Atração

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SOPHIE

Acordei com a luz suave do amanhecer filtrando pelas cortinas pesadas que cobriam a janela do quarto. Meu corpo estava dolorido, e na minha cabeça parecia que havia uma bomba, pronta para explodir.

Pisquei algumas vezes, tentando afastar a sensação de entorpecimento, enquanto olhava ao redor. O quarto era grande e estranhamente acolhedor, com móveis sofisticados que exalavam uma elegância quase que antiga.

As paredes eram pintadas de um tom profundo de azul, criando uma sensação de mistério. No centro da parede oposta à cama, uma lareira de madeira estava elegantemente desenhada com formas abstratas, embora apagada, era fácil imaginar as chamas dançando ali, aquecendo o ambiente durante as noites frias.

A cama onde eu estava deitada era macia, os lençóis de seda tocavam minha pele como um suspiro suave, um contraste marcante com a realidade dura que me aguardava fora daquele refúgio temporário. Ao lado da cama, uma mesa de cabeceira sustentava uma luminária delicada e um pequeno vaso de cactos.

Respirei fundo, sentindo a fragância leve de de grama molhada que impregnava o ar, apesar do conforto e da beleza do quarto, não podia ignorar a sensação de urgência que pulsava em meu peito. Como eu cheguei até aqui?

Levantei-me da cama, os pés descalços tocando o chão frio. Cada movimento era uma luta contra a dor que irradiava de meus músculos cansados, mas a curiosidade e a necessidade de respostas eram mais fortes.

Olhei para o meu corpo e, de imediato, um choque percorreu minha espinha. O que vi era completamente inesperado. Em vez das roupas que eu usei na prisão, meu corpo estava coberto por uma blusa masculina, grande e larga. O cheiro de perfume que estava nela já havia respondido todas as minha perguntas.

Para minha surpresa, em vez de minha roupa íntima, eu estava usando uma cueca. A sensação estranha e desconfortável da cueca contrastava com o tecido suave das minhas roupas normais. Meu coração batia forte no peito, e uma mistura de ansiedade e conforto começou a correr em minhas veias.

Meus pensamentos processavam todas as informações que eu tinha, tentando lembrar o que havia acontecido antes de acordar assim.
Sem conseguir me segurar ainda mais, vesti um roupão de lã que estava pendurado na poltrona e fui até a porta.

Decidi sair do quarto e explorar a casa, à procura do homem ao qual me resgatou. Mesmo eu já tendo certeza de quem era.

Atravessei o corredor estreito e iluminado, sentindo a brisa fresca da manhã entrar pelas janelas abertas. O ar carregava o aroma reconfortante de ervas secas, uma mistura de alecrim, lavanda e hortelã que pairava suavemente no ambiente, criando uma sensação de calma e serenidade.

As paredes do corredor, revestidas de madeira envelhecida, refletiam a luz dourada do sol nascente, criando padrões de sombras que dançavam ao meu redor.

Meus passos ecoavam levemente no chão gelado enquanto me dirigia para a escada que levava ao primeiro andar. Ao alcançar o topo da escada, parei por um momento, observando a forma como a luz matinal se derramava pelos degraus.

À medida que descia, o som de vozes distantes e o clamor de atividades matinais começavam a se intensificar, trazendo à vida o ambiente abaixo. A cada passo, o cheiro das ervas misturava-se com outros aromas: pão recém-assado, café forte e um leve toque de terra úmida, todos se unindo em uma sinfonia olfativa que preenchia meus sentidos.

Ao chegar ao andar de baixo, fui imediatamente envolvida pela sensação acolhedora de uma simplicidade rústica na decoração. O ambiente era dominado por tons quentes de madeira e pedra, com móveis robustos e bem trabalhados que exalavam um charme atemporal. O som das vozes que eu havia escutado antes era da televisão, havia uma lareira acesa na parede oposta, seu brilho laranja dançando e projetando sombras trêmulas ao redor da sala.

Os sete pecados capitais | BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora