13 - Hannah Watson

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   Porra, eu beijei mesmo o Parker ? Sim, beijei o cara que eu supostamente odeio e que é meu rival, e pior, por muito pouco não acabei dando pra ele em cima do capô do carro mesmo. Que loucura, se contenha Hannah, você é impulsiva mas não pra tanto garota.

   E sabia que tudo que tá ruim pode piorar ? Pse, sonhei com o desgraçado a madrugada inteira. Balanço a cabeça dissipando esses pensamentos enquanto me levanto para ir ao banheiro.

   Ainda estou em Ottawa, passei a noite aqui na casa da governanta que cuida de Travor, ele ainda não sabe que estou aqui, não deixei ele na mesma casa que aquele monstro, era minha única condição para finalmente ir a faculdade como ele queria, mas precisava manter meu irmão em segurança se eu fosse ficar longe por tanto tempo.

   Cheguei pela madrugada com Miguel, já havia avisado a Sra. Berta que eu estava na cidade em um evento, como tenho a chave ela me permitiu entrar e que o quarto de hóspedes estaria nos aguardando.

   Eu a amo como se fosse da família, assim que informei a André que precisaria de uma babá anos atrás ele logo a contratou e nos tratou como se fôssemos seus netos, já que ela tem uma idade avançada com seus 60 anos.

   Cuidou de nós todo esse tempo, até que tive que ir à faculdade deixando metade do meu coração para trás. Mas isso estava se acabando, completei meus 21 anos recentemente e pretendo levar os dois comigo pegando a guarda total do meu irmão.

   Assim que saio do banheiro encontro um Miguel totalmente desmaiado de sono na cama, decido não acordá-lo ainda, desço as escadas bem devagar e já consigo ouvir as gargalhadas mais gostosas do mundo.

   Assim que chego na cozinha Trav está de costas para mim, faço um sinal de silêncio para Berta e quando chego perto o suficiente, coloco as mãos nos seus olhos, tampando sua visão.

   — Te dou somente uma chance para adivinhar quem é, uma dica: a pessoa que você mais ama no mundo.

   — Ai meu Deus! - ele grita e se vira com tudo, não tenho tempo de pegar ele no colo e caímos os dois de bunda no chão rindo.

   — Ei mocinho, você está enorme, cuidado quando for pular em cima de mim, não aguento mais ficar te carregando no colo.

   — Não acredito que você está aqui maninha, que saudade de você - ele me abraça apertado, e sinto minha visão se embaçando com as lágrimas que nem tento conter. Quando olho para Berta ela não está muito diferente de mim.

   — Também senti muita saudade de você meu neném, de vocês - olho para minha avó de consideração -  Me conta como você tá ? E a escola ?

   Passamos o resto do dia juntos, tomamos café da manhã, levei todos para almoçarmos em um restaurante, tomamos sorvete e rimos muito, ficamos no parque durante a tarde falando e comendo besteiras. O tanto que eu sentia falta de tudo isso é inexplicável.

   Infelizmente as horas passam rápido demais quando estamos todos juntos, e quando menos vejo precisamos ir embora, e isso acaba comigo. Toda vez que preciso me despedir é como se meu coração fosse quebrado em mil pedaços, deixando minha alma para trás.

   Quando estamos saindo do parque, sugiro a Travor que já estava bem tristinho.

   —  Que tal você vir no meu colo e dirigir um pouco hein ?

   Ele sai correndo saltitando na frente, sento e ele vem no meu colo, ele não vai dirigir óbvio, não alcança os pés no acelerador ainda, então eu conduzo tudo, só deixo ele com as mãos no volante na parte de cima, e eu segurando a parte de baixo.

   Assim que ele estiver com idade suficiente irei ensiná-lo a dirigir meus carros, e começar a apresentar a empresa também, infelizmente ele não pode crescer lá dentro como eu, mas isso não significa que não irei dar ótimas memórias para ele lá.

   Assim que estaciono em frente a simples casa da Berta - que já ofereci comprar uma bem melhor para ela, mas insiste que ali é seu lar e que está feliz assim, e Trav concorda então por mim tudo ótimo - Me despeço de Trav já chorando muito, e quando ele entra dentro da casa, e o Miguel no carro, eu me viro para me despedir de Berta e lhe dar um aviso.

   — Berta, como sabe, fiz meus 21 anos recentemente, irei entrar em contato com algum advogado para conseguir a guarda total de Travor e, da empresa ao menos tentar. Estou avisando por que quero vocês dois comigo em Toronto, não aguento mais ficar longe de vocês, toda vez que preciso me despedir eu saio com o peito apertado.

   — Claro minha menina, claro que vou com vocês para onde forem, além de considerar vocês dois meus netos, espero do fundo do meu coração que você consiga, que Deus te abençoe. Amo você minha menina, amo vocês todos - ela fala e manda um beijo para Miguel - Aah, e vê se trás a menina Angel com a Maddy um dia, Trav sente saudades de brincar com sua amiguinha ruiva - rimos juntas e concordo.

   — Amém Berta, e pode deixar, em breve estaremos todos juntos. Se cuida, te amo mais.

   Assim que entro no carro, desabo, é sempre assim, Miguel sempre vem comigo por que preciso de alguém para voltar dirigindo - sim ele dirige, porém como uma pessoa civilizada - Eu não consigo, nunca consigo, voltar a essa cidade é meu Karma, deixar meu irmão e Berta aqui me quebra.

   Eu também sempre visito meus pais no cemitério, mas como cheguei de madrugada e passei o dia com eles não deu tempo, e se eu for agora não terei forças para conversar com eles.

   Choro até metade do caminho, e quando não aguento mais eu durmo, acordo somente quando Miguel me chama quando chegamos.

Correndo Até VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora