Agitação

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Respiro afundo por alguns segundos e tomo coragem para arrastar meus pés pesados. Vou em direção ao carro e vamos todos para a casa do meu irmão mais velho.

Depois de algum tempo na estrada, chegamos à casa de Namjoon. O silêncio no carro era terrível, cada um de nós perdido em pensamentos, refletindo sobre tudo o que foi dito e, principalmente, sobre o que ficou por dizer.

Me culpo por não ter falado nada, meu peito dói como se estivessem furando ele várias e várias vezes. Não posso mais interferir na vida dela, não quero fazer isso novamente. Ela precisa estar com ele e não comigo.

E eu já tomei a minha decisão. Taehyung merece ser feliz dessa vez, sei que ele faria o mesmo por mim.

Ao entrar na casa, a primeira visão que temos é a de Taehyung e Namjoon sentados no sofá. Taehyung está com as roupas sujas de sangue, seu olhar caído fixo em um ponto distante no chão.

Ele está triste.

Estou distante, encostado na parede e com os braços cruzados. Vejo ela se aproximar dele com cautela, é visível. Ela está tão triste quanto ele. — Como você está? - pergunta ela, com a voz baixa. — Fiquei com medo de perder você hoje.

Meu coração se despedaça mais um pouco ao ouvir essas palavras.

Ele não levanta o olhar, seus olhos permanecem baixos, e o silêncio que segue é carregado de tensão e dor não expressada.

Namjoon e os outros observam a interação em silêncio, nossos olhos refletem com uma mistura de alívio e exaustão. A casa, normalmente um refúgio de segurança, parece mais sombria e opressiva à luz das recentes revelações.

Taehyung, com os ombros caídos e o semblante marcado pela tristeza, finalmente ergue o olhar para ela. Há uma batalha interna claramente visível em seus olhos, uma luta entre a dor e a necessidade de expressar o que sente. Ele hesita por um momento, como se estivesse buscando forças para falar, e então sua voz, embargada de dor, finalmente se faz ouvir.

— Você clamou por ele, Namjoon estava certo. - As palavras saem quase como um lamento, cada sílaba carregada de mágoa e desilusão. A dor em sua voz é palpável, um eco do tormento que ele sente por dentro.

Eu o encaro, imediatamente.

— E-eu... - ela tenta responder, mas as palavras falham. Eu não contei para ela o que havia acontecido naquele dia, como ela não lembrava, achei que não valeria a pena insistir nisso.

Namjoon se levanta e o encara , a tensão no ar aumentando. — Não pense dessa forma, eu estava errado. Ela não é a Anya.

Taehyung se levanta com um movimento brusco, a raiva emanando dele como uma onda. — Porra, ela clamou pelo JungKook! Caralho! - grita, sua voz cheia de dor e frustração.

Eu continuo em silêncio, permaneço imóvel apenas o observando, a minha expressão é fechada. A minha vontade é de matá-lo, como ele não pode perceber que ela não tem culpa? Como consegue jogar tamanho peso nas costas dela?

Nenhum de nós diz uma palavra, e o silêncio que se segue é quase ensurdecedor, carregado com o peso das emoções reprimidas e das memórias dolorosas.

Namjoon dá um passo à frente, sua postura defensiva, mas com um toque de desespero. — Precisamos nos acalmar e pensar com clareza. A última coisa que precisamos agora é mais desunião.

Taehyung se vira abruptamente, andando em direção à porta. — Claro, vamos todos fingir que está tudo bem. - Suas palavras são carregadas de sarcasmo e amargura.

Meu sangue ferve ao ver Taehyung sair da sala. A frustração e a raiva misturam-se em uma tempestade de emoções que mal consigo controlar. Seus passos pesados ecoam pelo corredor, um som que reverbera em minha mente como um chamado à ação.

Os sete pecados capitais | BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora