Cortando Corações - Leitora e Zoro (One Piece)

O Tesouro Esquecido

O grupo continuou a adentrar a floresta densa, deixando para trás a luz do sol que mal conseguia penetrar a copa das árvores. Permaneci ao lado de Zoro, que estava deitado no chão com a mochila sob a cabeça, parecendo totalmente alheio ao mundo ao seu redor. Ele parecia em paz, quase como se estivesse dormindo, mas a respiração regular e o leve movimento de seus lábios indicavam que estava apenas descansando.

Por um momento, me peguei refletindo sobre como havia chegado a essa situação. A lembrança de nossa última batalha surgiu em minha mente, trazendo à tona um turbilhão de emoções. Eu estava perdida nesses pensamentos quando uma súbita quentura na cicatriz nas minhas costas me trouxe de volta à realidade, arrancando-me um gemido de dor.

— Está com dor? — Zoro perguntou, sua voz carregada de uma preocupação inesperada, apesar de ele não ter aberto os olhos.

— Só um pouco, mas... espera aí, então você está acordado, seu idiota! — exclamei, dando-lhe uma pancada forte na cabeça. A força do golpe o fez levantar rapidamente, com a mão sobre o galo que começava a se formar.

— Ai, sua maluca! Está passando tempo demais com a Nami — reclamou, esfregando a cabeça.

Eu não pude deixar de rir da sua expressão de surpresa e dor. Apesar de todo o treinamento e das batalhas que enfrentamos juntos, Zoro ainda conseguia ser um enigma para mim. Sua capacidade de parecer despreocupado e sereno, mesmo nas situações mais adversas, era algo que eu admirava e, ao mesmo tempo, achava profundamente irritante.

— Você devia prestar mais atenção, Zoro. Nunca sabemos o que pode surgir nessa floresta — adverti, tentando recuperar minha compostura.

Ele abriu os olhos e me olhou com uma expressão que misturava cansaço e divertimento.

— Eu sei, mas confio em você para cuidar de mim — disse, seu tom sério mas com um leve sorriso brincando em seus lábios.

Suspirei, tentando não deixar transparecer o quanto aquelas palavras me afetavam. Zoro tinha esse dom de tornar as coisas mais leves, mesmo quando a situação era complicada. A floresta ao nosso redor parecia mais ameaçadora a cada passo do grupo que se distanciava, mas sua presença ali, mesmo deitada e relaxada, me dava uma estranha sensação de segurança.

— Vamos, levanta. Não podemos ficar para trás — disse, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar.

Ele aceitou minha mão, levantando-se com um leve gemido de esforço. Enquanto começávamos a caminhar novamente para alcançar o grupo, senti uma onda de gratidão por tê-lo ao meu lado. Não importava o quão sombria a floresta se tornasse ou quantos perigos nos aguardavam, eu sabia que com Zoro ali, enfrentaríamos tudo juntos.

— Você ficou de me contar por que estava bebendo sozinha naquela casa quando nos encontramos — disse Zoro, mantendo o olhar fixo na floresta à frente.

Por um momento, senti um desconforto crescer dentro de mim. A lembrança daquele dia era dolorosa e embaraçosa, uma sombra que eu preferia manter escondida. O silêncio entre nós parecia pesar ainda mais, e o som das folhas sob nossos pés soava mais alto do que nunca.

— Eu... — comecei, hesitando. — Não é uma história bonita, Zoro. Não sei se quero falar sobre isso.

Ele virou a cabeça levemente, sem desviar os olhos do caminho à frente.

— Não precisa ser bonita. Só precisa ser a verdade — respondeu, sua voz calma e firme.

Suspirei, tentando reunir coragem. Olhei para o chão, observando os padrões das folhas secas e dos galhos caídos, tentando encontrar as palavras certas.