27 - Hannah Watson

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Eu vivi tantas coisas com Chase nesses dias, que eu nunca vivi com ninguém, chega ser loucura um pensamento desses passar pela minha cabeça.

Eu nunca me abri com ninguém, nunca me importei com homem nenhum, pra mim eles só são um passatempo. Os beijos e sexos são consequências da vida, muito bem vindas por sinal.

Mas Chase. Porra! Ele mudou tudo desde o primeiro dia, primeiro nosso curso em comum, segundo nossa rivalidade nas pistas, e agora isso, sexo, carinho, ajuda, preocupação.

Eu já o conhecia, sempre o conheci, mas só de vista, nossos pais eram amigos desde a faculdade e nossas mães engravidaram juntas, mas por algum motivo eu e Chase nunca fomos próximos.

O que é estranho por que filhos de melhores amigas, tendem a ser amigos também, mas acho que com a gente não deu certo, por sermos de estados diferentes.

Ele é da Califórnia, e eu aqui no Canadá.
Mas anos depois aqui estamos nós, próximos até demais.

Eu só tenho uma única regra: Não sei apaixonar.
Primeiro porque eu não tenho tempo, preciso resolver as coisas sobre meu irmão e a empresa.

Segundo que depois que eu me formar, irei para a Watson's Corporation, aí que não terei tempo mesmo.

E terceiro, e mais importante. Não posso mais perder ninguém.

Essa é a parte do luto que ninguém mostra, você fica com medo, pânico. Ao ponto de não deixar ninguém entrar por medo de perder, tanto relacionamentos, quanto amizades.

Angel e Maddy foi outra consequência incrível na minha vida, mas o tanto de medo que eu tenho de perder minhas duas ruivinhas.... Não gosto nem de pensar.

Então às vezes não é que eu não quero me apaixonar, eu só não consigo, tem algo que bloqueia, por isso eu também não tenho amigos além de Miguel, eu não deixo ninguém ver além dos meus muros.

E por isso também, eu estou com muito medo, por que o que sinto por Chase é diferente, não sou idiota, sei que aquele homem mexe comigo de formas muito diferentes, só espero que ele não saía magoado no final de tudo isso...

Sou uma mulher foda na universidade, todo mundo me conhece, se não é pelas corridas é por meu sobrenome, eu sou a maioral, meu olhar de indiferença e intimidar a todos, não é nada além de uma arma que eu mesma criei.

Eu não irei aguentar se perder mais alguém, simples assim.

Já tenho pessoas demais para me importar, Travor, Berta, Miguel, Angel e Maddy, e agora vem Chase com seu lado que eu não conhecia, e de brinde ainda tem o Bryan.

Para alguns esse número de pessoas não é nada, mas para aqueles que já perderam as duas pessoas mais importantes de suas vidas, são muitos corações para continuar batendo.

Eu só não posso, em hipótese alguma, me apaixonar por Chase Parker...

Sinto meu celular vibrando em algum lugar, estou no meu quarto sentada em frente a escrivaninha com o notebook aberto, estava fazendo algumas anotações, até que cansei e me distraí.

Saio pulando sobre as roupas e sapatos no chão em busca do meu celular, o encontro em cima da cama entre os lençois.

É Angel, atendo a chamado sorrindo.

— Oii loirinha, ocupada ?

— Para você ? Nunca ruivinha.

— Um doce como sempre - gargalho da sua fala - Quer sair ? Tô com tempo livre hoje, Maddy quer tomar sorvete no parque.

— Claro, posso te pegar daqui trinta minutos.

— Estamos te esperando - encerro a ligação e vou correndo me arrumar.

🌓

Minutos depois já passei na casa de Angel, e agora estamos no parque, pegamos nossos sorvetes e estamos olhando Maddy brincar. Colocamos uma toalha de mesa na grama e deitamos.

— O que você tem loirinha ? Tá muito quieta hoje.

— Não tenho nada foguinho, cuide da sua filha.

— Para de graça e começa a abrir a boca - deixo um suspiro pesado escapar.

Lembra quando falei que apesar do nome, Angel é tão encapetada quanto eu ? Pois bem, ela me conhece tão bem assim como conheço ela, e somos intrometidas, então sei que esse olhar afiado que ela me lança agora não é de uma pessoa que vai desistir desse assunto tão fácil.

— Meu problema tem nome e sobrenome ruivinha.

— Deixa eu adivinhar, Chase Parker.

— As vezes eu tenho medo de você por ser tão observadora, sabia ?

— Ah me poupe, vocês só faltam foder no meio do gramado do campus.

— Não é pra tanto Angel, estamos apenas fingindo, já sabe de toda a história - falo.

— Seja franca consigo mesma Hannah, isso é mesmo somente fingimento ? - Boa pergunta Angel.

— Tem que ser, não posso me apaixonar por ele, mas o Chase também não facilita em nada a minha vida - desabafo.

— Como assim ?

— Ele é romântico, sincero, e está me ajudando a passar por algumas coisas. Ele me levou até o alto de uma colina para gritar, logo após eu dizer que não me importo com ele.

— Como assim gritar ? Tipo gritar mesmo ? Deve ser libertador.

— Foi sim, muito, porque ele diz que não é só o escapamento que precisa fazer barulho para me deixar mais leve, e sim que o grito precisa vir de dentro de mim.

— E ele não está errado, Chase é um cara bom Hannah, qual o problema em se apaixonar por ele ?

— Eu não consigo perder mais ninguém Angel, não suportaria. Quero que ele permaneça na minha vida por que ele e Bryan se tornaram pessoas especiais, mas quando tudo acabar, nós também iremos. Mesmo que doa.

— Hannah...

— Não Angel, está decidido.

A corto e ela suspira, ela entende o quanto isso é difícil pra mim e não insiste mais, está decidido, nosso relacionamento está com os dias contados.

Correndo Até VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora