Capítulo 16 - Protetora Interina

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Engfa Waraha
Tailândia
Phunket

— Quem estamos indo ver mesmo? — Engfa estava em cima de um cavalo de pelagem escura, e se virou para Davikah, que estava ao seu lado.

A rainha olhava fixamente um ponto à frente, onde o sol despontava preguiçosamente no horizonte, iluminando grossas nuvens acizentadas com alguns tons de amarelo e laranja. Ainda sim, a comandante duvidava que o dia ficasse completamente ensolarado, visto que, quanto mais ao norte seguiam, mais frio e escuro geralmente ficava.

— O nome dela é Isabella, mas a maioria de nós a chama simplesmente de Bella a pedido da própria — respondeu calmamente.

Davikah não precisava ser virar um único milímetro para saber que a expressão de Engfa havia se fechado. A alfa era ciumenta com as pessoas importantes para si, então como poderia reagir de outra maneira quando sua companheira estava na companhia de alguém que não era ela, mesmo que sem intensão?

Engfa tentou não demonstrar seu desconforto e apertou as rédeas do cavalo com um pouco mais de força enquanto pensava em alguma forma de conseguir mais informações sobre a tal Isabella sem deixar seu incômodo tão evidente.

— Quem ela é, Davikah? — perguntou, a impaciência claramente destacada em seu tom de voz.

Davikah se virou brevemente em sua direção com uma sobrancelha arqueada e sorriso quase zombeteiro. Estava achando graça da situação, e pensou que o ciúme de Engfa era merecido, embora justificável... ao menos naquela situação em específico.

— Ela é uma de nossas melhores curandeiras, Engfa. Se Bella encontrou e está cuidado de Charlotte, acredite em mim quando digo que ela está em boa mãos. — Davikah fez questão de não revelar a informação que Engfa mais queria descobrir.

A alfa cerrou a mandíbula e desviou o olhar, perdendo o pequeno sorrisinho satisfeito que surgiu nos lábios da rainha ao vê-la afetada com o jogo proposital de palavras.

Mew, que cavalgava alguns metros atrás, percebeu a intenção de sua mãe de coração e pressionou os dedos contra a boca para evitar que qualquer ruído soasse e alertasse Engfa de que a realidade era, ao menos em parte, bem diferente do que ela estava pensando. Ainda sim, gostaria de estar presente quando a alfa descobrisse que um dos seus principais temores, por outro lado, era bem real.

— Por que você acha que Charlotte retornou para Azgeda? — Engfa viu os ombros da beta tensionarem, como se estivesse desconfortável com a pergunta.

Isso também é algo novo... e bem preocupante. A mais velha evitou a pergunta por algum tempo. Se foram apenas alguns segundos ou longas horas, a alfa não soube dizer, mas também não a forçou a responder.

Quando se cansou de punir Engfa — um tanto quando injustamente, já que nada do que estava acontecendo era realmente sua culpa — Davikah suspirou e voltou-se novamente em sua direção. Dessa vez, contudo, a expressão da rainha estava tal qual uma máscara, perfeitamente colocada para esconder como realmente se sentia.

— Eu não sei, Engfa. Não pedi que fosse até lá já que meu povo sabe se comportar durante minha ausência. Meu clã é fortemente unido, e raramente temos qualquer conflito interno. Por fim, mas não menos importante: no dia que Charlotte e Mew encontraram o corpo no Rio de Gelo, eles conseguiram retornar para Bangkok no mesmo dia... não entendo o que foi diferente dessa vez, e tampouco consigo pensar em alguma razão que explique porque diabos Charlotte se embrenhou dentro de uma floresta na qual não se deve entrar sem o devido preparo.

Engfa arregalou os olhos ao ouvir a última parte. O temor que a acompanhava pareceu aumentar ainda mais ao ouvir o que a ômega tinha feito. Charlotte sabe que não deveria ter feito isso. Por isso que foi encontrada daquele jeito? Estava sendo punida? Mas se esse for o caso, por que ela foi até a lá?

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