O clima da sala de estar era acolhedor, embora o ar estivesse carregado com um tipo peculiar de tensão que as amigas não conseguiam ignorar. As paredes tinham uma cor creme suave, decoradas com fotos de Ningning e sua família em momentos felizes. No centro, um sofá grande e confortável estava cercado por almofadas coloridas e uma mesinha repleta de petiscos, pacotes de batata chips abertos, uma tigela de pipoca e latas de refrigerante que já estavam quase vazias. Um ventilador de teto girava lentamente, enchendo o ambiente com um som ritmado que contrastava com o silêncio quase absoluto.
Minjeong estava sentada no chão, apoiada no sofá, enquanto brincava com a borda de uma almofada sem realmente prestar atenção no que fazia. O tecido começava a ficar gasto, mas ela não se importava; mexer na almofada era uma distração bem-vinda enquanto esperava Ningning encontrar as palavras. Chaeryeong mantinha uma postura relaxada, os braços cruzados sobre o peito, mas seus olhos estavam fixos na amiga. Ela tentava captar cada nuance de expressão no rosto da chinesa, como se pudesse decifrar seus pensamentos antes mesmo de ela falar.
Yuna, como sempre, parecia ser a mais à vontade. Sentada com as pernas cruzadas sobre o sofá, ela mastigava um pedaço de pipoca que havia encontrado no fundo da tigela, seu olhar curioso e um tanto impaciente alternando entre as amigas. Mesmo em um momento mais sério, Yuna carregava consigo uma energia que parecia querer iluminar qualquer canto escuro.
Ningning, no entanto, parecia distante. Ela segurava uma almofada no colo, os dedos inquietos puxando fios soltos enquanto olhava para o chão. A almofada era de um tom vibrante de amarelo, um contraste gritante com sua expressão apagada. Ela mordeu o lábio inferior, um hábito antigo que entregava sua ansiedade. Era como se houvesse um peso invisível pressionando seus ombros, forçando-a a se curvar levemente para frente. O silêncio que se instalava entre elas era palpável, quase sufocante.
O relógio na parede ticava baixinho, marcando os segundos como um lembrete de que o tempo continuava correndo, mesmo que todas ali parecessem congeladas em expectativa. Ningning respirou fundo, mas hesitou antes de falar, os olhos ainda fixos no chão.
— E então, Ning? Você quer contar para a gente ou não? — perguntou Yuna, sua voz carregada de curiosidade, mas com um toque de paciência que não era comum para ela. Seu tom era suave, quase encorajador, como se quisesse puxar Ningning de volta para o momento presente.
A chinesa ergueu os olhos, encontrando o olhar das amigas. Por um momento, parecia que ela estava em um campo de batalha interno, lutando contra a vontade de manter tudo trancado e o desejo de finalmente desabafar. O suspiro que escapou dela foi longo e pesado, carregado de uma mistura de cansaço e alívio.
— Acho que já está na hora de vocês saberem sobre a minha história com a Aeri. — A voz dela saiu baixa, quase hesitante, como se estivesse testando as palavras antes de realmente se comprometer a compartilhá-las.
As três amigas se inclinaram sutilmente para frente, como se isso pudesse aproximá-las da verdade que a amiga estava prestes a revelar. O silêncio que se seguiu não era apenas de espera; era um espaço seguro sendo construído, uma promessa implícita de que qualquer coisa que Ningning dissesse seria recebida com compreensão.
O som de um carro passando do lado de fora da casa ecoou por um breve momento, quebrando a bolha de quietude, mas ninguém pareceu notar. Tudo estava focado em Ningning agora. Ela respirou fundo novamente, apertando a almofada contra o peito como se fosse uma armadura contra as emoções que começavam a transbordar.
— Eu nunca toquei no assunto porque me senti muito mal... — começou ela, a voz vacilando. Seus olhos dançaram entre as amigas, como se procurassem alguma garantia de que seria ouvida sem julgamentos. — Nós éramos inseparáveis. Por meses, éramos só nós duas contra o mundo. — Ningning parou, e um sorriso pequeno, mas cheio de saudade, tocou seus lábios antes de desaparecer rapidamente. — Então, um dia, percebi que sentia algo a mais por ela. Não era amizade... era algo diferente, mais intenso.
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Sisters / Winrina
FanfictionFamília Kim, uma família muito importante na Coreia do Sul. Eles eram muito unidos, Minjeong adora os pais, eles sempre davam carinho e amor para a pequena Kim. Em um certo dia, a família recebe a notícia em que o senhor Kim havia falecido em uma vi...