-E você esta animado com o inicio das aulas, Felix?- O senhor Bang perguntou sorridente.Pelo visto, nenhum dos genitores havia notado que o clima entre os garotos estava tão denso que só poderia ser cortado com uma motosserra.
-Acho que sim.- Sorriu minimamente, ainda revirando os alimentos em seu prato. -Vai ser diferente.
-Diferente é bom, filho.- A Lee mais velha sorriu. -Normal é chato. E as faculdades aqui na Coréia são muito boas! É uma ótima chance pra ter um futuro melhor!
-Você vai se sair bem.- Christopher suspirou, largando os talheres na mesa. Estava totalmente sem apetite.
-Em alguma coisa eu tenho que me sair bem, né, hyung?- O ruivo disse com amargura, fazendo com que o Bang desviasse o olhar.
Chan suspirou pesadamente, erguendo-se e recolhendo o próprio prato.
-Estou sem fome.- Avisou. -Vou me deitar.
-O que deu nele?- A única mulher da casa questionou curiosa, Bangchan geralmente era o primeiro a fazer brincadeiras e puxar assuntos sobre quaisquer coisas que pensasse, mas, nos últimos dias ele estava tão cabisbaixo que sequer parecia o garoto que conhecia.
Além de que havia notado a mudança abrupta nos hábitos alimentares do garoto, quer dizer, o Bang comia feito um animal, e ultimamente mal tocava nos talheres.
-Não sei, mãe.- Felix deu de ombros, repetindo as ações do mais velho. -Acho que só esta preocupado com o lance da faculdade.
E aquilo até seria verdade -Se Felix não soubesse o motivo.-, afinal, Bang Christopher iria cursar Engenharia em uma universidade sul-coreana, então poderia de fato estar preocupado em se sair bem, sabendo o quanto a educação de tal país é exigente.
Ainda mais em um curso que era 86% exatas.
-Vou tomar banho.
-Entendeu alguma coisa?- A Lee olhou para o marido, enquanto o filho sumia pelo corredor do apartamento.
-Entendi foi nada.[ . . . ]
-Apaga a luz.- O loiro resmungou, sem fazer questão de abrir os olhos.
-'Tô guardando minhas coisas.- Felix bufou.
O Bang abriu os olhos, deparando-se com um Yongbok apenas de boxer rosa em frente ao roupeiro... que curiosamente ficava em frente à sua cama, dando-lhe uma certa visão privilegiada.
Fechou os olhos rapidamente, em um gesto infantil, ao ver o outro virar-se, trancando a porta e desligando o interruptor.
O ruivo não disse nada, apenas se deitou na cama que o pertencia e cobriu o corpo, em um silêncio mórbido e cheio de fúria.
Uma parte de si, compreendia Christopher. Ninguém aceitaria o amor deles, muitas famílias tem tendência a repugnar relacionamentos homoafetivos, e mesmo que os genitores deles nunca tivessem demonstrado atos homofóbicos, ainda assim o assustava a ideia... Além de que seus pais eram casados, conviviam sobre o mesmo teto há dois anos, se conheciam há cinco...
Mas, nada mudava o fato de que não eram irmãos.
Não tinham o mesmo sangue, nem genes, nem pais ou parentes.
Isso frustrava Felix. Onde estavam os culhões de Bang Christopher?Se sentia usado, apenas isso. Como se tivesse sido um brinquedo sexual descartável, o qual ele pôde foder à vontade e depois dispensar.
Uma diversão.
Já o Bang, se martirizava até a alma por saber que tinha feito algo sem volta. Sabia o que Felix estava sentindo, sabia que rejeitar o menino depois de tudo que fizeram sem dar uma única explicação plausível tinha sido a coisa mais imatura que poderia fazer.
Mas, mal-feito, feito.
Não tinha volta.
Magoou de forma intensa o coração inocente -Apesar de tudo.- do ruivinho, e agora, tinha que arcar com as consequências de seus atos. Não podia simplesmente achar que tudo ficaria bem e a vida seria um paraíso recheado de rosas e balas em formato de ursinhos.
Não podia apenas assumir uma pose de irmão mais velho carinhoso, na verdade, nem queria, a ideia de Felix o ver como uma figura fraternal embrulhava seu estômago.
Christopher era praticamente um adulto, e Felix, bom, podia não ser criança, mas, sem dúvidas era muito ingênuo para certas coisas.
-Já está dormindo?- Yongbok sussurrou após ouvir mais um trovão.
-Não.
-Não consigo dormir.- Confessou baixinho.
-Coloque uma roupa, pelo menos.- Chris pediu, e o garoto não pensou duas vezes, caminhando às cegas até o armário e pegando uma bermuda e uma camisa.
Vestiu as peças e foi se enfiando debaixo do cobertor vermelho que cobria a cama do loiro. Christopher deu espaço para o menino, logo deixando os dois em uma posição confortável. Passou o braço sobre o corpo míudo, tentando trespassar segurança para o garoto.
E apesar do que muitos pensariam, aquilo não era uma jogada do Lee para se aproximar, era apenas seu instinto agindo por conta do medo. Felix tinha pavor de noites chuvosas.
O trauma de infância o acompanhava, e todas as noites em que chovia de forma torrencial -Tal como esta em questão.- entrava em pânico ao se lembrar do acidente que tirou a vida de seu pai.
A mãe do ruivo lhe contou uma vez, que logo após a morte de seu pai, Felix entrava em desespero sempre que chovia, todas as noites em que chovia, sempre via o Lee passar elas acordado, mas agora, tinham intimidade o suficiente para o Bang lhe confortar.
-Hyung.
-Hum?
-Me desculpa...- Sussurrou, colocando a mão pequena sobre a do loiro.
-Pelo quê...?- Não estava sonolento o suficiente para se sentir confuso, mas, ainda assim não conseguia captar o que estava acontecendo.
-Não sei...- Suspirou. -Mas, eu sinto que fiz algo errado...
E tinha feito, seu erro foi fazer o Bang se apaixonar de forma tão desesperadora por si.
-Você não fez nada errado.- Disse em tom calmo, tentando controlar as emoções.
-Fiz sim...- Yongbok apertou com mais força sua mão. -Se eu não tivesse feito, você ainda ia me querer...
-Eu ainda te quero...- Chan abraçou-o ainda mais forte, escondendo o rosto nos fios alaranjados. -Mas, não podemos ficar juntos.
-Por que não?
-Por que as pessoas não vão entender.
-Mas... você gosta de mim... né?
-Eu te amo, Yongbok. E isso é tão fodidamente errado.
Naquela noite, Felix conseguiu dormir, extasiado em saber que Christopher o amava.
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Aulas de Coreano •Chanlix
FanfictionOnde tudo que Christopher queria era ensinar uma lição à Felix. [+18] [Repostada de acordo com as diretrizes da plataforma]