10. À Margem do Sentimento

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Karina ficou parada, olhando para a porta fechada. O que havia acabado de acontecer?

Ainda sentia o gosto doce e amargo da bebida nos lábios, misturado ao toque quente e suave de Minjeong. A intensidade do momento parecia um sonho surreal, um lampejo de realidade que a atingira como um raio. Cada segundo daquele beijo reverberava em sua mente como um eco interminável, deixando-a desorientada e perdida em um mar de emoções.

Ela levou a mão aos lábios, ainda sentindo o toque suave de Minjeong. O beijo havia sido um turbilhão de emoções que a deixara com o coração acelerado. Karina tentou recuperar o fôlego, sua mente correndo em todas as direções enquanto tentava processar o que tinha acabado de acontecer. A pressão no peito era quase insuportável, um misto de confusão e desejo que a consumia.

Desde a primeira vez que viu Minjeong, algo naquela garota a incomodava profundamente. Não conseguia identificar exatamente o que era, mas transformara essa sensação em provocações constantes, talvez para manter uma distância segura. No entanto, aquele beijo inesperado agora lançava uma sombra sobre suas intenções, desfazendo todas as suas defesas cuidadosamente construídas.

Sentia um calor subir pelo seu rosto, uma mistura de vergonha e algo indefinido que a deixava ainda mais confusa. As lembranças do beijo - o gosto, o toque - continuavam a percorrer sua mente. Ela fechou os olhos por um momento, tentando se recompor, mas a tempestade interna parecia implacável.

A porta do banheiro se abriu de repente e Giselle entrou, com um olhar de preocupação. Karina tentou se recompor rapidamente, mas a expressão de Giselle demonstrava que a amiga não estava totalmente convencida.

— Ei, Karina, tudo bem? — Giselle perguntou, tentando discernir a inquietação de Karina. — Você entrou aqui há um tempo e não saiu. Estava procurando você para ver se estava tudo bem.

Karina deu um leve sorriso forçado, tentando ocultar a turbulência interna.

— Oh, Aeri, não é nada. Só precisava de um momento de paz. A festa estava um pouco demais para mim.

Giselle se aproximou, notando a inquietação no rosto de Karina.

— Você parece um pouco... perturbada. Algo aconteceu?

— Não, realmente não é nada. Apenas pensei que precisava de um tempo sozinha. Não é nada que uma bebida não possa resolver. — Disse Karina balançando a cabeça, com sua postura firme e orgulhosa.

Giselle franziu a testa, não totalmente convencida.

— Você não precisa fingir que está tudo bem se não estiver. Se precisar de ajuda, estou aqui para você.

— É apenas a festa, você sabe como é. Às vezes, é bom dar uma pausa. Por falar nisso, como está a pista de dança lá fora? Ainda animada? — Karina tentou mudar de assunto.

Giselle observou Karina com uma expressão compreensiva, mas cedeu ao desejo de mudar de assunto.

— Sim, a pista está ótima. Tem uma música ótima tocando agora. Talvez você devesse voltar e se distrair um pouco.

Karina deu um leve sorriso, sua expressão voltando a um semblante mais relaxado.

— É, acho que vou fazer isso. Não quero que as pessoas pensem que estou escondida aqui por muito tempo.

Giselle assentiu, percebendo que Karina estava tentando manter a compostura. — Certo, se mudar de ideia ou precisar de alguma coisa, só me avise.

Karina agradeceu com um aceno e esperou Giselle sair do banheiro antes de voltar a olhar para seu reflexo no espelho. O beijo com Minjeong ainda estava fresco em sua mente, mas Karina decidiu que, por agora, o melhor a fazer era se misturar novamente na festa, mantendo suas emoções e pensamentos mais profundos sob controle.

Ela respirou fundo, ajeitou o cabelo e saiu do banheiro com uma postura mais firme, decidida a enfrentar a festa com a mesma fachada impassível que sempre mantivera. Mas a realidade é que, por trás dessa fachada, um furacão de sentimentos a devastava, desafiando sua habilidade de permanecer indiferente.











Minjeong saiu apressada do banheiro, o coração ainda acelerado e a mente tumultuada. O beijo com Karina, embora inesperado e intenso, tinha deixado uma marca profunda. Sua calma usual parecia um pouco abalada, uma sensação de confusão e conflito misturada com o resquício do beijo. Sentia-se à deriva, presa entre o desejo ardente e a raiva fervente que Karina sempre lhe inspirara.

Ao cruzar o corredor, Minjeong não pôde evitar pensar em como a relação entre elas começou. Desde o primeiro dia em que se conheceram, Karina havia sido cortante e rude, um contraste brutal com a imagem que Minjeong tinha dela antes de conhecê-la pessoalmente. Apesar da primeira impressão positiva, Karina parecia ter feito questão de desmentir qualquer ideia positiva que Minjeong pudesse ter tido, atacando-a com palavras afiadas e atitudes desdenhosas.

E depois da discussão entre as duas na festa de Karina, ela havia ficado mais confusa ainda.

Karina odiava mesmo ela ou não?

Naquele momento, o que deveria ser um evento festivo tornou-se um campo de batalha interno para Minjeong. Sentia uma mistura amarga de raiva e confusão, uma luta entre a sensação de desejo despertada pelo beijo e o profundo ressentimento que carregava de Karina. Cada lembrança dos momentos passados juntas, cada palavra dura trocada, agora parecia envolver um novo significado.

Ela caminhou até a área onde seus amigos estavam, tentando manter a compostura. Minjeong observou a pista de dança, onde suas amigas Yuna, Ningning e Chaeryeong estavam se divertindo. Elas a viram se aproximar e, com sorrisos animados, a chamaram para se juntar a elas.

— Minjeong! Onde você estava? — Yuna perguntou, puxando-a para o meio do grupo. — Estávamos te procurando!

Minjeong forçou um sorriso, tentando esconder o turbilhão de emoções que sentia.

— Só fui ao banheiro. Acabei me perdendo um pouco no caminho.

— Nossa, quem foi que manchou sua blusa? Essa mancha não vai sair tão rápido. — comentou Yuna.

— Você parece um pouco... diferente. Tudo bem? - perguntou Mingning inclinando a cabeça, perceptiva.

Minjeong balançou a cabeça, mantendo a aparência calma.

— Estou bem. Vamos dançar?

O grupo se moveu para a pista de dança, e Minjeong se deixou envolver pela música e pelas risadas. No entanto, sua mente continuava voltando para o beijo com Karina. O toque dos lábios de Karina era uma lembrança persistente, misturado com o ódio que ela sentia pela forma como Karina a tratara desde o início.

Minjeong tinha sido gentil e aberta, esperando encontrar um trato semelhante. Mas, em vez disso, foi recebida com uma hostilidade inexplicável que a deixou perplexa. Agora, a tensão entre elas havia se transformado em algo mais complexo e difícil de lidar. Uma parte dela queria acreditar que aquele beijo significava algo mais profundo, mas a outra parte, ferida pelas ações passadas de Karina, resistia a essa ideia.

Enquanto se movia no ritmo da música, Minjeong tentou se concentrar no momento presente. As palavras de Karina, o beijo e a raiva se misturavam em uma tempestade de sentimentos. Sentia-se traída por suas próprias emoções, por se ver atraída por alguém que claramente a desprezava.

Ela se afastou um pouco do grupo, buscando um canto tranquilo para respirar e tentar esclarecer suas ideias. O beijo tinha quebrado uma barreira invisível, mas também havia deixado uma sensação de desconforto e dúvida. Minjeong não sabia o que isso significava para ela, nem para Karina. Tudo o que sabia era que precisava lidar com essa nova realidade, e por agora, isso envolvia manter a calma e encontrar um modo de processar o que tinha acabado de acontecer.

Minjeong observou a festa ao seu redor, tentando se desconectar das emoções conflitantes. A música e as luzes continuavam a girar, enquanto ela se esforçava para entender como os sentimentos profundos e a raiva poderiam coexistir dentro dela. Cada batida da música parecia sincronizar com os batimentos acelerados de seu coração, criando um cenário onde a alegria da festa contrastava brutalmente com a tormenta que se passava em seu interior.

Sisters / WinrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora