Capítulo 33

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— Isso com certeza é uma ameaça. — Foi a conclusão de Rachel, enquanto eu permaneci sentada sobre minha cama, sentindo como se o mundo fosse um buraco escuro e sem um pingo de luz. 

— Não sei quem é esse maldito, mas se ele acha que vou correr com o rabo entre as pernas, está muito enganado. Vou encontra-lo e faze-lo se arrepender por ter encostado em um fio de cabelo dela. — Eu falava sobre Meggie. Meu corpo parecia pronto para o combate, forte o bastante para aguentar o que fosse preciso até arrancar a cabeça do desgraçado, como ele arrancou o da jovem e sonhadora menina. 

— Para acabar com ela, precisamos saber quem é. 

— Do que desconfia?

— Pela forma como escreveu, a criatura parece ter ficado de olho em Megan. Sabia que ela desejava ser como você. Devemos aproveitar essa carta.

— Aproveitar? Ela veio acompanhada de uma cabeça! Por mim, podia ser queimada! As ameaças contidas aí não são nada! Não tenho medo dele!

— Quando uma pessoa, humana ou não, está possessa de raiva, ela sempre deixa escapar um ou outro detalhe que pode entrega-la. E essa coisa com certeza está bem irritada. O erro dela foi escrever essa carta. 

—  O que podemos tirar daí, a não ser ódio?

— Primeiro, ela parece ter um sentimento obsessivo pelo 4° príncipe.

—  Está apaixonada por ele?

—  Não parece ser um sentimento de paixão ou amor, é mais semelhante a emoção de alguém que deseja um objeto. A finalidade dessa coisa para com a fada não é romântica. 

— Alguém de seu povo? Uma mulher obcecada.

— As fadas não se corrompem e não são malignas.

— Edrian destruiu o orfanato.

— Não sabemos exatamente se ele estava se focando no orfanato ou somente na floresta. O que eu desconfio é de que o acidente no orfanato foi causado por essa criatura e não pelo príncipe. 

 — Ainda assim, essa fada pode estar sendo manipulada. 

— É da natureza delas ir contra a malicia. A não ser um desequilíbrio muito grande, nada poderia força-la a tramar coisas assim. E mesmo que o fizesse, não duraria tanto tempo, logo a raiva passaria e ela desistiria de continuar. 

— Fala sério, nunca houve uma fada mal? — Ainda era meio inacreditável que toda aquela gentileza e simpatia fossem sinceros.

— Nunca. Sei que é difícil de acreditar, mas dizer que elas podem contrariar a sua natureza é a mesma coisa que dizer que um vampiro não se alimenta de sangue, que uma sereia não vive no mar, que um dragão não cospe fogo, ou que nós humanos somos imortais. Não se altera ou muda a natureza de um ser vivo. A não ser que você seja Deus. 

— Tudo bem. Então podemos tirar as fadas da lista de suspeitos.  

— Segundo...— Ela continuou a falar do que a carta entregava sobre seu autor. Coisas que eu nunca teria percebido, mesmo depois de lê-la tantas vezes. —...ela acompanhou Meggie, a observou. Mas ao mesmo tempo, também estava de olho em você. Sabia que estava recuperando as memorias e que não havia contado para ninguém. Então deve ser alguém que não possui ou não precisa de um trabalho para sobreviver e de alguma maneira consegue se locomover entre os dois mundos rápido.

— Isso explica como sabia que Meggie queria ser como eu e como aprontou armadilhas comigo. — Me lembrei da senhora encapuzada que havia falado rudemente comigo no festival e que desapareceu com a aparição de Edrian. — Na verdade, acho que ela esteve aqui, no festival. Se disfarçou de uma senhora com aparência decadente. Perguntei ao príncipe sobre ela, mas não se encaixava no perfil de uma fada.  

O Beijo Da Fada (CONCLUÍDO).Onde histórias criam vida. Descubra agora