Sisters / Winrina

1. Notícias

O som distante de pássaros ecoava pela manhã silenciosa, mas Minjeong mal notava. O quarto estava mergulhado em penumbra, as cortinas ainda fechadas, filtrando a luz suave do dia. Ela permanecia imóvel em sua cama, encarando o teto como se esperasse que alguma resposta mágica aparecesse entre as rachaduras da pintura. A respiração era lenta, mas pesada, como se cada movimento custasse um esforço desproporcional.

As férias, que antes pareciam promissoras, agora não passavam de uma sucessão de dias monótonos, um ciclo infinito de tédio e inquietação. Logo, as aulas recomeçariam, e, por mais que odiasse admitir, Minjeong sabia que isso traria algum alívio. Pelo menos, a rotina das aulas ofereceria uma distração, uma fuga daquela sensação sufocante de estagnação.

Ela soltou um suspiro longo e abafado, fechando os olhos por um momento, como se isso pudesse silenciar a mente. Mas os pensamentos continuavam a invadir, insistentes, repetitivos. Finalmente, com um grunhido frustrado, chutou as cobertas para o lado e se levantou.

Preciso fazer alguma coisa. Qualquer coisa. O pensamento parecia ecoar pela sua mente, como uma ordem. Ela caminhou até o armário, abrindo-o sem muita animação, e puxou um moletom surrado. Vestiu-se mecanicamente, o tecido macio e desgastado oferecendo um mínimo de conforto. Ainda assim, a ideia de passar mais um dia encarando as paredes do quarto era insuportável.

Vou chamar a Ningning, decidiu. A ideia de ouvir as piadas sem sentido da amiga e seu riso alto e contagiante parecia promissora. Não era muito, mas era suficiente.

Desceu as escadas com passos arrastados, a madeira rangendo sob seus pés. O cheiro de café recém-passado pairava no ar, mas ela não prestou atenção. Era apenas mais um detalhe de um dia que prometia ser tão sem graça quanto os anteriores. No entanto, ao cruzar a porta da cozinha, Minjeong parou abruptamente.

Sua mãe estava lá.

A visão era incomum, para dizer o mínimo. Sua mãe estava sentada à mesa, com uma xícara de café entre as mãos e o tablet desligado ao lado. Seu rosto tinha uma expressão serena, mas havia algo em sua postura que Minjeong não conseguia decifrar. Não era comum vê-la ali àquela hora; geralmente, sua mãe estava ocupada demais para qualquer coisa que não fosse trabalho. E mesmo quando estava em casa, raramente os momentos entre elas passavam de um cumprimento breve ou uma troca de palavras sobre tarefas cotidianas.

— Bom dia, querida. Como vai? — A voz da mãe cortou o silêncio, suave, mas carregada de algo que a loira não conseguia identificar. Seus olhos se levantaram da xícara, pousando na filha com um sorriso pequeno, quase tímido.

Minjeong estreitou os olhos, desconfiada. Aquilo era estranho. Muito estranho. Sua mãe raramente puxava conversa, e, quando o fazia, geralmente era algo direto, sem rodeios, mais prático do que emocional. Algo estava fora do lugar.

— Bom dia. — respondeu, tentando soar casual, embora sua voz tivesse um toque de incerteza. Pegou uma fatia de pão e se sentou à mesa, sem olhar diretamente para a mãe. Ficou observando as comidas que estavam em cima mesa, como se fosse o lugar mais interessante do mundo, mas seu coração começava a bater mais rápido. Estava nervosa com aquela situação peculiar, sabia que algo estava acontecendo.

O silêncio entre elas se estendeu, denso, carregado de uma expectativa que a loira não soubera nomear. Não era o silêncio confortável de pessoas que convivem sem se importar, mas um silêncio tenso, como se a qualquer momento as palavras se dessem ao luxo de se revelar.

Minjeong sentia o olhar da mãe sobre ela, algo em sua postura que demonstrava uma mistura de insegurança e algo mais, um peso que estava sendo cuidadosamente depositado entre elas. Era estranho, esse tipo de atenção que não vinha com perguntas diretas, mas com um silêncio quase palpável.