21 - Capítulos ( Revisado)

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                           Laura
                            

A delegacia à frente me faz querer desistir ao lembrar de tudo o que passei ao relatar o boletim de ocorrência. No final, o caso foi arquivado, e acabei sendo vista como a mentirosa da história. As pessoas ao redor, tanto na faculdade quanto em outros lugares, começaram a me julgar sem saber a verdade, já me condenando como a mulher fácil que só quis se fazer de vítima. Afinal, quem iria rejeitar um homem lindo e rico como Alexandre?

Fico me perguntando quantas mulheres tiveram suas vozes caladas por causa do machismo e da corrupção que existe na polícia. Não duvido que haja policiais bons, assim como há os maus. Mas são poucos em comparação à quantidade que se torna miliciano.

— Vamos? — Kayo perguntou, segurando minha mão esquerda e dando um leve aperto.

Aceno com a cabeça, sem conseguir dizer nada, e, depois de alguns minutos, saio do carro sendo acompanhada por ele.

Caminhamos até a entrada e, mesmo com o nervosismo e o medo querendo me parar, resolvo prosseguir.

Um trecho específico de um versículo vem à minha mente nesse momento: "Deus não deu a vocês espírito de covardia, mas de coragem."

Ter coragem não significa que o medo foi embora; pelo contrário, é enfrentá-lo. Decidir não ser mais refém dele, e hoje é o dia em que estou encerrando esse ciclo na minha vida.

— Olha quem apareceu depois de um bom tempo sumido. — Um policial moreno que estava na recepção disse com um largo sorriso no rosto.

— Você sabe como é, o trabalho está um pouco puxado. — Kayo disse, esboçando um leve sorriso.

— Vocês já marcaram o horário ou ainda não? — Uma policial de cabelos pretos e expressão séria perguntou enquanto digitava no computador.

— Sim, já falei com o Marco. — Ele explicou.

— Ok. — Ela disse, olhando para ele por um momento e atendendo o telefone fixo.

— Venham, eu vou direcioná-los para a sala. — O policial disse, caminhando à frente e mostrando o caminho que deveríamos seguir.

— Esse é o Gabriel Fonseca, um dos policiais mais íntegros e carismáticos que eu já conheci. — Kayo comentou baixinho.

— Entendi. — Respondo, olhando para as costas do homem alto e magro que caminhava à nossa frente. — Como vocês se conheceram? — Pergunto curiosa.

— Eu salvei a vida da filha dele quando houve um incêndio criminoso na casa dele. — Ele respondeu, enquanto olhava para o celular. Parecia que a mensagem que ele recebeu o desagradou, pois seu semblante se fechou, como se estivesse com raiva.

— Chegamos, podem entrar, o delegado já está na sala. — Gabriel disse, saindo logo em seguida.

Kayo bateu na porta e, assim que recebeu permissão, a abriu. Entro na sala depois dele e avisto um homem loiro, sentado em uma cadeira, lendo um papel.

— Obrigado por nos receber. — Kayo agradeceu, indicando que eu deveria sentar na cadeira à frente do delegado.

Sem dizer nada, sento na cadeira e entrelaço minhas mãos, em sinal de nervosismo.

— Não precisa agradecer, esse é o meu trabalho, e já faz um tempo que estou querendo prender a família Lobos. — Marco respondeu enquanto colocava o papel em uma pasta amarela. — A senhorita deve ser Laura Campos Valente, certo? — Ele perguntou, me avaliando com o olhar.

Se Kayo não estivesse aqui, com certeza eu estaria intimidada diante do seu olhar.

— Sim, sou eu. — Digo em tom baixo, enquanto olho para baixo.

— Eu sou o Marco e estarei cuidando do seu caso. Por favor, relate o que aconteceu naquele dia. — Ele pediu sério.

Aceno com a cabeça em concordância e paro para pensar em como descrever o que aconteceu. Kayo apoiou a mão em meu ombro e deu um leve aperto em sinal de que estava comigo.

Relato cada detalhe daquela maldita noite e de como fui salva por um casal que estava passando por lá. Dei os nomes deles e do hospital onde fui atendida.

Kayo me ofereceu um copo de água. Pego o copo e bebo o líquido, matando minha sede. Enquanto isso, o delegado estava anotando as informações que eu dava. Não entendi muito bem por quê, já que o gravador estava em cima da mesa, registrando tudo o que era dito.

— Antes desse incidente, houve algum outro? — Ele perguntou.

— Houve, uns quatro meses antes desse incidente. Comecei a receber presentes estranhos, como flores e cartões com frases desconexas, que eu tenho certeza que eram enviados por Alexandre, porque havia uma assinatura com as letras A e L juntas. Depois que ele foi embora, isso parou de acontecer. Alguns dias atrás, recebi um presente sem remetente. Pensei que era da minha amiga, que estava viajando, então levei para dentro e abri. Era uma câmera fotográfica com fotos do meu cotidiano, nos lugares que costumo frequentar. — Respondo séria.

— E foi depois disso que Alexandre perdeu o controle e invadiu a sua casa? — Ele perguntou.

— Sim, foi. Mas, antes disso, eu o enfrentei quando ele estava tentando abusar de uma mulher no banheiro, e foi assim que sua antiga obsessão voltou. Isso aconteceu em uma festa e tenho testemunhas como provas. — Respondo na defensiva.

— Não se preocupe, senhorita Campos. Não estou julgando você, e pode ter certeza de que irei capturar esse indivíduo e farei com que ele pague por tudo o que fez. — Marco prometeu determinado.

— Obrigada, senhor Marco. Só de saber que esse caso será investigado de forma justa e sem procedimentos corruptos, me sinto um pouco aliviada. — Agradeço sinceramente.

Nós nos despedimos do delegado e dos policiais que estavam na recepção e entramos no carro.

— Você tem alguma coisa que gostaria de buscar no seu apartamento? — Ele perguntou, dando a partida no carro.

— Sim, tenho que pegar minha moto. — Respondo, desfazendo o coque para um rabo de cavalo.

— Certo. — Kayo disse, indo na direção do meu apartamento.

Agora me lembrei que ele ficou de me levar para algum lugar. O que será que é?

— Você não poderia me dizer qual é o lugar para onde vai me levar mais tarde? — Pergunto curiosa.

— Não vou, não. Porque é surpresa. — Ele respondeu com um sorriso de canto que fez meu coração errar uma batida.

O que está acontecendo? Penso, colocando a minha mão direita sobre o peito.










Olá,  pessoal. Muito obrigada pela paciência e o carinho de vocês.  Finalmente consegui postar esse capítulo,  espero que tenham gostado.  O que será que no próximo capítulo vai acontecer? Talvez vocês se surpreendam no final.

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