível ver, mas o fogo de vidro não deixa evidências de sua presença. Ele corta e desaparece, só é ativado quando toca em algo. Neste momento, deve estar cortando o ar, enquanto não acerta o soldado, mas não conseguimos enxerga-lo.

O Beijo Da Fada (CONCLUÍDO).Onde histórias criam vida. Descubra agora