Correndo Até Você

33 - Hannah Watson

   — Eu vou parar no cemitério rapidinho, tudo bem ? - Pergunto a Chase.

   — Sem problemas, quer companhia ?

   — Obrigada, mas gosto de fazer isso sozinha.
   Ele assente com a cabeça e seguimos em silêncio.

   Acabamos de chegar na cidade, eu sempre tento vir aqui e conversar com eles, da última vez não deu, mas agora eu vim primeiro, por que por incrível que pareça, aqui me dói menos do que deixar Trav para trás.

   Dizem que quando você aceita que aquela pessoa se foi, ela fica em paz, e foi isso que eu fiz, eu aceitei que eles não iriam mais voltar e deixei eles irem, ainda permanecem em meu coração, e eu gosto de vir aqui para conversar com eles, igual fazíamos antes.

   Confesso que ultimamente não venho mais muito aqui, não por que estou esquecendo deles, mas porque eu estou me libertando, e libertando eles também.

   Estaciono o carro, e viro para pegar as rosas brancas no banco de trás, eram as preferidas da mamãe, e papai sempre a dava.

   Quando abro a porta sinto uma mão em minha coxa, apenas olho para Chade e ele não precisa dizer nada, eu consigo ver em seus olhos toda a força que ele me tranmite.

   Ele é incrível, antes que eu mesma avance, ele vem até mim, roçou nossos lábios e me dá um selinho demorado, um selinho que mostra que ele estará aqui se eu precisar.

   — Estou aqui com você amor, para tudo.
   Apenas assinto e saio do carro, vou em direção às lápides e me sento entre eles, que ficam ao lados dos meus avós, olho para eles e mando um beijo sentindo falta dos momentos que não tivemos.
   Olha para frente e encontro a foto dos amores da minha vida, passo a mão sobre eles, e sinto a primeira lágrima cair, deixo as rosas ao lado de mamãe.

   — Oi mãe, pai, minha vida tá uma loucura - começo - Estou namorando - rio - De mentira, com Chase Parker, dá pra acreditar ? Ele é meu rival, nunca nem pensamos em ser amigos e agora estamos namorando, e ele ainda mora comigo, e sabiam que dá pra piorar ? Pois é, eu digo agora, estou apaixonada por ele - fungo - Ele é gentil, carinhoso, fofo, ele me ajuda, ele percebe quando não estou bem, ele me faz ser uma pessoa melhor, ele melhora os meus dias, eu aprendi a sorrir mais na presença dele, e isso está me matando, é difícil me abrir. Será que ele sente o mesmo por mim ? - é a primeira vez que me pergunto isso - Bom, não importa. Mas eai papai, tá vendo o que seu irmão está fazendo ? Sem ofensas vovó, mas uma camisinha teria resolvido muita coisa, ou uma esporrada na cara, tanto faz, mas você colocaram um belo filha da puta no mundo, mas prometo aos quatro que irei dar a volta por cima, vou manter o legado que todos vocês fizeram antes de mim.

   Levanto e seco minhas lágrimas, dou um beijo nas quatro lápides e me despeço, quando me viro vejo Chase, não perto o suficiente para ter ouvido algo, mas perto para conseguir me ver.

   Eu paro e fico o olhando. Como ele é lindo, era meio óbvio que eu não iria conseguir resistir, não só pela beleza, ele todo vale a pena.

   Chase Parker é uma pessoa que vale a pena, a pergunta é se eu quero destruir seu coração, isso se ele sentir algo por mim. Ele nunca namorou, e já passou na cama de várias garotas, qual seria a chance de ele ter se apaixonado justamente por mim ?

   Volto a andar e passo por ele, não dizemos nenhuma palavra enquanto andamos de volta ao carro, assim que pega na maçaneta para abrir, ele coloca a mão em cima da minha.

   — Quer que eu dirija ?

   Uma pergunta difícil, quero que ele dirija ? Sim, eu deixei meus pais irem mas não quer dizer que eu não sofra, mas também não quero mostrar tanta fraqueza, ele já vai ficar bem preocupado quando formos embora.

   — Não precisa, está tudo bem, agora vamos que tem um menininho que estou morrendo de saudades.

   — Claro que está, o garoto é igual você, tô com medo de acordar com o cabelo raspado - dou minha primeira risada sincera do dia.

   — Só um conselho: faz seu máximo para não dormir anjo, não me responsabilizo por nada - levando as mãos em rendição e ele estreita os olhos em minha direção.

   — Hannah Watson, se você aprontar comigo, vai ter volta.

   — Calma, eu ainda nem fiz nada, relaxe e aproveite o dia - digo e entro no carro.

   — De noite eu vou relaxar, bem gostoso. - me dá uma piscadinha, gostoso.

   Seguimos rumo a casa da Berta, vamos o tempo todo trocando farpas, brincando, soltando piadinhas, eu gosto da minha versão com Chase, uma versão leve e feliz.

   E quanto tempo mais eu puder deixar ele comigo, deixarei, eu preciso dele, só espero que isso não acabe conosco no final.