IX

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Pedro Tófani
São Paulo - ponto de vista

Na hora que as palavras saíram de sua boca eu travei, me afastando, olhando para ele.

- que?

- Por que você mentiu? Você beijou a Júlia! Várias vezes! - Desmanchei meu pequeno sorriso que ainda sobrava.

Meu olhar passava por todo seu corpo, procurando consolo, mas sua alma estava fechada para mim agora.

- Eu tentei te contar.. mas- Ele me interrompeu.

- Sério Pedro, tentou mesmo? Se tivesse mesmo querendo que a gente fosse feliz depois dessa peça, teria me dito no aeroporto! Pois pelo que eu me lembre, você disse que não tinha beijo. - Sua voz expulsava cada palavra, e seus nervos pareciam estar pulsando em ódio.

- Não vamos brigar aqui.. - Olhei para baixo. Ele suspirou.

E saiu andando. Marília e Zebu já tinham ido embora, então eu apenas fui atrás dele sem preocupação alguma.

Entramos no seu carro, João estava com as mãos na cara, passando por todo seu rosto.

- Me desculpa.. - Ele olhou pra' mim, ele iria gritar, mas suas palavras foram engolidas.

- Eu me senti enganado. - Ele falou calmamente.

- Eu sinto muito, não era a minha intenção, mas eu não sabia como te contar.. eu fiquei com medo da sua reação.

- Mas não ficou com medo da minha reação aqui?

- Eu achei que você não iria vir..

- Que? Como assim achou que eu não viria?

- Depois da nossa briga mal resolvida, o jeito que andamos frio um com o outro, como o tempo longe está nos afastando...Achei que você não se importaria em vir.

- Pedro. Eu ainda sou seu namorado, e relacionamento passam por momentos ruins! Isso que você está falando é como se decretasse o fim, e se é isso que você quer, me dá a sua aliança. - Ele estendeu a mão.

Eu olhei sua mão colorada e brilhosa, de tanto tempo que estava fechada. Eu olhei para ele.

- Seja honesto comigo. Você quer terminar?

- Sim! Se você acha que eu não estou sendo o suficiente, estou frio, me entrega a sua aliança. - ele falou aquela frase como se empurrasse a mão na minha cara, me acertando um tapa.

Ele estava realmente frio. Eu retirei lentamente o anel da minha mão, pousando na mão dele lentamente, a mão dele fechou segurando o anel, ele retirou a própria aliança e colocou dentro do porta copos do carro.

Eu concordei com a cabeça com aquela decisão e pelo meu corpo percorreu o sentimento de término. Meu relacionamento de 8 anos tinha acabado.

Eu abri a porta do carro e sai. Não iria aguentar ficar nem mais dois minutos dentro daquele carro que estava guardando o sentimento de tristeza e de fim de um ciclo..

Eu voltaria para casa de apé. Sai andando com os passos apertados, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, e o vento forte, batendo, secando cada uma.

Do teatro para vida, meu amor. | pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora