Engfa Waraha
Tailândia
BangkokQuatro dias se passaram desde a visita de Engfa ao Templo do Amanhecer e desde então, a comandante não conseguira dormir uma única noite sequer. Seus sonhos agora eram povoados pela presença da misteriosa mulher cujo rosto ela jamais vira. Entretanto, o sonho da noite passada lhe causou certo mal estar ao perceber que a desconhecida — a sua desconhecida, como preferia chama-la, embora não soubesse de onde vinha a possessividade — estava em um momento um tanto quando íntimo.
A imagem lhe revirou o estômago mesmo em sonho, ao ponto de fazê-la pedir para que a outra não continuasse com o que estava prestes a fazer. Engfa não conhecia o homem que detinha a mulher nos braços, já que sua imagem também estava borrada, mas algo em seu íntimo a fez sentir a mais profunda raiva. Não faça nada que vá se arrepender depois, murek. Não sabia dizer se apenas pensou ou se falou em voz alta, mas surpreendentemente surtiu o efeito desejado.
A comandante não soube dizer se a outra a tinha escutado ou não, mas ela afastou o homem, que a deixou sozinha logo em seguida. Engfa também não soube explicar de onde veio o alívio que sentiu se espalhar por seu corpo quando viu que conseguira impedir o que estava prestes a acontecer. Não entendia como, mas se permitiu sentir um pequeno prazer em ter atrapalhado.
O lado bom foi que impedi uma tragédia de acontecer bem na minha frente. O lado ruim é que não dormi sequer metade do que gostaria, pensou ao sentir os raios de sol sob seu rosto no dia seguinte. A comandante bufou enquanto saia do conforto de sua cama e se preparava para mais um dia de governo.
Apesar de cansativo, a comandante não reclamava da função que exercia porque entendia que tinha um motivo pelo qual fora capacitada e, de certo modo, escolhida para assumir o trono. Tinha todo um povo para alimentar e proteger, não podia se dar ao luxo de descansar de maneira prolongada, de qualquer forma.
A comandante adentrou a sala do trono, encontrando algumas de suas conselheiras mais próximas, tais como Aoom, Marima e Heidi, além de Meena, a aguardando pacientemente.
— Bom dia, Comandante. Podemos começar a reunião? — Marima tomou a palavra de si ao vê-la se acomodar em seu trono.
Quando obteve um aceno positivo como resposta, a mulher, que era a líder do clã que habitava a Floresta Brilhante, mostrou um mapa da cidade de Bangkok e apontou para um ponto que todas conheciam muito bem.
— A arena principal já está pronta para receber os competidores e, se não estou enganada, algumas das comitivas já chegaram, certo? — indagou, encarando a governante.
Waraha apenas assentiu, confirmando e permitiu que a mulher prosseguisse.
— Ótimo. Quanto mais deles chegarem adiantados, significa menos tumulto nos portões principais e menos brechas para falhas de segurança. Os guardas que estão circulando são todos de seu clã, Khun?
— Não, nem todos. Algumas das comitivas que já chegaram trouxeram seus próprios soldados consigo como medida de segurança. De qualquer modo, é uma outra forma de fazer com que se misturem e que se sintam úteis.
Engfa era conhecida por suas estratégias e leitura das diversas situações nas quais poderia se encontrar. Era astuciosa e sagaz na medida certa, sempre considerando os riscos, os prós e os contras.
— Quais delegações já estão aqui na capital? — A comandante ficou curiosa para saber quais pessoas de quais territórios já estavam passeando pelas ruas da principal cidade de seu clã.
— Até onde eu saiba, já estão aqui os representantes de Floresta Brilhante, o clã do Deserto, o Povo do Lago, o Povo dos Barcos e Delphi. Isso contando com o clã anfitrião, claro. — Meena avaliou a reação das presentes.
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Hiker Spirit (Englot version)
FanfictionA história se passa em um universo com uma pirâmide estatal dividida entre alfas, betas e ômegas. Engfa Waraha é a comandante que uniu treze clãs em uma coalizão poderosa, porém é atormentada por visões de derramamento de sangue e uma mulher mister...