Correndo Até Você

39 - Hannah Watson

   Hoje tem corrida, acredito que a última do ano, daqui a poucos dias entramos no recesso devido às festividades do fim do ano.

   A família do Chase me convidou para passar o natal com eles, mas, será ?

   Ah, quer saber ? Que se foda, eu quero esse homem, e a família dele é um bônus a mais incrível na minha vida, só preciso ver de levar Trav comigo.

   Os filhos de Berta virão para cá, Miguel vai ficar com sua família, Angel, Bryan e Chase vão para Los Angeles, então vou ir com eles.

   Chase não está mais escondendo seus sentimentos, a muito tempo, e eu não sei muito bem como lidar com isso.

   Eu gosto do Chase, gosto tanto, que estou quase ultrapassando as barreiras e dizer a ele, me declarar da mesma forma que ele fez.

   Não porque ele quer, pelo contrário, está me esperando da forma que ele disse que iria, mas eu preciso falar por mim, por ele, e por nós.

   Depois que meus pais se foram, eu vivia a vida no piloto automático, corria, estudava, via meu irmão, e fazia as coisas do dia a dia.

   Depois do Chase, de tudo o que aconteceu nos últimos meses, algo mudou, eu me senti viva, feliz, leve, como a muito tempo não me sentia.

   Os pesadelos ? Não tenho mais, ele enfrentou cada um deles comigo, me disse centenas de vezes que tudo ficaria bem, que as coisas iriam se ajeitar, e eu acreditei.

   Eu acredito, porque sei que ele ficará comigo se eu cair.

   E ele não vai tentar me levantar, ele ficaria no fundo do poço comigo, se reerguendo junto comigo, subindo degrau por degrau, me esperando, da mesma forma que está fazendo agora.

   Ele não me cobra, ele espera, e esse tempo já passou mais do que queria admitir, até para mim mesma.

   Preciso lutar por nós.

   E com esse pensamento, após a corrida, irei chamar ele para conversarmos, tentar um relacionamento de fato, da forma que tem que ser.

   Da forma que nós merecemos.

   Meu celular começa a tocar, me tirando dos devaneios.

   Olha para a tela e franzo o cenho, o que será que ele quer agora ? Já é noite.

   — Dr. Frederico, tudo bem ?

   — Oi Hannah, tudo sim, desculpas por ligar esse horário, fiquei o dia todo ocupado mas preciso falar com você, infelizmente não consegui ir para sua cidade, então vai ter que ser pelo telefone mesmo.

   — Ok... - falo incerta - Alguma novidade ?

   — Na verdade sim, os papéis que me deu, o juíz deu uma sentença a seu tio, ele precisará comparecer ao tribunal daqui a duas semanas, precisam analisar o caso, seu sobrenome é grande, então não consigo te dar certeza do que pode acontecer lá dentro, sinto muito.

   — Eu imaginei que algo assim fosse acontecer, e tenho uma segunda carta na manga, caso tudo vá pelos ares, com isso eu tenho certeza que ele não irá escapar.

   — E o que seria ?

   — É muito pessoal, pretendo não usar se não for necessário, mas se precisar, você receberá em primeira mão, obviamente.

   — Tudo bem, só mais uma coisa, agora não tem mais como deixar o caso no sigilo, inclusive já foi enviada a carta de intimação, ele deve receber no começo da semana.