Capítulo 9 - O que poderia ter sido

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Charlotte Austin
Tailândia
Bangkok

Charlotte congelou onde estava, o olhar fixo no rosto de Davikah. O rosto sem qualquer expressão. Não sabia o que pensar.

— Lua de Sangue? — perguntou, completamente confusa.

O termo lhe era estranhamente familiar, lhe dando a certeza de que já o ouvira o antes, mas não lembrava onde ou que significava. Por isso, também não compreendia porque sua rainha estava tão preocupada.

Davikah a encarou e rapidamente segurou suas mãos entre as dela, apertando com força moderada e acariciando com o polegar.

— A Lua de Sangue, ou Lua Vermelha, como preferir, é um evento raro, tanto, que a maioria das pessoas que já conheci passou toda uma vida sem jamais assistir ao fenômeno.

Davikah levava seu tempo para formar uma explicação que facilitasse seu entendimento.

— O que me preocupa, é sua influência sobre nós, Charlotte... ou melhor... sobre os ômegas.

Charlotte engoliu em seco. Ás vezes, ela odiava o fato de ter nascido na classe outrora considerado como o grupo mais inferior, mas sabia que isso era parte importante de quem ela era. Afinal, não era todo e qualquer ômega que conseguia derrotar um beta em um duelo, ou muito menos um alfa, e Charlotte tinha feito os dois no mesmo dia, em combates sequenciados. Antes disso, também tinha ganho de Faye em um dos últimos treinos antes da viagem até Bangkok.

Charlotte Austin não era uma ômega qualquer e as pessoas à sua volta estavam começando a ver isso.

— Sei que betas geralmente só sofrem influência da lua cheia, quando ficam mais fortes assim como os alfas e ômegas. Mas o que acontece conosco durante a Lua de Sangue? E por que afeta tanto assim os ômegas?

Davikah fez uma pequena careta enquanto pensava na resposta. Parecia tentar se lembrar de algo importante, porém aprendido havia muito tempo.

— A razão pela qual afeta tanto esse grupo em especial não é conhecida, pelo menos é o que os antigos textos dizem. Mas o que acontece em alguns casos está muito bem relatado.

Charlotte observou seu semblante se alterar um pouco mais a cada palavra dita, de modo que uma expressão clara de preocupação e receio transparecia sem precisar de esforço algum.

— A Lua de Sangue é a abertura de uma porta para... um lugar que não é bem conhecido.

Charlotte franziu o cenho. Davikah percebeu sua confusão, e tratou de explicar:

— Não é um local físico, Charlotte. Os relatos variam bastante, mas tem algo em comum em todos eles. Você sabe o que é?

Davikah já sabia que a ômega não tinha ideia do que ela estava dizendo, mas queria fazê-la pensar um pouco. Ela negou com a cabeça.

A dor intensa da transformação. Até onde sei, dizem que é tamanha que apenas duas possibilidades ocorrem: ou você é forte o suficiente para aguentar e se torna a versão mais forte e violenta de si mesma... ou não passa completamente pela transição e desmaia no processo. Em ambos os casos, aparentemente o lobo fica completamente fora de si.

Davikah sabia que a estava assustando mas não sabia como lhe dar essa informação de outra forma que não aquela. Amenizar situações nunca fora seu forte.

Charlotte apenas piscou, sem ideia do que deveria dizer ou fazer porque a verdade que tentava tão desesperadamente esconder era que achava que tudo aquilo era demais para qualquer pessoa aguentar. Sentia a respiração desregulada, o subir e descer de seu peito, e o ritmo frenético de seu coração, que era escutado em seus ouvidos.

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