Capítulo 37

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Edrian. 

Não haviam palavras que pudessem descrever o quanto meu  coração estava contente com aquele dia, extasiado pelo momento. Direcionei um olhar grato para minha mãe e por seu plano sorrateiro. Enquanto conversava com Sana, Diana e Hollen agitaram o povo, conduzindo-os até o centro do salão. Minha irmã, de alguma forma, conseguiu Nivellas, uma fruta que não nascia naquela estação do ano, mas que deu coragem suficiente para que Sana aceitasse meu pedido. Conhecendo-a bem, eu sabia que ela não aceitaria participar, principalmente depois de saber por Rosetta que as aulas talvez não tivessem sido muito uteis para ela. Mas, mesmo que meus pés fossem pisados ou seus cotovelos batessem em meu peito, nada conseguiria me incomodar. Estar perto dela, sentir seu cheiro, tocar sua pele, eram objetivos da minha vida, e se tornaram sonhos durante um tempo, mas, por fim, ela estava ali. Perto de mim. 

Todos se saíram bem, e Hollen deu ordens para que os músicos mudassem a musica, assim que me viu entregar a Sana o Mornago. A junção da Nivella com ele criaria uma onda de motivação, que duraria por pouco tempo, mas seria o suficiente para guiar o meu amor até o centro. 

— Será que posso retornar? Estou pensando melhor e não sei se...— Sentindo seu nervosismo crescente, puxei o corpo de Sana por sua cintura, admirando o brilho do vestido em contraste com a minha roupa.  Ideia de Rosetta com a nossa mãe. 

— Você vai estar maravilhosa. — Afirmei, enquanto nos viravamos para ficarmos de frente um para o outro e minha mão acariciava seu rosto. Conforme o efeito da Nivella e do Mornago fossem embora, ela voltaria ao seu estado normal e temeroso. Precisava convence-la a ficar. 

—  Posso pisar no seu pé. — Eu sorri para seu tom preocupado, sabendo o quão gentil o meu amor era. Uma parte que não vi ela demonstrar com seus colegas, uma parte da minha antiga Sanay. 

— Pode pisar quantas vezes quiser. 

— Isso não me motiva muito. 

— Não há dor maior do que te-la longe de mim. 

— Isso não é verdade. Quanto estiver com os dedos doendo, não vai dizer isso. 

— Meu coração dói a todo momento, menos quando estou com você. Sei o que significar sentir dor e acredite...— Me aproximei de seu ouvido, sussurrando. — ...ter você em cima de mim não dói nada. 

—  Edrian! — Seu tom foi repreensivo e quando me afastei, fiquei confuso com o rubor em suas bochechas. 

— O que foi? 

— Você não tem consciência do que disse, né?

— Não entendi.

— Abençoada ingenuidade. — Ela murmurou, mas meus ouvidos captaram suas palavras perfeitamente. 

Enquanto conversávamos, as melodias pararam por alguns instantes, indicando que a musica para a dança em casal começaria. Meu povo sempre foi muito festeiro e sempre comemorou o amor e o laço de duas almas, então aquele era o melhor momento para todos.

Manya era o nome da cantora, que com sorriu para mim com seus longos cabelos, enfeitados por Lascentes, as flores brancas. Seu vestido se assemelhava as ondas do mar, conforme sua lírica voz preenchia o salão. A musica contava a história de Anietta, a primeira humana a se relacionar com uma fada. Era a mesma mulher sobre o quadro rasgado em meu quarto. Por um tempo, nos primeiros meses, minha raiva me levou a desacreditar nas historias. Rasguei todo e qualquer quadro que colocassem, porque para mim, os contos se tornaram mentira. Mas com o tempo percebi a minha imaturidade e parei de descontar minha frustração em memorias maravilhosas, que carregavam amor e esperança. Meu povo sempre desenhou o que nossos antepassados viviam e por isso todo e qualquer quadro deveria ser respeitado, pois levava consigo um significado.

O Beijo Da Fada (CONCLUÍDO).Onde histórias criam vida. Descubra agora