O Beijo Da Fada (CONCLUÍDO).

Capítulo 30

— Chegamos. — Edrian parou o trajeto, enquanto erguia a cabeça para olhar para a paisagem estonteante.

E que beleza era aquela?! A fada sabia mesmo do próprio reino, porque nada poderia se comparar a aquela imagem. Haviam tantas, mas tantas árvores, com muitas folhas entre seus galhos, tão volumosas que não deixavam brechas para a luz solar. Deveriamos estar no completo breu, mas de dentro do que se parecia com uma bacia de pedra, uma luz roxeada com aspectos também em azuis, clareava o ambiente por completo. Flores com pétalas rosadas e com um efeito fantasma sobre elas, meio azulado, apenas constrastavam ainda mais as cores.

Conforme nos aproximavamos mais, percebemos que uma água brilhante e ao mesmo tempo límpida descia da bacia de pedra, passeando entre as flores e gramas, alimentando e suprindo sua vida. Enquanto isso, um pequeno riacho passava para a lateral, quase nos circulando, sem correnteza ou barulhos altos.

As folhas das altas e grossas árvores eram roxas, e só pude ver isso assim que foram iluminadas pelos cabelos de Edrian e de Erdem, que pareciam responder a luz de dentro da bacia, como as flores.

Olhei para Luara, peocurando entender o ocorrido e constatei que aquilo rstava acontecendo somente com as fadas, já que nossos cabelos continuavam do mesmo modo, sem parecerem fluorescentes, apenas com os reflexos das demais luzes.

— O que é isso? — Pensei que seria o primeira a se pronunciar, mas Luara estava mais curiosa com aquela natureza. Não era para menos, ela era a amante da fauna ali, não eu. — Espetacular!

— É chamada de fonte da vida. — Edrian sussurrou, como se falar alto fosse um crime naquele momento. Mas enquanto explicava, pude ver seus olhos ganharem mais cor e alegria, como se também fosse sua primeira vez vendo tudo aquilo. Ou talvez, fizesse muito tempo que não via. — Crescem a cada nova floresta. Se a terra e as plantas mudarem, a fonte também muda.

— Ela parece estar alimentando toda essa terra. — Luara se aproximou de Erdem, sem emitir barulho e tomando cuidado por onde pisava.

— As fontes deveriam ser difíceis de se encontrar. — Erdem tinha um leve tom interrogativo para o príncipe, mesmo que estivesse olhando discretamente para a loira.

— E são. Mas sempre fui muito aventureiro, então encontrei várias tocas e locais inabitados ou raros. Alguns possuiam belezas mais surpreendentes que outros. — Senti por um momento que o principe se referia a floresta em que nos encontramos pela primeira vez. A mesma que eu havia visto, enquanto andava com Fellicia por entre minhas lembranças alteradas.

— De onde vem essa fonte? Ela é como a água de qualquer riacho? E por que brilha? — O interrogatório científico de Luara havia começado.

— Posso responder conforme comemos. — Respondeu Edrian, apontando para um canto de grama baixa com quase nenhum flor e grande o bastante para que sentassemos em roda. A loira colocou a cesta que segurava com as gemas que havia colhido junto ao azulado. E eu coloquei a cesta de frutas cristalizadas, ganhada por Martin.— Sana, por favor, sente-se aqui. — Sugeriu a fada, apontando para o seu lado. Apesar de não ser uma ordem, algo em sua expressão e reação corporal, me dizia que se não o fizesse, talvez Edrian não aguentaria permanecer sentado ao lado dos outros.

— Claro. — Concordei, vendo-o ficar aliviado com minha aproximação. So haviamos ficado um pouco afastados durante a caminhada, comigo e minha amiga logo atrás. Não era possível que isso bastasse para incomoda-lo, era?

— Essa fonte vem de cada folha, galho e raiz que você vê. — Sua atenção se voltou para Luara, enquanto seus dedos encostaram levemente em meu joelho. — Quando uma pequena árvore nasce, com uma essencia diferente em seu interior e começa a se multiplicar, dando origem a uma nova e diferenciada floresta, logo, todas as árvores criam um meio de se autosustentar. Deve se lembrar que nossa flora e fauna é diferente da do mundo humano, e aqui, além de sol e água, elas se alimentam de magia. A fonte nada mais é que suas essências místicas indo e vindo, sem parar.