Capítulo 18

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Sana.

E depois de muito tempo correndo para um lado e para o outro, consegui encontrar a empregada responsável pela saúde de Edrian, que se apressou em acudi-lo. Antes que eu pudesse ir embora, a criatura despejou sobre mim palavras em sua língua e parecia irritada, então senti que estivesse me xingando.  Se fosse mesmo verdade, eu podia compreender sua fúria.  Mas era melhor ela, do que ter chamado Diana e me encontrar com a cabeça rolando pelo chão.

— Nã-não...— Quem tentava falar era o 4° príncipe, que parecia engasgado com o próprio sangue. Se fosse um humano ali, com certeza não estaria vivo para contar história, muito menos conseguiria emitir som. — Sa-Sana...— Seus olhos estavam me procurando, mesmo que os movimentos de sua cabeça e iris o deixassem com a impressão de ser cego. 

Eu me escondi do lado de fora da porta, sem ter coragem de encarar aquela cena. Era dificultoso entender o que estava me oprimindo, o que parecia torturar meu coração e minha mente, me deixando atordoada. Eu lutei contra monstros invasores, tive de capturar bandidos, protegi a familia real de assassinos e nenhuma das vezes em que fiz aquelas coisas, tive medo ou agonia ao ver o sangue. Mas ali, com um completo desconhecido, não conseguia me manter de pé, com as mãos sobre minha boca. Não acredito que vou vomitar aqui, pensei.

E sem conseguir continuar ouvindo o príncipe chamar pelo meu nome, enquanto gemia de dor, eu entrei em meu quarto e me agachei detrás da porta, me permitindo finalmente tremer. A vontade de chorar invadiu o meu peito, mas me contorci para dispersar o sentimento. Chega, eu tenho que ficar longe dessas fadas.

....

Já fazia cerca de uma semana que trabalhava para a rainha Taliena e voltava diretamente para o meu quarto. Algumas raras vezes éramos convidados para almoçarmos com a família real ou jantarmos, porém, Edrian nunca estava presente. Conforme o tempo passou, percebi certa diferença em ambos os membros de meu grupo. Forger estava tenso, preocupado, não conosco ou com a missão, mas com Rachel. O motivo? Não sabia e nem queria descobrir, tudo o que fosse relacionado a mulher, não me importava. Luara parecia estar no mundo da lua, e infelizmente, o motivo disso eu sabia, e tinha um nome especifico, Erdem. A fada de cabelos azuis parecia conhecer todos os gostos da minha amiga, e vivia a levando para passear pela floresta. Uma amante da flora e da fauna mágica nunca recusaria tal proposta. Passávamos muito pouco tempo juntas, ultimamente e isso não me agradava. Já Alef e Ramon pareciam unha e carne, andavam juntos para todo lugar e voltavam tarde da noite, rindo e contando de suas aventuras com as lindas mulheres fadas do reino. Eu fiquei chocada quando descobri que as fadas tinham sim uma vida sexual ativa, apesar de serem mais gentis na hora H, pelo menos, pelo o que Ramon me contara, mas também paravam de se relacionar quando namoravam, o que os tornava bem fieis. 

— Sai da minha cola, Sana.  — Já Rachel estava carrancuda des de que eu fiquei decidida em segui-la para onde quer que ela fosse, dando sempre desculpas esfarrapadas. 

— A rainha me disse para ir junto. 

— Tenho certeza que ela não disse nada disso.

— Ainda assim, é melhor duas mentes pensando do que uma. Esses monstros são muito perigosos.  — Estávamos falando de um Londors, uma criatura que havia escapado das florestas de Ellenor e que aterrorizava os habitantes de uma vila ali perto. — Soube que são muito selvagens.

— Os elfos que deveriam estar cuidando disso, não nós. — Felizmente a mulher não parecia ter negado minha ajuda, murmurando algumas frases para si mesma durante nossa caminhada até o local dos ataques. 

— Elfos? 

— Sim, Sana, elfos. Você nunca deve ter ouvido falar deles, com certeza. Mas não é surpresa alguma, o mundo todo tenta esquece-los. 

O Beijo Da Fada (CONCLUÍDO).Onde histórias criam vida. Descubra agora