𝑷𝑨𝑺𝑺𝑰𝑶𝑵 𝑨𝑵𝑫 𝑯𝑶𝑵𝑶𝑹 | 𝘎𝘸𝘢𝘺𝘯𝘦 𝘏𝘪𝘨𝘩𝘵𝘰𝘸𝘦𝘳

9. O chá

Narrado por Gwayne Hightower:

Rhaella adormeceu logo após termos feito algo que sabia ser proibido. Mas, admito, de todas as mulheres com quem já estive, nenhuma se comparou a ela. Não consigo explicar, mas havia algo diferente, especial. Ela era uma princesa, pura e intocada... bom, era.

Seu rosto era de uma beleza incomparável, e por mais que eu o observasse, nunca me cansaria de admirá-lo. No entanto, o amanhecer já se aproximava, e eu sabia que precisava sair dali antes que fosse visto. Por mais que desejasse permanecer com ela em meus braços, não podia arriscar.

Com cuidado, levantei-me da cama, tentando não perturbá-la. Quando me certifiquei de que ela ainda dormia, vesti minhas roupas e a armadura rapidamente. Antes de sair, voltei à cama, aproximando-me com passos suaves. Afastei uma mecha de cabelo de sua testa e deixei um beijo suave ali, um gesto silencioso de despedida.

Peguei minha espada e abri a porta com cautela. Para minha sorte, não havia nenhum cavaleiro à vista. Fechei a porta atrás de mim e segui para o salão onde os outros cavaleiros costumavam se reunir.

Ao chegar, sentei-me em uma cadeira, debruçando-me sobre a mesa. Minhas mãos cobriram meu rosto enquanto a realidade do que havia feito começava a pesar sobre mim. Não podia negar que tinha quebrado todas as regras, ultrapassado todos os limites que um cavaleiro deve respeitar.

Ali, naquele momento, refleti sobre meus atos e o que isso significava para o futuro. Sabia que, por mais que tivesse sido um momento especial, as consequências seriam inevitáveis.

(...)

Após algumas horas de inquietação, me encontrei caminhando pelo corredor de uma sacada do castelo. O sol alto no céu indicava que já estávamos perto da hora do almoço. Enquanto descia as escadas, meu pai me abordou, seu olhar carregado de suspeitas.

— Onde esteve na noite passada, Gwayne?
- perguntou, seus olhos me examinando com descontiança.
Endireitei minha postura e respirei fundo.
Eu raramente mentia para meu pai, mas sabia que, desta vez, seria necessário.
— Estava no meu posto, na porta do quarto da princesa, pai. - respondi, tentando manter a voz firme enquanto desviava o olhar, forçando um leve sorriso nos lábios.
Mas meu pai não era um homem fácil de enganar, e eu sabia disso. Ele respirou fundo, olhou ao redor para se certificar de que ninguém nos escutava, e então me puxou para perto, o olhar sombrio e implacável.

— Você desonrou a princesa, Gwayne?
Não ouse mentir para seu pai. - A intensidade em sua voz me deixou atordoado. Como ele poderia saber?
Olhei para o chão por alguns segundos, buscando uma maneira de responder.
Quando finalmente ergui os olhos para encará-lo, a resposta saiu quase instintivamente.

— Quem lhe contou tais calúnias? - perguntei, minha garganta seca enquanto tentava disfarçar meu nervosismo.
Meu pai me encarou por mais um momento antes de me soltar, o desapontamento evidente em seus olhos.
— Gwayne, eu vi de longe você saindo do quarto da princesa. Você a desonrou, você a violou! - Sua voz se elevava a cada palavra, a última acusação ressoando em minha mente como um golpe.
Eu me senti profundamente frustrado. Eu jamais faria algo tão desprezível.

— Eu não a violei, pai! Desde a primeira vez que a vi, fiquei encantado por sua beleza.
Quando nos reencontramos, andamos juntos a cavalo e conversamos por horas na floresta. A princesa confessou ter certo afeto por mim, e eu por ela! Não me acuse de algo que jamais faria. - Minha voz era firme, cada palavra carregada de convicção.
Meu pai respirou fundo, parecendo incerto.
Após alguns instantes, ele assentiu, reconhecendo minha sinceridade.

— Ela está prometida a Jansey Bolton. Eu não sei como vou contar ao rei que o MEU FILHO transou com a princesa. - Suas palavras foram como flechas perfurando meu peito. Eu sabia que tinha desonrado minha posição, mas não podia negar o que sentia. E a ideia de Rhaella estar prometida a Jansey, um sádico conhecido, me enchia de fúria.
Encarei meu pai, meu olhar refletindo a tormenta de emoções dentro de mim.