XXII

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Jão romania
Fortaleza - Ponto de vista

Eu nunca pensei que dividir um quarto com o Pedro seria tão difícil.

No dia em que ele chegou eu fui conseguir dormir pela manhã, quando eu finalmente me senti confortável com a situação.

Fazem uns 3 dias que ele está aqui, e sempre trocamos farpas, deixando o clima e a situação chata para todos.

É final de tarde agora, e estamos todos sentados na areia olhando o por do sol. Mais cedo estávamos brincando como crianças na água.

Eu estava com um cigarro na mão, e Pedro estava próximo, quase do meu lado, coisa que ele não estava fazendo.

- Dá para parar de jogar essa fumaça pro mundo? Eu não tô suportando esse cheiro!

- Senta pra' lá então!

- Eu não vou sair só porquê tem um infeliz que adora ficar baforando essa fumaça se achando o dahora! - Nesse momento todos já estavam nos olhando, em pleno silêncio.

- E eu não vou parar, até porque, eu não fumo pois é "dahora" - eu fiz aspas com as mãos.

- Fuma por que então!?

- Se você soubesse ia se ajoelhar agora, só pra pedir desculpas!

- Eu não me abaixo ao seu nível!

- Se abaixou tanto que foi o meu namorado! - Naquele momento, estávamos elevando o nível da voz.

- Não terminei com o meu logo depois do momento mais feliz da vida dele.

- O momento mais feliz da vida do meu infelizmente, foi beijar uma mulher e esconder de mim.

- Um beijo técnico!

- Escondido! - Estávamos frente a frente, apontando o dedo na cara um do outro.

Ninguém sabia o que falar, ou fazer, só estavam deixando a gente fazer.

- Eu te odeio. Eu tenho uma namorada mil vezes melhor do que você foi! - E naquele momento eu já não tinham mais argumentos contra.

Ele tinha razão, eu fui um péssimo namorado. Simplesmente deixei nosso relacionamento esfriar, não soube lidar com a distância, terminei no pior momento possível.

E não só com ele. Com Léo, com ele eu também fui um péssimo namorado. Usei ele para encobrir a falta do Pedro.

E mesmo com essa falta enorme, eu ainda usava o colar, e nesses dias não tive a coragem de tirar a camisa perto de Pedro.

Eu me levantei da areia, jogando a bituca de cigarro no seus pés, então eu saí andando.

Isa se levantou e veio até mim. Eu corri, só parei quando estava longe, andando com os pés no mar, que ia e voltava, trazendo remorso.

- Jão! Não chora... - Ela disse quando viu meu rosto.

- Ele tá certo Isa. Eu fui um péssimo namorado! E eu sou uma péssima pessoa, ele já me superou, e eu simplesmente deixei outra pessoa sofrer só pra tentar tirar ele da minha cabeça.

Do teatro para vida, meu amor. | pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora