11. Desafio no Lar

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Aquela manhã começou como qualquer outra na casa de Karina e Minjeong, mas a tensão no ar era quase palpável. Após a festa, o distanciamento entre as duas se intensificou; nenhuma delas fez questão de trocar um olhar sequer. Para agravar a situação, o pai de Karina decidiu que todos deveriam tomar o café da manhã juntos, um esforço para aproveitar o feriado prolongado que se aproximava e fortalecer os laços familiares. O café da manhã, que deveria ser um momento de união, acabou se transformando em um ritual silencioso. Karina e Minjeong evitaram qualquer contato visual, como se cada uma tentasse se proteger da presença da outra. Os pais, alheios à tempestade emocional que fervia entre as duas jovens, falavam animadamente sobre os planos para o fim de semana, discutindo atividades ao ar livre e possíveis passeios.

Karina, sentada à mesa, tentava se perder nas páginas do jornal à sua frente. Mas as palavras pareciam dançar confusamente, uma espiral de letras que não faziam sentido para ela. Cada som que Minjeong fazia parecia ecoar de maneira ensurdecedora: o tilintar da colher contra a tigela, o leve estalar da bolsa de papel. O cheiro do café e do pão quente não conseguia disfarçar o desconforto que se instalava. Karina sentia uma necessidade urgente de escapar daquele ambiente sufocante. Levantou-se abruptamente, murmurando algo sobre um compromisso matinal, e saiu da cozinha sem mais explicações.

Minjeong observou Karina sair com um misto de frustração e tristeza. A lembrança do beijo ainda queimava em seus lábios, uma chama que não conseguia apagar. Assim que Karina saiu, ela também se levantou, alegando que tinha assuntos pessoais a resolver fora de casa. Era uma desculpa frágil, mas seus pais aceitaram sem questionar, absorvidos em suas próprias conversas e preparativos.

Durante o final de semana, ambas fizeram o possível para evitar a presença uma da outra. Karina vagou pela cidade sem rumo definido, vagando entre lojas e cafés, tentando se distanciar dos pensamentos que a assombravam. Passou horas em um café, tentando se concentrar nos estudos e nas tarefas que tinha pela frente, mas cada página lida trazia de volta a lembrança de Minjeong. O toque, o gosto, a intensidade do beijo. Tudo estava gravado em sua mente, e ela não sabia como apagar.

Minjeong, por outro lado, encontrou refúgio em uma biblioteca. Tentou se perder entre as estantes de livros, buscando algum tipo de fuga intelectual. No entanto, cada título parecia refletir seus sentimentos confusos, como se os livros estivessem observando sua luta interna. Encontrou uma mesa isolada e se sentou, tentando focar na leitura, mas seus pensamentos estavam fixos em Karina. Cada palavra do romance parecia uma metáfora para suas próprias emoções. Ela relembrou as provocações, as palavras amargas trocadas, e agora, o beijo que parecia contradizer toda aquela hostilidade.

Enquanto tentavam se distrair com suas respectivas atividades, ambas começaram a perceber pequenos detalhes que antes passavam despercebidos. Karina notou um grupo de adolescentes rindo juntos em uma praça e sentiu um vazio por não ter ninguém com quem compartilhar seus próprios sentimentos, ela mesma não queria admitir o que estava sentindo, ela simplesmente estava se deixando levar por emoção. Minjeong, em meio aos livros, encontrou um romance onde duas personagens, inicialmente inimigas, acabavam se apaixonando. Sentiu uma pontada de reconhecimento, como se sua própria vida estivesse sendo escrita nas páginas diante dela, refletindo uma complexidade emocional que ela não conseguia decifrar.

Quando a noite caiu, o inevitável retorno para casa se tornou uma realidade dolorosa. Karina chegou primeiro, indo diretamente para o quarto. Fechou a porta com um suspiro, desejando que o mundo parasse por um momento. Sentia-se perdida, sem saber como lidar com a presença de Minjeong na mesma casa.

Minjeong entrou em casa silenciosamente, ouvindo os sons abafados da TV na sala, onde seus pais assistiam a um filme. Subiu as escadas com cautela, como se cada passo pudesse desencadear uma tempestade emocional. Quando chegou ao corredor, viu a porta do quarto de Karina fechada. Sentiu um aperto no peito, uma sensação de frustração e desamparo, mas continuou para seu próprio quarto, fechando a porta com um leve estalo.

Durante a noite, o silêncio da casa parecia carregar um peso quase físico. O barulho ocasional da cidade lá fora parecia se misturar com o tumulto interno de Karina. Ela não conseguia dormir, os pensamentos girando incessantemente. Levantou-se e foi até a janela, olhando para as luzes distantes, tentando encontrar algum tipo de paz ou compreensão. A imagem de Minjeong vinha à sua mente repetidamente, um enigma que ela não sabia como resolver.

Minjeong também estava inquieta. Tentou ler, assistir a vídeos, fazer qualquer coisa para distrair sua mente, mas nada funcionava. Sentia-se dividida entre a raiva das provocações anteriores e a confusão sobre o que o beijo significava. Precisava de respostas, mas sabia que não as encontraria sozinha em seu quarto.

O dia seguinte foi um reflexo do anterior. Ambas continuaram a se evitar como se suas vidas dependessem disso. Nos momentos inevitáveis em que se cruzavam, como na cozinha ou na sala, trocavam apenas olhares furtivos e palavras mínimas. A estranheza começou a chamar a atenção dos pais, que começaram a notar a tensão crescente entre as duas, mas as jovens conseguiram disfarçar bem o suficiente para evitar perguntas. A tensão atingiu seu pico. Karina estava na sala, tentando se distrair com um programa de TV, quando Minjeong entrou, visivelmente nervosa. Pararam por um momento, encarando-se, mas logo desviaram o olhar. A mãe de Minjeong entrou na sala nesse momento, trazendo consigo uma notícia que não poderia ser ignorada.

— Meninas, temos uma notícia para vocês! — disse animadamente, com um brilho conspiratório nos olhos.

Karina e Minjeong se entreolharam brevemente, um misto de curiosidade e apreensão em seus olhares.

— O pai de Karina e eu decidimos que vamos sair para um encontro romântico. E, enquanto estivermos fora, vocês duas vão ficar aqui e cuidar da casa. Vamos aproveitar o feriado pois iremos começar a trabalhar mais mês que vem. Achamos que é uma boa oportunidade para vocês se conhecerem melhor e resolverem qualquer diferença que possam ter! — A mãe de Minjeong continuou, com um sorriso que sugeria uma combinação de esperança e expectativa.

Aquelas palavras caíram como uma bomba. As duas jovens sentiram um frio na espinha ao perceberem que estariam trancadas juntas na casa, sem escapatória, forçadas a enfrentar suas questões de frente.

A casa, agora um campo de batalha emocional, se tornaria um espaço de confrontos inevitáveis. O silêncio desconfortável que havia se instaurado seria quebrado por conversas que prometiam revelar verdades enterradas e sentimentos ocultos. Estariam elas preparadas para o que estava por vir? E enquanto tentam se entender, um novo desafio se aproximava, trazendo consigo um mistério inesperado que poderia mudar tudo mais uma vez.

Sisters / WinrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora