O seu olhar

O que você festa fazendo aqui?

Freen pov

Hoje é o quarto dia que estou em casa desde o fim do meu relacionamento, passei a manhã faxinando a casa, novamente, tenho mania de limpeza quando estou triste, nesse momento me encontro debaixo do chuveiro deixando a água fria escorrer pelo meu corpo, lembranças das juras de amor e promessas não cumpridas voltam a invadir minha mente, não quero mais chorar. Nam avisou no trabalho que "peguei uma virose" e que iria ficar em casa alguns dias para me recuperar. Ela e o Saint vieram aqui no dia que terminei com a Nita e no dia seguinte, pedi que me deixassem sozinha, eles me conhecem e respeitaram o meu pedido, preciso de espaço para pensar, mas me ligam pelo menos duas vezes ao dia.

Os dois primeiros dias eu chorei dia e noite, pensamentos de insuficiência me invadiram fazendo eu me sentir pequena. Eu não sou o suficiente? O que falta em mim? Não, eu não tenho o que é preciso para as pessoas permanecerem, todo mundo sempre vai embora.
Coloco a cabeça debaixo d'água e as lágrimas se misturam na água que corre pelo meu corpo. Depois desses dias comecei a enxergar algumas coisas com mais clareza, vejo que os sinais estavam bem na minha frente, meus amigos me alertavam, mas eu botei uma venda nos meus olhos e nada vi. Saio do box me secando.

Às vezes nós mesmos nos enganamos, às vezes os sinais estão bem na nossa frente mas não prestamos atenção ou por algum motivo não querermos prestar. Paro na frente do espelho, vejo dor nos meus olhos, dor de ser traída, dor de ser enganada, a dor de confiar em alguém e essa pessoa te quebrar, quebrar sua confiança, meus olhos marejam, é isso, me sinto quebrada.
Saio do banheiro e vou ao meu closet, visto um robe preto, seco meus cabelos e saio do quarto. Irei assistir meus doramas que ganho mais!

Vou para a sala e me jogo no sofá com a intenção de passar o restante do dia nele, eu amo esse sofá, amo minha casa, ela não é muito grande mas não é pequena, montei ela do meu jeitinho, me sinto em paz aqui, no meu lar.
Ligo tv e procuro o dorama que quero assistir até que vejo a tela do meu celular ligando, deixei ele no silencioso mas o brilho chamou minha atenção, me inclino até a mesa de centro e olho para tela, Saint, atendo colocando no alto falante e volto a atenção para tv.

- Oi meu amor!- Ele fala animado.

- Oi vida, se for para saber como estou, estou bem, deitada no meu lindo sofá pronta para assistir meu dorama.

- Ah, perfeito! Vou sair no meu horário de descanso daqui a pouco, vou ir aí te ver.

- Certo, então vou deixar o portão e porta destrancados, é só entrar!- Sempre fazia isso quando ele ou Nam avisam que estavam vindo.

- Ok, até logo baby.

Encerro a ligação e volto minha atenção novamente para minha maravilhosa tv iniciando minha maratona. Sou tirada do meu mundo um tempo depois por batidas na porta. Será que eu só deixei o portão aberto? Ouço novamente batidas leves, me levanto e caminho até a porta para abri-la.

- Uai Saint, a porta estava destranca...- Meu corpo gela. - O-Oque você está fazendo aqui?

Beck Pov

Saio do banheiro ofegante, paro no balcão do bar e peço uma dose de whisk que logo é servido, mas o que foi aquilo? Nunca senti meu corpo tão agitado, tão quente. Ela me deseja e eu sei que se a tomasse ali ela não registraria, ela se entregaria, ela estava tão excitada, assim como eu. Mas não, eu quero que ela me peça para possuí-la, não sei o porque, mas, eu preciso que ela peça. Peço outra dose de whisk e retorno para a mesa com a respiração já regulada. Mas com meu interior inquieto.