3 - As boas-vindas de Hogwarts

104 10 17
                                    

"Eu não posso sentir da mesma maneira de antes. O tempo não vai curar esse dano mais. Não vire as costas para mim, eu não vou ser ignorada."

Faint - Linkin Park


Scarlett estava estarrecida. Aturdia. Não sabia qual era a de Sebastian, mas ele parecia fora de si, carregando duas personalidades que conflitavam completamente e tiravam a sanidade dela. Como ele ousa tocá-la daquela forma? E por que ele estava a olhando com tanta... profundidade? Os anos não fizeram bem para ele, claramente.

Ela subiu as escadas com tanta pressa que quase tropeçou quando tentou pular os degraus para se afastar. Queria ar, queria respirar fundo e gritar. Mas não pode fazer isso, pois a professora Weasley estava logo na entrada, segurando um grosso livro com ambas as mãos diante do corpo. Scarlett respirou fundo mais uma vez e forçou um sorriso.

— Bom dia, senhorita! Como passou a primeira noite?

— Bom dia, professora Wesley. — Segurou as mãos atrás do corpo. — Dormi como um bebê, a cama é ótima.

— Fico feliz que tenha gostado, pois essa será sua casa por um bom tempo. — Ela sorriu e Scarlett a acompanhou, feliz de fato com aquela notícia, engolindo o nervosismo do estranho momento lá embaixo.

O tom da conversa mudou após, já não eram as boas-vindas gentis, mas uma preocupação considerável sobre o ano de Scarlett. A professora Weasley explicou que havia grandes lacunas no aprendizado mágico da nova aluna e as consequências disso seriam dois anos puxados de estudos até o dia que ela prestaria os N.I.E.M.s, no final do sétimo ano.

O Departamento de Educação Mágica manteve um frequente contato com Fig durante o tempo que Scarlett esteve em sua casa e todo o corpo docente de Hogwarts se preparou para trabalhar todo o conteúdo principal dos anos anteriores em atividades extras e no uso de um livro especial que condensaria todos os conhecimentos, para que a Vice-diretora conseguisse rastrear e informar ao Ministério seus avanços.

O livro era grande, quase dois palmos de comprimento e tão grosso quanto os livros de História da Magia que havia lido em casa. Quando Scarlett o abriu, um clarão surgiu, ofuscando sua visão. Várias páginas voaram no ar e circundaram a jovem até voltarem para o livro e ela o fechar de uma vez, o barulho oco retumbou seu coração. Era assustador.

— O-obrigada, professora. — balbuciou.

Ominis vinha devagar, e se aproximou em passos silenciosos, parando ainda na escada.

— Senhor Gaunt, bom dia!

— Bom dia, professora Weasley! — Ele era cortês e muito educado em seu tom de voz. — Posso acompanhar a Scarlett hoje, se a senhora permitir.

— Eu mesma iria fazer isso, mas creio que seja uma excelente ideia para que ela se sinta mais a vontade, senhor Gaunt. — Ela desviou a atenção do aluno e tocou o ombro de Scarlett. — Qualquer dúvida, estarei em minha sala e espero te ver em minha aula.

Um curvar educado e ela rumou para fora. Scarlett e Ominis ficaram ali no hall. Ela tinha a respiração pesada que chamou a atenção do garoto.

— Sky... tá tudo bem?

— Sim... Tudo ótimo! — Lufou. — Terei um ano para aprender tudo o que vocês aprenderam em... cinco. Então tá tudo perfeito! Tudo ótimo!

Ominis tocou seu ombro, deslizando seu dedão de forma circular em uma carícia acolhedora que desmanchou a postura arisca de Scarlett.

— Você vai conseguir. Verá que só vai te falta prática porque a teoria você já tem depois de tanta leitura. Quantas vezes você já não leu os livros da sua mãe?

Escarlate | Sebastian SallowOnde histórias criam vida. Descubra agora