Capítulo 28: Depressão e aceitação.

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Ele se arrependeu.

 Já fazia dois dias que Tsukishima havia voltado da casa de Yamaguchi e desde então

Parecia que nada o fazia sentir bem

 O garoto não saía do quarto desde aquele dia, sua cabeça não parava de doer um só minuto, ele não foi a escola por dois dias, se levantava da cama apenas para ir ao banheiro, ele não tomava banho ou escovava os dentes, não se sentia disposto o suficiente para isso.

 Do lado da sua cama, tinha uma tigela de sopa que Akiteru lhe entregou como jantar na noite anterior, ele nem sequer provou.

A tigela agora estava lotada de formigas e o garoto tinha quase certeza de que viu uma barata em algum lugar perto da janela, mas ele não se importava o suficiente com ela para se levantar e tentar matá-la

 A porta foi aberta num solavanco e Tsukishima não conseguia enxergar com a claridade que entrou no seu quarto, ele não sabia que horas do dia eram, havia perdido a noção disso há algum tempo

 Akiteru, pelo contrário, sabia que horas eram, era hora de tirar seu irmão mais novo da cama antes que ele se destruisse mais do que já estava destruído: - Levanta! - Akiteru puxou o coberto de Tsukishima recebendo um olhar confuso em resposta

- Você tem uma consulta, marquei hoje de manhã e a senhora Chio aceitou te atender daqui a uma hora, eu não tô pedindo para você levantar, eu tô mandando. Levanta!

 Tsukishima não tinha forças para contrariar o irmão, então quando Akiteru levantou seu corpo, levou até o banheiro e começou a tirar sua roupa para lhe dar um banho, Tsukishima não lutou contra, até porque, se sentia cansado demais para fazer qualquer coisa.

Até mesmo lidar com a humilhação do seu irmão estar cuidando dele como se fosse um boneco.

 Akiteru colocou Tsukishima no carro e dirigiu o mais rápido que pôde até a psicóloga.

Quando o carro estacionou, o garoto se perguntou se conseguiria andar até o consultório, e se não conseguisse, faria do mesmo jeito, era necessário.

- Tsukishima, é tão  bom ver você! - O garoto sentiu como se a voz da mulher tivesse perfurado seu tímpano profundamente - Como está se sentindo?

- Cansado.

- E o que tem feito para se sentir tão cansado? - O garoto não respondeu, ele tinha os olhos focados em seus pés balançando embaixo da mesa, era possível que nem tivesse ouvido a pergunta - Tsukishima?

- Sim... - O garoto respondia confuso, como se estivesse perdido em sua própria mente

- Bom, vejo que está um pouco distraído hoje... Como está Yamaguchi, sabe me dizer?

 O nome pareceu ter girado uma chave na cabeça do garoto, ele havia se esquecido dele, mas se lembrara da discussão aquele dia, de sua realização sendo um péssimo amigo, de sua desistência... e do cansaço infinito logo depois.

- Bem... eu acho - Tsukishima pareceu pensar um pouco, como se puxasse o rosto do garoto em sua memória - A gente não tem se falado muito.

- E porque não?

- Tivemos uma discussão - Outra pausa para seus pensamentos confusos - E eu mandei ele ir embora da minha casa

- E Porque fez isso?

- Eu tava com raiva...

- Do que exatamente sentia raiva?

- Dele. - Tsukishima agora encarava o teto - De tudo nele. O sorriso perfeito, o abdômen definido, os olhos que fazem eu me perder, as sardas perfeitamente desenhadas em seu corpo, o tom esverdeado no cabelo, a tatuagem de dragão nas costas, tudo nele... me dá raiva.

Say You Remember MeOnde histórias criam vida. Descubra agora