7. Fagulhas de Desdém

117 14 17
                                    

Já havia se passado um bom tempo desde o retorno das aulas, e a vida seguia seu curso com uma rotina um tanto previsível. Minjeong e Karina continuavam a se evitar, com exceção de pequenas interações carregadas de tensão. Karina frequentemente provocava Minjeong com comentários irônicos e olhares desafiadores, enquanto Minjeong rebatia com respostas afiadas e um desdém palpável. O clima entre as duas era uma mistura de tensões e desprezo, que, para ambas, parecia ser a norma.

Recentemente, a atmosfera entre elas havia se tornado um pouco mais carregada com a chegada de um evento importante para Karina: seu aniversário de dezoito anos. O dia foi marcado por uma festa elegante organizada pelo pai de Karina, que incluiu amigos íntimos e alguns familiares. O evento ocorreu em um salão de festas sofisticado, com uma decoração luxuosa e uma mesa cheia de delícias gastronômicas.

Minjeong, obrigada a comparecer por sua mãe, estava lá, pois agora eram da mesma "família". Era o mínimo que poderiam fazer. A presença de Karina, radiante em seu vestido de festa e com um colar de ouro recém-recebido de presente, era o foco das atenções. O colar, uma peça delicada, parecia brilhar ainda mais sob as luzes do salão.

Minjeong não deixou de notar a felicidade de Karina; era a primeira vez que a via assim. Observando a festa à distância, mantinha um olhar atento à dinâmica entre Karina e seus convidados. A felicidade da morena era evidente, com um sorriso de satisfação enquanto mostrava o presente para os familiares.

A loira considerou a ideia de desejar felicidades a Karina, mas rapidamente descartou a ideia. Sabia que Karina não fazia a menor questão de sua presença e não queria dar a impressão de que estava buscando uma reconciliação ou uma aproximação. Assim, decidiu manter-se distante, enquanto sua mãe, conversando animadamente com o senhor Yu e Karina, parecia ter esquecido completamente da presença de Minjeong na festa.

A festa seguiu com uma série de eventos sociais, incluindo dança, discursos e muitas risadas. Minjeong tentou se distrair, e às vezes alguns familiares de Karina iam conversar com ela. Minjeong tentava ao máximo evitar a área onde Karina estava. No entanto, sua curiosidade a levou a observar novamente o comportamento de Karina, especialmente quando ela interagia com outros convidados.

Por volta da meia-noite, a festa estava em pleno vapor, com a pista de dança cheia e a música alta. Minjeong decidiu sair para respirar um pouco de ar fresco. No jardim da mansão, longe do barulho, ela se apoiou contra a grade, tentando se acalmar. Foi então que Karina apareceu, afastando-se da agitação da festa para encontrar um momento de tranquilidade.

Karina estava sozinha, o colar de ouro brilhando sob a luz da lua. Ela parecia pensativa, seu olhar perdido no vazio. Minjeong hesitou por um momento, mas então decidiu se aproximar, atraída pela oportunidade de uma conversa que parecesse menos carregada de tensão.

Karina, visivelmente irritada, quebrou o silêncio.

— Você não consegue mesmo ficar longe de mim, consegue? Sempre tem algo a dizer, sempre tem que se meter. O que você quer, Minjeong?

Minjeong, mantendo uma postura desafiadora, respondeu com um tom cortante:

— Eu só estou tentando entender por que você continua a agir como se eu fosse um peão no seu jogo. Se não fosse assim, você não teria me provocado tanto. Algo me diz que você não está tão indiferente quanto tenta aparentar.

Karina balançou a cabeça, claramente frustrada.

— Você tem uma maneira incrível de transformar tudo em um desafio pessoal. O que quer, que eu me incline para você e peça desculpas?

Minjeong sorriu com uma mistura de sarcasmo e irritação.

— Não, eu não espero que você se incline para mim. Só quero que você seja sincera. Toda essa sua postura de "não me importo" é só uma fachada. Se não fosse, você não estaria me provocando a cada passo.

Karina deu um passo em direção a Minjeong, o olhar firme e a voz carregada de desdém:

— Ah, é isso? Você não sabe nada sobre mim. Eu não preciso de você para me lembrar de quem eu sou. Se você quer jogar esse jogo, então vamos ver quem consegue aguentar mais. - Disse, se aproximando cada vez mais da loira.

Minjeong sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Cada vez que Karina se aproximava, seu coração acelerava, e ela odiava a sensação de perder o controle.

Nenhuma das duas percebia, mas sempre que entravam em jogos de provocações, elas se aproximavam como ímãs irresistivelmente atraídos um pelo outro. Cada palavra afiada, cada olhar desdenhoso, era na verdade uma camada a mais em uma tensão que ia além do mero desprezo. Era uma dança complexa, onde o ódio disfarçava algo mais profundo, algo que ambas se recusavam a admitir.

Cada encontro, cada troca de farpas, era um passo nessa dança não ensaiada. A proximidade física, o calor das discussões, fazia o ar ao redor delas vibrar. Minjeong sentia seu coração acelerar sempre que Karina se aproximava, o que a irritava ainda mais. E Karina, por mais que tentasse esconder, sentia uma curiosa satisfação em ver Minjeong reagir às suas provocações.

Era como se ambas estivessem presas em um ciclo vicioso, onde a necessidade de manter a fachada de indiferença e desprezo alimentava uma tensão que as aproximava ainda mais. Cada provocação era um desafio, e cada desafio, uma oportunidade de se entenderem melhor, mesmo que de forma inconsciente. Assim, sem perceber, as duas estavam se atraindo cada vez mais, envoltas em uma tempestade de emoções contraditórias.

— Você se acha tão difícil de entender, mas, na verdade, é bastante previsível. Quer saber, cansei de tentar. Fique com esse orgulho irritante para você; já vi que as coisas não vão dar certo. — Minjeong revirou os olhos.

Karina bufou, claramente irritada.

— Você realmente acha que tem tudo sob controle, não é? Se acha que vai me forçar a ceder, pode esquecer. Eu não sou tão fácil assim.

— Não estou tentando forçar nada. Apenas mostrando que você não pode manter essa fachada por muito tempo. Se quer me evitar, tudo bem, mas saiba que isso não vai fazer com que eu desapareça. — Minjeong inclinou a cabeça, o olhar desafiador.

Karina deu mais um passo, a poucos centímetros de Minjeong. A proximidade fez o ar entre elas parecer eletrificado.

— Você é realmente insuportável. Talvez você realmente goste de me provocar. — disse Karina, visivelmente irritada, balançando a cabeça com uma mistura de frustração e raiva.

Minjeong podia sentir o calor emanando do corpo de Karina. Sua mente estava em conflito, dividida entre o desejo de continuar a discussão e a vontade de entender o que realmente estava acontecendo entre elas.

— Quer saber, cansei de falar com você, Jimin. Aproveite sua festa, passe bem! — disse Minjeong, saindo completamente estressada.

Karina apenas observou a loira sair dali. Ela mesma não entendia o que estava acontecendo, apenas sentia a necessidade de provocar Minjeong, com alguma intenção de deixá-la irritada. Karina pensava sobre a pequena discussão que acabara de ter com a Kim.

Qual será o problema dela? Sério... pensava a morena, observando o mesmo lugar onde Minjeong estava.

A noite estava longe de terminar, e com as emoções à flor da pele, o que aconteceria a seguir permanecia incerto. Minjeong e Karina estavam imersas em um complexo jogo de provocações e desejos não resolvidos, e o cenário estava pronto para um novo capítulo na relação entre elas.

Sisters / WinrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora