Apenas isso

137 16 3
                                    


Harry havia prometido a si mesmo que não seria como aqueles dominadores nojentos. Que não usaria seu poder para machucar ninguém, que não forçaria nenhum submisso e nunca extrapolaria os limites. Isso o prendeu por muito tempo e até mesmo fez com que relacionamentos terminassem, no entanto, preferia continuar seguindo seu princípio. E mesmo assim, lá estava ele, dando uma ordem para Draco no meio do restaurante.

Antes mesmo que seu cérebro pudesse processar, já havia dito e obrigado Draco a paralisar sem seu consentimento. Era assim que ordens funcionavam, não havia muita justiça sobre isso. O máximo de controle que um submisso poderia ter vinha de medicamentos fortes que traziam danos colaterais e a palavra de segurança.

Draco já havia comentado que odiava os efeitos dos medicamentos e preferia receber ordens, afinal, mesmo que seu corpo não tenha muita defesa, sua mente conseguiria resistir desde que não houvesse uma relação com o dominador. No entanto, quanto mais próximo for a relação do sub/dom e quanto mais confiança há entre eles, mais difícil fica de resistir às ordens. E ele não acreditava que precisava de palavra-segurança, apesar de Harry agora levar a sério o fato de que a palavra deles era "não vou precisar" o que significava que se uma hora ele a ouvisse também o paralisaria. O loiro sabia disso, sabia que poderia se livrar facilmente daquela situação com três palavras, mas não queria o problema para si. Preferia resolver tudo numa conversa civilizada sem atacar Harry.

Por que já havia visto o efeito de ter a palavra-segurança usada contra um dominador. O relacionamento de um submisso e dominador é intrinsecamente ligado à confiança, por isso se houver necessidade e a palavra-segurança for usada, isso abala fortemente o ego do dominador, afinal, ele quer ser alguém que o submisso possa confiar, proteger e não ser temido. Nesse sentido, ver o medo nos olhos do parceiro e o fazer desconfortável a ponto de se sentir em perigo poderia afetar gravemente um dominador, a ponto dele entrar em um estado depressivo. Draco não queria fazer mal a Harry. Mas não sabia o que Harry estava pensando agora, os olhos verdes pareciam cheios de raiva que faziam o loiro questionar se Harry não queria o fazer mal.

— O filho da puta que mora com você estava te ligando, né?

— E daí se ele estava? Isso não é da sua conta. — Draco estava irritado, era compreensível, foi parado contra sua vontade pela dominação de Harry.

— Claro que é, eu gosto de você e disse que te ajudaria. — Harry o alcançou e parou de frente com ele.

Draco não conseguia andar, mas expressava bem sua raiva com o rosto. A raiva era um artifício que ele usava muito, seu mecanismo de defesa junto com o sarcasmo. Não sentia medo de Potter e no fundo sabia plenamente que ele nunca faria nada terrível com ele, mas ser controlado facilmente o fazia se sentir fraco e patético. Algo que repugnava profundamente. Não queria que Harry o odiasse e nem parecer fazer descaso de seus sentimentos, no entanto, no momento apenas conseguia sentir raiva dele e queria o fazer sofrer e se sentir insignificante como fez ele se sentir agora. Odiava ordens e se esqueceu em alguns momentos quando Harry as disse com doçura na casa dele, quando as usou para causar prazer e não dor. Mas agora se lembrou que odiava ser controlado e odiava ser um submisso. Não poderia ser o submisso de Harry, nada de bom poderia vir disso. Não precisava dele.

— E eu não concordei com nada disso. — Podia sentir seus dedos finalmente se mexerem a ordem de Harry estava perdendo o efeito, fazia sentido ser rápido, eles não tinham uma relação próxima o suficiente para durar muito. Na realidade, Draco ficou surpreso por Harry sequer ter poder sobre ele.

— Então concorde agora, eu não vou deixar você se mover até concordar. — Harry desviou os olhos para sua mão, viu que Draco estava perto de se soltar — Parado.

Crash into me - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora