Capítulo 5

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      Roman e eu nos calamos depois que fizemos sexo oral. O gosto de seu pênis, seu sêmen morno, ainda se mantém em minha boca, mesmo eu tendo mascado chiclete.

      Se para algumas pessoas o silêncio é opressivo, a mim não incomoda. Não me importo de ficar horas sem falar. Sou descendente de russos, portanto, o silêncio é algo normal pra mim.

      Quando as palavras acabam é que prestamos atenção de verdade nas pessoas. Palavras enganam. Mas não um olhar. Cada movimento sutil de músculos faciais, cada piscar de olhos, cada enlevo de lábios ou sobrancelhas, são mensagens sinceras.

      Quando danço, é o meu corpo quem fala. Se minhas pernas me fazem saltar alto para alçar voo, são meus braços, minhas mãos e minhas expressões faciais que revelam o que estou sentindo. 

      Por várias vezes olhei a furto para esse homem que me sequestrou, e tudo o que consigo pensar dele é: perfeito. Pelo menos fisicamente. Os olhos azuis, um pouco mais escuros que os meus, a boca sedutora fechada numa linha dura, que lhe empresta um aspecto bruto, viril, formam um conjunto facial perfeito, sem nada a acrescentar.

      À todo momento encontro algo diferente nele. Um encanto, um mistério que não sei explicar, e que me cativa. Estou confusa. Às vezes o odeio, noutras me abro aos instintos que mandam eu me jogar e que me lembram que vale a pena assumir os riscos.

      Droga! Odeio me sentir como se ainda tivesse quinze anos, com as bochechas coradas e os pêlos dos braços eriçados. Senti isso quando transei com um garoto pela primeira vez.

      Por que estou me sentindo assim? Tudo o que ele quer é me foder e ter prazer – ok, também quero isso –, só um sexo casual de apenas uma noite, e depois que gozar dentro de mim, seguir sua vida. Nem ele, nem eu, queremos criar laços.

       Tenho que me lembrar que só vamos fazer sexo casual, mas há um tipo de qualidade nele – e que sua couraça de autosufiência oculta – que me atrai de um jeito arrebatador. 

      Não vou dizer que me chamo Danielle, nem onde trabalho. É melhor que eu permaneça nas sombras e de qualquer forma, o pouco que sabemos um do outro já é mais do que suficiente pra nós dois.

      Voltando a olhar para os prédios correndo como um borrão, os pingos da chuva fina escorrendo pelo vidro, lembro de algumas transas que tive. Desde meus quinze anos, tenho uma vida sexual ativa, contando namoro e transas casuais. Namorei meninos e meninas, transei com dois e às vezes três garotos ao mesmo tempo. Todas as minhas transas foram especiais. Eu ofereci uma parte de mim aos meus parceiros. Não apenas meu corpo, mas algo íntimo, só meu, e por mais que me julguem como uma garota perversa, nunca quis só ter prazer.

      Com Roman não vai ser diferente. Se ele quer me foder, então deve estar preparado pra sair do motel cambaleando, porque quero cavalgá-lo até deixá-lo exausto.

      Não sei que opinião formar desse homem. Ao mesmo tempo que ele me olha com superioridade, tenho certeza que vi um vislumbre de carinho paternal quando ele desceu do carro depois de me derrubar; ele me olhou nos olhos antes de olhar para o meu corpo, e isso mexeu comigo de verdade.

      O carro para no farol vermelho, e subitamente sou acordada dos meus devaneios ao sentir a mão direita dele na minha coxa, subindo atrevidamente e puxando pra cima a barra do meu microvestido. Sorrio, fechando os olhos, ao ter minha intimidade tocada, apalpada e beliscada, e em seguida, dois dedos se inserem dentro do meu sexo.

      Reteso meu corpo no assento do carro suspirando de prazer, tendo minha boceta invadida por mais dedos e o meu clitóris estimulado, o que faz com que minha vulva fique molhada.

Instinto PrimitivoOnde histórias criam vida. Descubra agora